“Um povo tem futuro quando caminha com a força dos jovens e dos idosos”. A frase do papa Francisco envia uma mensagem a todos os cristãos: não há futuro para os jovens sem os idosos. As palavras foram proferidas pelo pontífice na viagem de Roma ao Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude realizada no Rio de Janeiro, no ano passado.

O envelhecimento da população brasileira ganhou força nos últimos dez anos. É o que revela a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad) de 2012, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O grupo de idosos, aqueles que têm mais de 60 anos de idade, já soma 23,5 milhões de brasileiros, mais que o dobro de 1991 quando a faixa-etária contabilizava 10,7 milhões de pessoas.

O novo quadro levanta um debate: em termos de assistência social, respeito, serviços públicos, o Brasil está preparado para acolher de forma digna o crescente grupo da chamada terceira idade? E a Igreja, dá a devida atenção aos idosos? A reportagem do Encontro Semanal foi a campo saber dos próprios idosos como eles se veem na sociedade.

Jaime e Waldivina Lôbo

Jaime de Oliveira Lôbo, de 82 anos, é barbeiro e toma conta de um salão em frente à sua casa, no Jardim América. Diz conviver todos os dias com uma família unida de cinco filhos e oito netos, mas lembra que o seu caso é uma exceção. “Vemos muitos idosos sendo maltratados pela própria família, lhe roubam o pouco salário da aposentadoria que mal dá para os remédios, o que é lamentável”, disse. Ele também fala com tristeza sobre os idosos que são abandonados em abrigos. “Sempre vemos idosos que passam a vida cuidando dos filhos para no fim serem abandonados em abrigos, sozinhos, deve ser muito ruim”.

A esposa, Waldivina Maria Lôbo, de 76 anos, é dona de casa. Para ela, é a própria sociedade e o Poder Público que precisam repensar os direitos dos idosos. “Os hospitais são lotados, os idosos estão nas filas e o desrespeito está por toda parte, muito ainda precisa ser feito para que os idosos vivam bem”, lamenta. Participante da Paróquia São Sebastião, no Setor Jardim América, Waldivina também observa que na Igreja, mais poderia ser feito pelos idosos. “Somos bem acolhidos, mas não há uma pastoral específica para os idosos e aqui no bairro nós somos a maioria”.

Pastoral da Pessoa Idosa

A base de trabalho da pastoral é visitar domicílios, orientar e acompanhar as pessoas idosas com o objetivo de resguardar o direito dessa parcela da sociedade. Na Arquidiocese de Goiânia, a Pastoral da Pessoa Idosa está em fase de organização, para alcançar mais paróquias. Atualmente, as paróquias Divino Espírito Santo, em Goiânia; Santa Bárbara, de Santa Bárbara (GO) e Divino Pai Eterno, de Trindade (GO), desenvolvem trabalhos. “Já tivemos a pastoral implantada em mais de 20 paróquias, mas estamos nos organizando novamente para conseguir um alcance mais efetivo”, disse o coordenador Elésio Divino da Fonseca. Para isso, a pastoral irá realizar uma Assembleia Arquidiocesana no dia 6 de dezembro, das 9h às 17h, no Centro Pastoral Dom Fernando (CPDF).

O Estatuto do Idoso, no artigo 3º, pontua os deveres da sociedade para com os idosos. “É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária”.

Dados da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, sobre o envelhecimento no Brasil, registram que 68,7% dos casos de violência contra idosos acontecem por negligência; 59,3% de forma psicológica e 40,1% por abuso financeiro, econômico e patrimonial. A violência física figura com 34%.

Abrigo de Idosos


Há 37 anos, o Abrigo de Idosos São Vicente de Paulo, do Setor Americano do Brasil, na capital, acolhe idosos que chegam ao local principalmente deixados por familiares ou pelos órgãos de assistência social do Estado e do Município. Com capacidade para abrigar 75 idosos, hoje o lar acolhe 66. Segundo a diretora administrativa da casa, a voluntária Emiuza de Menezes, a maioria vem de famílias sem condições de mantê-los com os cuidados adequados. “Muitas pessoas tem a impressão de que os idosos que aqui estão foram abandonados, mas poucos sabem que cuidar de um idoso tem um custo elevado que nem todas as famílias estão preparadas”, explica.

Adelaide Aparecida Clemente de Jesus, de 54 anos, foi deixada no a abrigo por uma amiga que nunca mais voltou ao local. Ela não tem contato com nenhum parente. Entrevistada, Adelaide disse que mora na casa há 15 anos, mas afirma que já está cansada e quer deixar o lugar. “Faz muito tempo que estou aqui, já gostei muito daqui, mas cansei e quero ir embora, morar sozinha”, declarou. Questionada se conseguirá viver sozinha, a mulher respondeu de maneira firme. “É difícil, não sei como será, mas vou tentar”.

Segundo a diretora Emiuza de Menezes, o abrigo gasta, R$ 1,5 mil por idoso e R$ 120 mil por mês, dinheiro que é arrecadado pela instituição mantenedora São Vicente de Paulo (SSVP) graças à doação das pessoas.

Região Centro-Oeste

Os idosos representam 10% da população. As mulheres são 51,2% e os homens são 48,8%. No quesito educação ainda temos a terceira maior taxa analfabetismo do país, 5,8%. 56% das pessoas com mais de 60 anos desenvolvem algum tipo de ocupação. Os idosos naturais da Região Centro-Oeste são 59,9%. Nessa faixa-etária, 13,8% moram sozinhos; os idosos que moram com mais três pessoas representa a maior porcentagem da região, 25,1%.

Fotos: Caio Cézar




Em 2030, os portadores de câncer no mundo deverão passar dos 20 milhões. Os dados são assustadores, mas podem ser revertidos com cuidados com a saúde: alimentação saudável, higiene e visitas rotineiras ao médico. Quando diagnosticada a doença, a fé, o apoio da família e dos amigos são essenciais para a cura do paciente.

Segundo o Instituto Francês de Pesquisa do Câncer, em 2012 foram registrados 14 milhões de casos de câncer no mundo, sendo que 8,2 milhões de pessoas tiveram mortes relacionadas à doença. Em 2030, os novos casos deverão passar de 20 milhões. Os dados são “alarmantes e preocupantes”, segundo a médica mastologista Dra. Deidimar Cássia Batista Abreu, que trabalha no Centro Brasileiro de Radioterapia, Oncologia e Mastologia (Cebrom), em Goiânia.

Ouvida pelo Encontro Semanal, a médica explica que as formas de prevenção e tratamento ao câncer, estão muito ligadas às regiões onde a doença é diagnosticada. Em países desenvolvidos, de acordo com ela, as pessoas podem desenvolver a doença por meio de poluentes, sedentarismo, dieta rica em gorduras e alimentos processados do tipo fast food. “Quando falamos em países desenvolvidos, vamos ter uma alta incidência da doença nos pulmões, próstata, mama e reto; nesses casos, a comida de má qualidade está muito relacionada”, explica.

Nos países subdesenvolvidos, por sua vez, os casos mais diagnosticados de câncer estão relacionados à falta de infraestrutura e aparato de prevenção existente em países em desenvolvimento. “Com a falta de saneamento e de medidas preventivas, vamos ter uma incidência maior de cânceres, como por exemplo, o de colo de útero, justamente por que não há uma prioridade em prevenir com a orientação, vacinação e outros”. O Brasil adotou a campanha de vacinação contra o HPV (Papiloma Vírus Humano), vírus responsável pelos casos de câncer de colo de útero neste ano. Na primeira campanha, foram contempladas meninas entre 11 e 13 anos. No próximo ano, a idade irá abranger as idades 9 a 11 anos.

Por ser um país em desenvolvimento, a Dra. Deidimar salienta que o Brasil é acometido por tipos frequentes tanto em países desenvolvidos e subdesenvolvidos, variando de região para região. Além dos casos citados, ela ressalta a alta incidência de câncer de pele, por ser o Brasil “um país tropical em que as pessoas estão expostas ao sol a maior parte do ano”.

Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) de 2012, apontam que esse tipo de câncer é mais comum em pessoas adultas com picos por volta dos 40 anos de idade. Em 2012, houve 62.680 novos casos de câncer de pele em homens e 71.490 em mulheres. Na região Centro-Oeste, para cada 100 mil pessoas, 124 homens e 109 mulheres tiveram a doença. “Para esse tipo, a prevenção pode ser feita com o uso de protetor solar e evitando a exposição ao sol nos horários das 10h às 16h”, adverte a médica.

O cancerologista José Carlos de Oliveira, da Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG) explica que para tratar antecipadamente o câncer, é preciso estar atento aos sintomas. “Uma pessoa com idade mais avançada, apresenta rouquidão; um fumante apresenta um tumor na laringe; um paciente pode ainda apresentar lesão na boca, nódulos nos seios, ferida que não cicatriza, dificuldades e dor na alimentação, sangramento nas fezes; tudo isso é preciso ser observado, e encaminhado ao médico, pois esses sintomas podem estar relacionados a algum tipo de câncer”.

A fé no tratamento do câncer

O comerciário José Gabriel Ferreira Canedo, de 51 anos, foi diagnosticado com câncer de esôfago, em julho deste ano. A forma como a família dele descobriu a doença, “por acaso”, através de consulta rotineira, foi, segundo ele, “uma indicação de Deus no tratamento precoce da doença”. Gabriel disse que o diagnóstico dos médicos confirmou que ele tem 99% de chances de cura. “Mesmo que não tivesse essa probabilidade, eu já estava preparado na fé; minha condição espiritual me deixa muito tranquilo quanto ao enfrentamento da doença”, disse ao Encontro Semanal.

A família de Gabriel também foi indispensável para que ele enfrentasse a doença. A esposa Gislana Machado Canedo, de 46 anos, no primeiro momento ficou com medo, já que o esposo não é o primeiro caso na família. A filha, Tainara Nascimento Canedo, de 24 anos, vê na Igreja um pilar fundamental no enfrentamento do câncer. “Deus colocou essa doença na nossa família para gente dar testemunho dela; é um motivo a mais para agradecermos pela vida e pela nossa união; vemos as pessoas em corrente de oração por nós”, frisa. Em apoio ao pai, a jovem raspou a cabeça no dia em que Gabriel foi diagnosticado com a doença, fato que foi motivo de alegria para a família e amigos.

Desde 1998, a Pastoral da Saúde atua na Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, realizando momentos de oração, missas e celebrações da Palavra com os pacientes. A coordenadora dos trabalhos, Maria de Lourdes, diz que o papel da pastoral é oferecer um ombro amigo aos pacientes. “Nós ouvidos tudo o que eles têm a nos dizer, sempre rezando com eles e meditando a Palavra de Deus”.

Além da fé, do apoio da família e dos amigos, também é de fundamental importância, o trabalho de psicólogos junto às famílias e ao portador de câncer, segundo o coordenador de psicologia da Santa Casa, Roberto Ribeiro de Moura. “O paciente de câncer não perde só a saúde, mas papéis na sociedade, o direito de estar com o outro, de estar inserido na sociedade e até de não entrar em contato pela imunidade baixa e perda de cabelo. Nós trabalhamos com a família e os pacientes as maneiras de como lidar com o diagnóstico”, diz Roberto.

Pastoral da Sobriedade

Juliana Lemos (médica) e Douglas com leucemia
Por ser o álcool e o tabagismo vícios que aumentam os riscos de as pessoas terem câncer,
principalmente de esôfago, boca, mama e laringe, a Pastoral da Sobriedade, na Arquidiocese de Goiânia, trabalha no sentido de prevenir e recuperar a pessoa humana da dependência química, à luz dos ensinamentos de Cristo. Um dos pilares da Pastoral é a prevenção que, segundo o assessor eclesiástico da Pastoral da Sobriedade, padre José Paulo dos Santos, “é a forma mais eficaz de proteger contra o uso de drogas”.  Mais informações pelo telefone (62) 9613-4102 ou pelo e-mail jospaoollo@hotmail.com

São Pelegrino, protetor dos portadores de câncer

O protetor dos portadores de câncer é o santo italiano, São Pelegrino Laziose (1265 – 1345), que ficou assim conhecido por ter sido acometido pela doença por volta dos 60 anos de idade, consequência de um estilo de vida sacrificado. Uma chaga maligna se apossou de sua perna direita e, sem nenhuma chance de cura, o médico se viu obrigado a amputar o membro para salvar a vida de São Pelegrino. Ao se prostrar aos pés da cruz e clamar pela cura daquela doença maligna, Pelegrino foi envolvido num êxtase tão profundo que viu Jesus descer da cruz pintada na parede e tocar sua  perna doente. Ao acordar, mandou chamar o médico, que constatou que havia ocorrido um verdadeiro milagre, pois a perna estava totalmente curada e não precisava ser amputada. O santo morreu aos 80 anos de idade, vítima de uma febre desconhecida.


Tradição cristã milenar, o Dia de Finados é o momento de celebrar a esperança na vida eterna, sobretudo, a vitória do amor de Deus. Conforme explica o Catecismo da Igreja Católica, para além do entendimento humano, a morte ultrapassa a nossa imaginação e só se torna acessível aos que creem. Por isso, o Dia de Finados é dedicado à esperança, à fé e à caridade.

Neste fim de semana, a Igreja comemora o Dia dos Fiéis Defuntos, mais conhecido como Dia de Finados. A data, antiquíssima, remonta ao século VII, quando cristãos começaram a visitar túmulos de mártires e a rezar pelos mortos em Sevilha, na Espanha, e na Alemanha, no século IX. Já a comemoração oficial dos falecidos é devida ao abade de Cluny, Santo Odilon, em 998. Em Roma, a data só viria a ser celebrada por volta de 1311, quando foi sancionada oficialmente a memória dos falecidos.

São João Crisóstomo (349-407), bispo e doutor da Igreja, já no século IV, recomendava orar pelos falecidos. “Levemos-lhe socorro e celebremos a sua memória... Por que duvidar que as nossas oferendas em favor dos mortos lhes leva alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer as nossas orações por eles”. A tradição da Igreja também tem registrado o ensinamento sobre a oração pelos mortos com Tertuliano (220) e São Cipriano (258), bispos de Cartago, um dos principais centros do cristianismo no século III.

No século XIII, o Dia de Finados passou a ser comemorado em 2 de novembro, logo depois da Festa de Todos os Santos. A Igreja encontra respaldo para rezar pelos falecidos no livro de II Macabeus 12, 43-46. “Eis por que ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos do seu pecado”, diz um trecho da citação.

“Creio na Ressurreição da carne”

O Catecismo da Igreja Católica, por sua vez, ensina que os cristãos devem acreditar que assim como Cristo, depois da morte, aqueles que morreram na amizade do Pai também viverão para sempre com Jesus ressuscitado. Assim, toda a base da fé cristã está nesse ensinamento. “Ele, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós” (Rm 8, 11). “É por crer nessa verdade que somos cristãos”, reitera o Catecismo. O mesmo livro também explica que a morte é o fim da peregrinação terrena, condição necessária para ressuscitar. O livro de II Timóteo 2, 11, faz a seguinte promessa: “É digna de fé esta palavra: se tiverdes morrido com Cristo, também com Ele viveremos”. Essa é a visão cristã da morte contemplada na liturgia da Igreja no momento da lembrança dos mortos, na santa missa e no Ofício Divino.

No entendimento do reitor do Seminário Maior São João Maria Vianney, padre Júlio César Gomes Moreira, a dor é inevitável quando uma pessoa perde um ente querido, mas ele ressalta que existem formas na fé de superar a tristeza. “É normal senti-la em toda sua crueza, permitindo-se derramar as lágrimas da triste saudade, mas não parar nela, isto é, não se deixar paralisar, permitindo-se continuar assumindo responsavelmente a própria vida, como dom que nos foi dado, lembrando também o que a fé nos revela: ‘com a morte a vida não nos é tirada, mas transformada’”, explica.

Marina Ferreira, de 50 anos, todos os anos visita o cemitério Parque, no setor Urias Magalhães na capital. Além de uma tradição religiosa, o Dia de Finados é para ela uma data importante de assistência espiritual aos falecidos e às famílias. “As pessoas sofrem com a perda de seus entes queridos e nesse dia podemos confortá-las, amenizar o seu sofrimento, com o evangelho de Jesus”.

Orientação cristã

Segundo o bispo auxiliar de Goiânia, Dom Waldemar Passini Dalbello, o Dia de Finados deve ser orientado pela fé, pela caridade e pela esperança cujo sentido é o próprio Cristo. “Esperamos que o perdão dos pecados por Ele merecido seja aplicado aos que o acolheram pela graça da fé e já foram chamados à presença de Deus. Outra característica da espiritualidade desse dia é a caridade. A oração fervorosa pelas almas do purgatório é um ato de grande amor, de grande caridade”.

Outro ponto que deve ser observado, segundo o bispo auxiliar, é a preparação que todo cristão deve nutrir para a realidade da morte. Ele explica que a preparação passa pelo “desapego progressivo de tudo aquilo que é diferente do amor” e que isso é conseguido através de renúncias diárias que libertam do egoísmo, da vaidade e do orgulho. “O amor ao próximo é princípio de céu na história”, ressalta.

Dom Waldemar também deixa uma mensagem de conforto às pessoas que veem a morte de forma incômoda. “Os parentes e amigos que já partiram desta vida e estão em Deus são felizes, de modo superior a qualquer felicidade terrena. Pode-se, portanto, com algum esforço, alegrar-se pela alegria que eles experimentam”.

Missão Esperança


Ao longo do Dia de Finados, missionários da Pastoral da Esperança estarão a postos nos cemitérios da capital e da região metropolitana organizando assistência religiosa. O trabalho é desenvolvido anualmente pela Arquidiocese de Goiânia. “Com essa ação, a Igreja se faz presente nos cemitérios organizando celebrações, acolhimento e momentos de oração”, explica o coordenador da Pastoral, padre Elenivaldo Manoel dos Santos.


A família Vicentina se espalhou por todo o mundo e hoje está presente em 148 países. O seu papel é evangelizar e cuidar com ações de caridade das famílias que mais precisam. Na Arquidiocese de Goiânia, 193 grupos levam adiante esse trabalho. Conheça.

Levar a Palavra de Deus às famílias e o “pão” às pessoas que mais precisam. Esse é o lema dos integrantes da Sociedade São Vicente de Paulo (SSVP), obra social que tem mais de 170 anos no mundo e está presente no estado de Goiás há 76.

Na Arquidiocese de Goiânia, a primeira conferência ou grupo foi fundada em 1938; hoje existem 193 conferências (grupos) e cinco conselhos centrais, sendo Vicente França Ferreira, de 49 anos, presidente do Conselho Metropolitano.

“Nosso trabalho é manter os membros praticando uma vida verdadeiramente cristã, por meio da oração e da meditação da Palavra de Deus e mantendo a fidelidade à Igreja, mediante exemplos e conselhos mútuos”, disse.

Além disso, é dever dos Vicentinos, segundo manda a regra universal da obra, desenvolver obras caritativas e visitar os pobres em seus domicílios levando-lhes socorros espirituais e materiais.

Para conhecer de perto o trabalho desenvolvido pelos vicentinos, a nossa reportagem visitou o Conselho Particular da Paróquia Bom Jesus, no Setor Jardim Novo Mundo, na capital, integrado por quatro conferências, sendo uma do Setor Bela Vista. “Hoje nós assistimos 100 famílias, já cadastradas, por meio de evangelização, cestas básicas e ajuda na construção de moradias, tudo feito com doações”, explicou a consócia Maria José.


Sr. João Batista Moreira Neves (camisa azul), é vicentino há mais de 30 anos
No alto dos seus 90 anos, o Sr. João Batista Moreira Neves, é vicentino há mais de 30 anos. Com o dom da carpintaria, ele dedica o seu tempo confeccionando cadeiras de madeira para doar às famílias. “Já distribuí mais de três mil cadeirinhas para as pessoas”, comenta. Ele também arrecada alimentos e enxovais para bebês, com a filha Rita de Cássia, que mantém uma ação colaboradora em prol da Sociedade São Vicente de Paulo.

Em uma breve visita, a nossa reportagem conheceu algumas pessoas que já foram beneficiadas com as ações dos vicentinos. Teresa Pereira dos Santos, de 78 anos, é uma delas. Há 15 anos ela ganhou uma pequena casa de quatro cômodos, construída pela SSVP. “Eu sempre sonhei com o meu cantinho e não tinha condições financeiras; os vicentinos apareceram em minha vida, fizeram esse trabalho e saí do aluguel”, conta com um sorriso no rosto.

Vicentinos no mundo

Em 45 mil grupos intitulados de Conferências, cerca de 720 mil membros, conhecidos como confrades (homens) e consócias (mulheres), os vicentinos estão espalhados em 148 países. A obra social começou com o jovem francês Frederico Ozanam e ajuda, há mais de 170 anos, milhões de pessoas no mundo inteiro. O santo, Vicente de Paulo, que viveu no século XVII, é o patrono da obra, sempre lembrado pela inspiração do amor a Deus e aos pobres e pela criação de diversas ações de caridade.

O maior número de vicentinos do mundo está no Brasil; aqui a instituição nasceu em 1872, com a Conferência São José, no Rio de Janeiro. O país conta com cerca de 250 mil voluntários, organizados em 20 mil Conferências e 33 Conselhos Metropolitanos. Além de homens e mulheres, as Conferências Vicentinas são formadas também por crianças e adolescentes. Os grupos se reúnem semanalmente para debater e sugerir maneiras de atender as famílias carentes, que são cadastradas após sindicância socioeconômica.

Luciamara Duarte Orsolon - Curso de Costura Industrial
A partir desta edição, o Jornal Encontro Semanal apresenta uma série de ações sociais que mudam e melhoram a vida das pessoas. São atividades desenvolvidas na Arquidiocese de Goiânia que visam colaborar para uma sociedade mais justa e igual para todos.

Há 56 anos, o Centro de Assistência Social de Campinas (Casc), iniciativa da Paróquia Nossa Senhora da Conceição (Matriz de Campinas) e Organização Não Governamental (ONG), de utilidade pública municipal e estadual, presta assistência e beneficência às pessoas necessitadas, nos planos social, educacional, cultural e assistencial.

O Casc é uma das várias obras sociais da Arquidiocese de Goiânia que o Jornal Encontro Semanal passa a apresentar. Tem como missão melhorar a qualidade de vida das famílias de baixa renda, buscando restaurar a dignidade, por meio de uma assistência contínua e responsável prestada nos diversos projetos existentes que assistem crianças acima de seis anos, adolescentes, jovens e idosos, além de pessoas em situação de rua e gestantes.

A coordenadora da ONG, irmã Maria José de Oliveira (Irmã Mazé), diz que são atendidas cerca de 1500 pessoas por mês, por várias atividades e ações como programas de apoio psicossocial às gestantes; projetos de assistência às pessoas em situação de rua e flanelinhas; oficinas de artesanato e promoção às famílias de baixa renda; doação de cestas básicas e remédios; bazar de roupas novas e usadas; assistência psicológica, psicopedagógica, fonoaudióloga, médica, nutricional e jurídica, e cursos de informática e costura industrial.

Para dar conta de tudo isso, colaboram mais de 50 profissionais voluntários e cinco funcionários contratados, entre eles os professores dos cursos de informática e de costura industrial que trabalham no Casc mediante uma parceria firmada com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

Além da parte técnica, a obra também preza a formação humana dos seus alunos, conforme explica Irmã Mazé. “Sabemos que outras organizações desenvolvem cursos excelentes na parte técnica, mas é de conhecimento de todos que eles também são muito caros e não contam com o cuidado que temos de formar as pessoas para a vida; o relacionamento que desenvolvemos entre alunos, professores e instituição é o nosso diferencial”.


Celma Aparecida da Silva Camilo, de 49 anos, trabalha na área administrativa da Secretaria de Educação do Estado. Decidiu fazer o curso de informática do Casc, após sentir dificuldades em desenvolver tarefas no computador. “Eu preciso fazer tarefas pontuais, mas não tinha familiaridade com a máquina”, conta. Depois de fazer o curso, que foi concluído no último dia 10, isso mudou. “Agora me sinto preparada e já tenho feito bastantes trabalhos que não conseguia antes; o curso superou minhas expectativas”, comemora.

No curso de costura industrial, chamaram atenção a disposição e os objetivos da aluna Armerinda Augusta Justina, de 63 anos. Ela já é bisavó e concluiu a formação para ensinar as netas que, devido ao trabalho, não têm tempo de estudar. “Nossa vida não para e precisamos ter fé, acreditar e ajudar aqueles que querem ter uma profissão; e eu estou aqui para ensinar minhas netas que querem ser costureiras profissionais”. Agora, ela pretende fazer o curso de modelagem no qual irá aprender a tirar medidas e cortar as peças para montar as roupas. Luciamara Duarte Orsolon, 35 anos, pretende montar o seu próprio negócio em breve. “O meu sonho, e do meu esposo, é montar a nossa empresa de confecção de roupas e agora falta pouco, pois com essa formação estamos vencendo mais uma etapa”, disse.

A professora do curso de costura, Maria de Lourdes, se emociona ao falar do trabalho social desenvolvido pelo Casc. “As pessoas que estão aqui precisam e, com a vontade que têm, conseguem vencer e entrar no mercado de trabalho; os cursos são muito bons e eu me sinto muito feliz em poder fazer parte de um projeto que muda a vida das pessoas”.

Como colaborar

O Casc não tem nenhum incentivo do Poder Público. Ele é totalmente mantido por  iniciativas próprias, como o bazar de roupas, e da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, do Setor Campinas. O Centro de Assistência Social fica na Rua Senador Morais Filho, Qd. 15, Lote 01, nº 884, no Setor Campinas, em Goiânia. Contatos: (62) 3533-5321. E-mail: cascmatriz@hotmail.com

Fotos: Caio Cézar


Cristãos e outras minorias religiosas têm poucas opções: a morte, renunciar à sua fé e se converter forçadamente ao Islamismo, pagar enormes quantias em dinheiro aos extremistas ou fugir. A última tem sido a mais viável. Até agora mais de 100 mil cristãos já deixaram os seus lares em busca de paz. “Felizes os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5, 10-11)

“Fugimos dos bombardeios sem nada, apenas com a roupa que vestíamos. Andamos durante horas no escuro e as crianças choravam de fome”. Essa frase é o trecho do testemunho de uma jovem cristã, grávida e mãe de três filhos, em fuga por medo dos extremistas islâmicos no Iraque. Ao todo, mais de 100 mil cristãos tiveram de deixar os seus lares, fugindo da perseguição dos radicais. Em algumas localidades, para quem não consegue fugir, as opções são a morte ou a conversão forçada ao Islamismo ou o pagamento de enormes quantias.

Os cristãos e outras minorias religiosas, no Iraque e em outros países como Síria e Turquia, são os mais afetados pelo grupo Estado Islâmico (EI) denominação de postura radical e violenta que espalha o terror no Oriente Médio, com o objetivo de criar um estado sunita, em um território na fronteira do Iraque com a Síria, governado com base na lei islâmica, a Sharia.

Na visão do professor doutor Alberto da Silva Moreira, do Núcleo de Estudos Avançados Religião e Globalização, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC GO), a conjuntura religiosa é considerada “catastrófica, de extrema calamidade e delicada”. Isso porque além do EI, os conflitos envolvem ainda outros grupos em todo o Oriente Médio. “Na Síria, enfrentam-se diversas facções muçulmanas; em Israel, temos o bombardeio de Gaza; no Afeganistão, os talibãs já declararam apoio ao EI”. Ele explica que as religiões, nesse cenário, tem um papel fundamental.  “Os líderes religiosos precisam assumir uma tarefa pedagógica urgente, que é educação para a convivência pacífica entre religiões. O caminho é a prevenção, é o estabelecimento de pontos de contato, de troca de visitas, de engajamento em comum em vista de problemas comuns”.

Dados das Nações Unidas apontam que o número de cristãos no Iraque diminuiu em 80% nos últimos dez anos, vítimas do grupo jihadista Estado Islâmico. O medo toma conta das principais cidades do Iraque e da Síria. Neste último, o grupo tenta tomar a cidade de Kobane, defendida com dificuldades por combatentes curdos (grupo étnico que se considera nativo de diversos países no Oriente Médio) que são inferiores em número e armamento.

A Turquia promete enfrentar o EI.  Enquanto isso não acontece, os curdos estão sendo massacrados. Idris Nahsen, um dirigente local curdo, fez a seguinte declaração à agência de notícias AFP. “Desde o dia 16 de setembro defendemos Kobane. Estamos sozinhos. Pedimos à comunidade internacional que se una a nós nesta batalha contra o terrorismo e nos forneça armas e munições”, disse. “É um massacre cometido diante dos olhos do mundo inteiro”, afirmou outra testemunha, Burhan Atmaca.
“O mundo permanece em silêncio enquanto os curdos são massacrados”, denunciou.

Assim que conquista um novo território, o EI impõe a interpretação radical do Islã como aconteceu no dia 10 de junho com Mossul, cidade que fica no norte do Iraque. Essa imposição é o que mais tem matado cristãos que se negam a abandonar a sua fé. O papa Francisco, por diversas vezes tem chamado a atenção da Comunidade Internacional acerca da perseguição aos cristãos. Ao patriarca da Igreja Católica Assíria do Oriente, Mar Dinkha IV, o pontífice declarou que aquele encontro era marcado “pelo sofrimento que compartilhamos, por causa das guerras que estão atravessando o Oriente Médio”. Ele disse também que “não há razões religiosas, políticas ou econômicas que possam justificar o que está acontecendo a centenas de milhares de homens, mulheres e crianças inocentes”.

A Comunidade Internacional tem trabalhado no sentido de conter o avanço do Estado Islâmico. A coalização liderada pelos Estados Unidos oferece logística e treinamento militar às tropas iraquianas. Para o professor e doutor em geografia humana, da Universidade Federal de Goiás (UFG), essa é uma postura “intermediária”, justamente porque a situação não é facilmente contornável. “Não intervir significa permitir a atuação de outros grupos radicais islâmicos; por outro lado, intervir pode significar um envolvimento caro e penoso no que se refere a perdas de vidas humanas e gastos militares”.

Os jihadistas, por sua vez, têm respondido com mais violência. No dia 14 de setembro, o EI reivindicou a terceira decapitação de um ocidental em menos de um mês. Por último aconteceu com o agente humanitário britânico David Haines, sequestrado na Síria. Um vídeo de pouco mais de dois minutos, intitulado “Uma mensagem aos aliados dos Estados Unidos”, os extremistas ameaçam executar outro refém britânico, Alan Henning.

Para o Arcebispo de Goiânia, Dom Washington Cruz, a perseguição chega a níveis humanamente insuportáveis. Ele lembra que de novo o mundo assiste às histórias que marcaram a vida cristã nas origens da Igreja, nos primeiros séculos. “Somente a força que provém de Cristo, Senhor da Igreja, faz que tantos leigos, religiosas, bispos, padres e diáconos continuem suportando pacificamente na própria carne tanto ódio, com espírito verdadeiramente evangélico”. Ele ressalta que a Igreja quer diálogo. “A Igreja não força ninguém a se converter ao Cristianismo, como o fazem algumas correntes radicais; o que queremos é uma relação de respeito, que, como sabemos, será resultado de um amplo processo de diálogo”.

Mesmo com as ações dos radicais islâmicos ganhando destaque mundial, o professor Hoffmann, da UFG, acredita que o EI não conseguirá destruir a diversidade cultural do Oriente Médio, muito menos se expandir por todo o mundo. “Dificilmente haverá um evento com características de genocídio, pois, prontamente a coalização de potências reagiria”. De acordo com ele, os extremistas querem o controle de pontos estratégicos e não grandes extensões de terras, o que segundo ele, é denominado “conflitos assimétricos”, ou seja, o objetivo dos radicais é envolver estados e atores não estatais.
O professor Alberto também acredita ser difícil o EI crescer, mas se isso acontecer, ele diz que o grupo pode possivelmente formar uma unidade político-administrativa na região entre o Iraque e a Síria. “Se chegar a isso, o próximo passo seria a invasão do Líbano e, muito depois, por último, a guerra contra Israel. Aliás, esse é justamente o objetivo dos seus dirigentes. O Estado teria no petróleo sua principal e grande fonte de riqueza, mas também na agricultura”.

Ajuda emergencial

Com o tema “Perseguidos, mas nunca esquecidos”, a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) realizou, nos dias 6 a 9 de outubro, a Jornada Internacional de Oração pelo Oriente Médio. A iniciativa aconteceu em várias cidades brasileiras. A AIS já enviou também mais de R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais) desde junho, aos cristãos perseguidos no Iraque. Uma equipe do projeto está instalada naquele país para fazer as doações que chegam. As necessidades são diversas, mas as mais urgentes são água, alimentos e remédios. É importante o envio do comprovante ou repasse das informações (valor e data da doação) através do e-mail ajudairaque@ais.org.br.

Mais informações sobre o projeto e as contas para depósitos no site http://www.ais.org.br/ 

O mundo se une aos cristãos iraquianos perseguidos

Ao acessar redes sociais como o Facebook e o Instagram, por exemplo, você poderá se deparar com este símbolo: ن. Trata-se de uma letra árabe, o “nome”, que corresponde à letra “N” do alfabeto latino, que significa nazareno. Cristãos em todo o mundo manifestam com a insígnia, apoio aos iraquianos perseguidos por fanáticos do Estado Islâmico. Ao adotar o símbolo, as pessoas também declaram: “somos todos cristãos iraquianos”. Naquele país, os cristãos tiveram de escolher entre a conversão imposta, a fuga ou a morte e, para identificá-los, os extremistas marcaram todas as casas dos cristãos, muitas vezes com o símbolo escrito com um círculo. Pela primeira vez em dois mil anos não existe nenhum cristão em Mossul, cidade no norte do país, cerca de 400 km de Bagdá, capital do Iraque.


A história da Igreja registra que os grandes missionários foram pessoas capazes de deixar o próprio conforto, o estilo de vida comum, para se doar ao próximo e aos projetos de Deus. Temos exemplos desse compromisso na Igreja de Goiânia, mas a realidade mostra que é preciso mais.

O estado permanente de missão supõe que a comunidade cristã tenha consciência de que ela é por sua natureza missionária (CNBB/Doc.100)

Missão pressupõe sair, renunciar ao egoísmo, ao comodismo e “lançar as redes para a pesca” (Lc 5,4-5). O decreto Ad Gentes (Para os povos), escrito pelo papa Paulo VI em 1965 exorta: “A Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária, visto que tem a sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na ‘missão’ do Filho e do Espírito Santo”.

A essência da Igreja é missionária e cabe a ela arriscar mais, ver novos horizontes, confrontar com um mundo em que 70% da população ainda não conhece Jesus Cristo, mesmo que para reverter esse quadro seja preciso se submeter a situações de desconforto e insegurança.

A Arquidiocese de Goiânia, que tem uma população estimada em 2,3 milhões de habitantes, conta com a presença de missionários vindos de outros países. É o caso do monsenhor Jean Auguste Louis Biraud, sacerdote francês que chegou ao Brasil em 1969, aos 49 anos de idade. Naquela época, havia muitos padres na Europa e era comum a maioria se tornar missionário em países distantes como a Índia e o Brasil, além de países do continente africano.

“O bispo da Diocese de Luçon, na França, se preparava para me transferir para outra paróquia e eu pedi para servir nas missões”, relembra o monsenhor. Ele respondeu ao chamado que o acompanhava desde os tempos de seminário. No mesmo navio, veio com ele mais 32 jovens missionários, entre leigos, religiosos e sacerdotes. Depois de ficar quatro meses em Petrópolis (RJ), estudando a língua portuguesa, segundo ele a maior dificuldade que encontrou no Brasil, chegou enfim a Goiânia.

Para o monsenhor Jean, não há “grandes” explicações quanto aos motivos que o levaram a se doar pelas missões. “Simplesmente eu queria me doar pelas pessoas mais pobres de alguma forma. Não fui feito para viver na França e com muita insistência consegui me tornar missionário”. O papel do missionário, segundo ele, se resume em “ficar muito próximo do povo, proporcionar o encontro com as pessoas, celebrar com as pequenas comunidades e viver de verdade a Palavra de Deus”.

Há 22 anos no Brasil, a italiana irmã Amélia Biolchi é religiosa do Instituto Abrigo Coração de Jesus.

Ao comentar sobre a escolha de se tornar missionária, ela explica que se trata de uma decisão do próprio Deus, e que consiste em seguir os passos de Jesus. “Quando foi preciso, Jesus saiu, foi lá e deu esperança e vida ao povo, assim também nós, cristãos, precisamos ser essa presença missionária no mundo”. Desde que chegou ao Brasil, a religiosa sempre atuou na Arquidiocese de Goiânia. A missão, para ela, significa “tornar mais conhecido o amor de Deus, anunciar a justiça e libertar os oprimidos”.

Mais recentemente, em 2008, chegou à Arquidiocese de Goiânia o também italiano monsenhor Carlo Tessari, 70 anos, pároco da Paróquia Santa Clara e São Francisco de Assis, no município de Aparecida de Goiânia. O sacerdote está no Brasil desde 1979, quando tinha 36 anos. Conhecer a experiência de amigos no sertão pernambucano o fez também querer tonar-se missionário. Ao lançar o seu primeiro olhar sobre aquela realidade, constatou como o povo vivia. “Era uma situação de pobreza, de carência de padres e com isso surgiu o desejo de servir à Igreja no Brasil”. Além de Goiânia, ele trabalhou por 18 anos na Diocese de Afogados da Ingazeira (PE), de 1979 a 1991; passou por uma rápida experiência na ilha de Marajó (PA), retornando àquela diocese pernambucana nos anos de 1996 a 2001. A Igreja de Goiânia, na visão dele, vive uma dimensão missionária permanente, com grandes periferias que precisam ser evangelizadas e revitalizadas. Para isso, é necessário um despertar vocacional missionário. “A Igreja precisa olhar a imensidão da messe que ainda não conhece Jesus salvador e as urgências pastorais locais não podem fechar o olhar para o tamanho universal do horizonte missionário”.

Números

A realidade da Igreja no mundo é outra, totalmente diferente daquela que o monsenhor Jean Biraud encontrou quando deixou a França. Dados da Agência Fides para o Dia Mundial das Missões de 2011 dão conta de que o número de sacerdotes no mundo aumentou em 1.427 em relação a 2010, chegando a 410.593. Mas na Europa, eles vêm diminuindo gradativamente. Em 2011 houve uma queda de 1.674 sacerdotes. Os religiosos não sacerdotes também diminuíram em 445 e os seminaristas maiores, aqueles que estudam filosofia ou teologia, também, em 347.

Sobre essa nova realidade, irmã Anna Maria Buchini, religiosa italiana que está no Brasil há 20 anos, e na Arquidiocese há oito, diz que a Igreja particular de Goiânia, precisa se preocupar. “A Igreja de Goiânia tem crescido muito ao longo de sua história missionária. Recebeu muitos missionários e hoje é capaz de lançar as redes em outros mares, deixando que outras cidades recebam missionários”. Goiânia tem hoje cerca de 40 missionários estrangeiros, sendo 20 mulheres (irmãs religiosas) e 19 homens (sacerdotes).

A Igreja não tem números exatos catalogados sobre a quantidade de missionários estrangeiros no Brasil. O Centro Cultural Missionário (CCM) de Brasília (DF), organismo de formação missionária ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) informou que em 2013 passaram por aquela casa 633 missionários. As Pontifícias Obras Missionárias (POM), organismo oficial da Igreja para a animação e cooperação missionária universal, faz um levantamento de missionários brasileiros no exterior. Até o momento foram catalogados 1.200. Estima-se que eles sejam em torno de 1.500 e que de 80 a 90% deles sejam religiosas.

Campanha Missionária 2014

Todos podem fazer a sua parte em prol das missões no Brasil e no mundo. As POM anualmente realiza a Campanha Missionária no mês de outubro. Neste ano, o tema é “Missão para libertar” e o lema “Enviou-me para anunciar a libertação” (Lc 4,18), em consonância com a Campanha da Fraternidade que questiona a realidade do tráfico humano. Com a Campanha Missionária, as POM juntamente com todas as dioceses do Brasil, quer intensificar as iniciativas de informação, formação, animação e cooperação, além de despertar para a vida e as vocações missionárias.

A coleta para fins missionários, de sustento das atividades de promoção humana e de evangelização em todos os continentes, acontece em todas as paróquias no fim de semana do Dia Mundial das Missões, dias 18 e 19 de outubro. O dinheiro coletado nesses dias deve ser revertido totalmente para a causa.






Família cristã sem abrir mão de uma vida normal

Qual é o momento ideal para ter um filho? O que é necessário possuir, em termos de poder aquisitivo e formação, para enfim dar início à própria família? Quando de fato o casal está preparado para dar esse passo tão importante? As questões são inúmeras e requerem atenção aos projetos de Deus. Além disso, há também a cobrança da família, dos amigos e da sociedade.

Diante de tantas direções que o mundo nos impõe, temos assistido cada vez mais, na sociedade, a queda da taxa de natalidade. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 1960 e 2005, o número de filhos por mulher caiu de seis para dois no Brasil. No mundo, a regulação da taxa de natalidade é feita principalmente através dos métodos artificiais contraceptivos.
O primeiro e mais importante documento da Igreja Católica sobre a regulação da natalidade, Humanae Vitae (Da Vida Humana), escrito pelo papa Paulo VI, explica que o amor fecundo não se esgota na comunhão entre os cônjuges. “O matrimônio e o amor conjugal estão por si mesmos ordenados para a procriação e educação dos filhos”.

A Igreja se preocupa com os modelos de regulação da natalidade adotados pelas famílias e garante ‒ através dos autênticos valores humanos, ensinamentos naturais, morais e evangélicos ‒ os direito e deveres para com a vida. “Os filhos são um grande dom de Deus, e a fecundidade pertence à natureza da própria relação entre os cônjuges, de modo que o matrimônio comporta uma fecundidade natural e os filhos devem ser desejados e acolhidos”, explica o padre Luiz Henrique Brandão, professor de teologia moral e assessor do grupo paternidade e maternidade responsável, no Centro da Família Coração de Jesus, em Goiânia.

No que diz respeito ao elemento econômico na hora de decidir sobre a procriação, a Igreja defende tratar-se de um ponto importante, segundo o padre Luiz Henrique. “Este elemento não pode ser negligenciado, pois passa também pela paternidade e maternidade responsável”, mas ressalta que a sociedade criou um mito em torno das condições socioeconômicas na hora de ter os seus filhos.
“O nascimento de um filho é considerado oneroso e os pais temem concebê-los e não conseguir dar a eles a possibilidade de atingir o padrão ideal, por isso, os evitam. Um filho é um tesouro e a sua presença enriquece uma família, de tal modo que ele não pode ser comparado com posses materiais”, conclui padre Luiz Henrique.

Dra. Marli Virgínia - especialista em métodos naturais
A Igreja apoia e incentiva o planejamento natural da família, pelos métodos da temperatura basal, da ovulação ou Billings, da autoapalpação cervical. A médica ginecologista e assessora do Centro da Família, Dra. Marli Virgínia, explica o que são esses métodos. “São reguladores que se baseiam no ciclo de fertilidade feminina que refletem no corpo da mulher a cada 28 ou 30 dias. Como se baseiam esses métodos? O casal que deseja ter filho tem que ter relação sexual nesse período de fertilidade. E aqueles que não desejam devem ter relações nos períodos inférteis”.

São métodos que exigem, na visão da Igreja, “empenho sério e muitos esforços, individuais, familiares e sociais”. Dra. Marli Virgínia destaca que além de eficazes são saudáveis e têm custo zero, por isso pouco se ouve falar deles. “Nós vivemos em uma sociedade de consumo, portanto os métodos que se vendem e a sociedade usa são aqueles que têm um grande patrocínio por trás”. Ela também adverte para os riscos que correm as mulheres que usam os métodos artificiais de contracepção. "Quem usa esses métodos podem ter alterações muito pequenas como ganho e perda de peso, aumento de acne, oleosidade na pele, queda de cabelo. E as muito graves, câncer de mama, de fígado, trombose, AVC, principalmente isquêmico. Agora, porque tem tantas pessoas que usam se tem tantas complicações? Porque não são muitas pessoas que têm essas complicações, porém, as pessoas que têm, normalmente são complicações sérias. Eu já tive uma paciente com trombose de veia cava aos 22 anos de idade. Eu perdi uma amiga que teve um AVC isquêmico com a primeira cartela de pílula anticoncepcional que ela usou. Eu tenho um colega ginecologista, que um dia ele estava desesperado porque a esposa dele estava com câncer de fígado, e ele falou, eu dei o câncer de presente para a minha mulher. Isso nós não vemos todos os dias ou as pessoas não sabem o que levou àquela situação. Em países onde tem um controle maior, por exemplo na França, tem um monte de anticoncepcionais que são usados em larga escala no Brasil que foram proibidos naquele país por causa dessas alterações cardiovasculares".

Em Goiânia, já existem muitas famílias que aderiram ao planejamento familiar natural. O casal Leonardo Ferreira e Valmélia Rosa da Silva, da Paróquia São Paulo Apóstolo, são pais de seis filhos.

Eles fizeram uma experiência de um ano no Centro da Família onde reforçaram a opção de ser uma família numerosa e aberta à vida. “As técnicas de regulação da fertilidade nos permitiram ter mais intimidade e proximidade; com elas, a mulher pode viver com mais intensidade a vocação de mãe”, sublinha Leonardo. “Filho é sempre uma bênção de Deus. Pode dar trabalho, mas ele é muito mais que isso, é amor. Muitos falam que somos corajosos, mas essa coragem vem de Deus que nos dá forças para viver o seu plano em nossas vidas. Vale a pena”, completou Valmélia.

Sandrina Magalhães e Thiago Henrique têm dois filhos. Eles dizem estar “muito felizes com a opção de planejamento familiar natural”. Eles utilizam os métodos desde 2010, quando fizeram o curso no Centro da Família com a Dra. Marli. Conciliar a vida social com a cristã, no entanto, não é fácil. “Há muitas forças e correntes de pensamento contrários aos valores cristãos católicos, mas Deus nos chamou a servi-lo através do matrimônio, e eu e meu esposo estamos lutando para corresponder”.

Isis Fernandes, esposa de Alexandre Fideles, da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, também tem dois filhos; ela parou de usar os métodos contraceptivos artificiais em 2010. O casal também fez o curso no Centro da Família e explica o que mudou em suas vidas. “O custo é zero, não altera o funcionamento do corpo feminino nem o desejo sexual. Casais que adotam os métodos naturais têm mais relações sexuais do que aqueles que usam os artificiais e estamos abertos à ação de Deus em nossas vidas”.

Casados há três anos, Meima Graciella e Gustavo Franco, da Paróquia São João Evangelista, ainda não têm filhos. Eles também participaram de formações no Centro da Família. Sobre a proposta da Igreja, eles afirmam que está de acordo com a natureza humana. “A proposta da Igreja é uma opção pela vida e pelo amor. É para o bem do casal que sejam fecundos. Os filhos são dons de Deus e é este o funcionamento correto de uma família cristã”.

Conheça o Centro da Família Coração de Jesus
Rua 55, Qd. 117, Lote 40, n. 887, Setor Central. Goiânia. 2ª-feira a sábado, em horário comercial. Fone: 3087-7702.

Blog www.centrodafamiliacj.worpress.com
E-mail centrodafamiliacj@hotmail.com
Facebook: Centro da Família CJ

Fotos: Caio Cézar
Arte e diagramação do Jornal: Ana Paula Mota
Reportagem: Fúlvio Costa
Revisão: Jane Greco e Thais de Oliveira

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Um ente querido sofre há anos com uma doença que já foi diagnosticada pelos médicos sem possibilidades de reversão. É um momento crítico e delicado, ele sofre dia após dia, principalmente com dores intensas. Qual o procedimento mais correto a seguir ao se deparar com essa difícil situação? 

“A boa prática médica é o casamento entre o conhecimento e o cuidado humano” (Platão)

Esclarecer e resolver questões éticas suscitadas pelos avanços e pela aplicação da medicina e da biologia. Esse é o papel da bioética que comemora 44 anos de existência, tendo como referencial os trabalho de reflexão de Van Ransselaer Potter (EUA) e posteriormente o livro “Bioética: ponte para o futuro”, de 1970. A data nos leva a refletir sobre os seus principais temas abordados, entre eles a eutanásia, a distanásia e a ortotanásia.

As nomenclaturas são estranhas e um tanto distantes das discussões comuns, mas são fundamentais e estão mais próximas do que parecem. Antes de tudo se faz necessário entender cada termo.

Eutanásia: do grego, eu (boa) e thanatos (morte) pode ser traduzido como “boa morte” ou “morte apropriada”; proposta por Francis Bacon em 1623, em sua obra “Historia vitae et mortis”, como sendo o “tratamento adequado às doenças incuráveis”.

Distanásia: do grego, dys (mal) e thanatos, (morte) cujo significado é ato defeituoso, morte lenta, ansiosa e com muito sofrimento. Significa o prolongamento exagerado da agonia que inevitavelmente leva à morte com sofrimento físico ou psicológico do indivíduo lúcido.

Ortotanásia: do vocábulo grego orthos (certo) e thanatos (morte) significa, etimologicamente, morte correta. É a atuação correta frente à morte. É a abordagem adequada diante de um paciente que está morrendo.

A Igreja Católica tem posição irrevogável sobre os três procedimentos. O Catecismo é claro a respeito da eutanásia e destaca que tal prática “constitui um assassinato” (§ 2324). Com o papa Pio XII, a Igreja posicionou-se pela primeira vez contrária a esse procedimento numa alocução aos médicos em 1957. Em 1980 o então papa São João Paulo II publicou a declaração sobre a eutanásia. O arcebispo de Goiânia, Dom Washington Cruz, explica a posição da Igreja. “A eutanásia atenta gravemente à dignidade da pessoa e ao respeito a Deus, seu Criador. Fere o mandamento divino de não matar; o sujeito não pode possuir autonomia de decisão sobrea a própria morte. A vida pertence a Deus”.

Dr. Nelson Jorge da Silva Júnior, do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais e Saúde e coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC GO), diz que é difícil saber como a sociedade se posiciona, pois o tema é extremamente polêmico e gira em tono da legalidade, ética médica, crenças religiosas e a racionalidade pura. A discussão, na visão dele, precisa ser aberta e continuar. “Em alguns países a eutanásia é legalizada; em outros, já se discutiu muito e houve uma decisão de não aceitar nenhum tipo de eutanásia. Existe a necessidade de uma discussão ampla, não só restrita ao meio acadêmico, mas com diversos seguimentos da sociedade e a população em geral. Eticamente, nada justifica abreviar a vida humana”, pondera.

Padre Luiz Henrique Brandão de Figueiredo, professor de teologia moral, diz que dois elementos básicos devem preponderar sobre a escolha da decisão quando se trata de pacientes em fase terminal sem possibilidades de reversão. “O amor e a presença dos familiares que apoiam e rezam por seu irmão que está sofrendo devem prevalecer, colaborando para que ele aprenda a unir os seus sofrimentos aos de Cristo. Do ponto de vista ético, o paciente deve ser acompanhado pelos profissionais de saúde e pelos familiares até a sua morte natural, recebendo os devidos cuidados comuns paliativos”.

A legislação brasileira ampara das mais diversas formas a pessoa humana sobre o direito à vida. A Constituição Federal, artigo 1º, § 3, reconhece a dignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito. O artigo 5º, § 3 expressa que ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante, e o § 35 garante ao paciente recorrer ao judiciário para impedir qualquer intervenção ilícita no sue corpo contra a sua vontade. No Código Penal, a eutanásia é crime (artigo 121 § 3).

O Código de Ética Médica (CEM), por sua vez, através da resolução nº 1995/2012, do Conselho Federal de Medicina (CFM) fortalece a autonomia das decisões do paciente, desde que maior de idade e plenamente consciente, pode definir os limites terapêuticos na fase terminal. O objetivo é garantir o respeito no final da vida; evitar a distanásia que o desenvolvimento tecnológico pode provar, e perda da noção de limites. Já em 1987, a Associação Mundial de Medicina considerou, na Declaração de Madrid, a eutanásia como sendo um ato eticamente inadequado de, deliberadamente, terminar com a vida de um paciente.

Padre Luiz Antônio Bento, ex-assessor nacional da Comissão para a Vida e a Família e ex-coordenador da Comissão de Bioética, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), pós-doutor em bioética (UFRJ), hoje docente em bioética e ética médica da Faculdade Ingá, em Maringá (PR), explica que primeiramente deve-se pensar no respeito à pessoa humana, quando se trata dos três procedimentos. “A pessoa é um ser completo, tanto físico quanto espiritual, e a atitude para com essa pessoa deve ser de respeito. O cuidado com quem está morrendo é, sobretudo, como agir se você respeita essa pessoa”. O estudioso justifica que a frase reconhece que deve prevalecer a medicina paliativa, ou seja, a ortotanásia. “A medicina paliativa intenta eliminar o sofrimento, enquanto que a eutanásia opta por eliminar a pessoa que sofre”.

Ele comenta ainda que no Brasil a discussão sobre a temática é elementar, mas destaca que organizações não governamentais estão a par do assunto, de modo especial a CNBB e defensores dos direitos humanos, além de denominações religiosas. Entre outras organizações estão as Comissões de Ética Profissional; Comissão de Ética Médica; Comitê de Bioética Clínica, Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos; Comitê Nacional de Ética em Pesquisa. “O apoio da sociedade civil e a condenação de abusos é fundamental para a eficácia dessas organizações”, ressalta.


A renovação paroquial exige novas formas de evangelizar tanto o meio urbano como o rural. Apesar de as comunidades rurais estarem distantes dos centros urbanos, também nessas áreas crescem problemas relativos ao vínculo comunitário (CNBB/Doc. 100)

Nas cidades elas podem parecer distantes da realidade, para alguns ficou num passado remoto e outros apenas guardam na lembrança as belas celebrações a céu aberto, nas casas e em pequenas capelas. Há também as pessoas que jamais conheceram as pequenas comunidades rurais, tão peculiares no seu modo de viver a fé cristã. O certo é que pouco se ouve falar delas, mas continuam vivas e fortes.

Os 27 municípios que compõem a Arquidiocese de Goiânia contam com cerca de 114 paróquias. Só no interior elas são 23, dessas, a maior parte das pequenas comunidades rurais se concentra nos vicariatos de Inhumas e Silvânia. A Paróquia Nossa Senhora da Piedade, em Bela Vista de Goiás, a 51 km da capital, é uma delas. Ao todo são 15 comunidades rurais, sendo algumas formadas em fazendas e outras em pequenos povoados.

A menos de três meses nessa paróquia, o padre José Luiz Fernando Nascimento de Oliveira visita as comunidades rurais uma vez ao mês. Essas localidades estão distantes da sede de 8 a 30 km e as vias são todas em estradas de chão. Para o sacerdote, muito já mudou em relação às antigas comunidades rurais, mas a fé do povo continua a mesma e sempre chama a atenção. “Para mim é uma maravilha viver esse espírito; o mais bonito é a alegria e a comunhão das pessoas com as celebrações”, comenta.
Geralmente as missas nas comunidades atendidas pelo padre José Luiz acontecem à noite. Os moradores das fazendas vizinhas se reúnem em uma casa e tudo é preparado com antecedência, inclusive o momento de partilha e confraternização após as celebrações. “As pessoas organizam um grande lanche comunitário e, ao término da missa, conversam e compartilham as suas vidas”.

O que mais dificulta os trabalhos, na visão do padre José Luiz, é a falta de mais padres para atender as comunidades. “Fico triste de ter a oportunidade de visitar as comunidades apenas uma vez ao mês, pois penso que as pessoas precisam de uma atenção maior da Igreja”. Ele, no entanto, faz um balanço positivo dessas comunidades. “A gente vê que o povo tem compromisso, é temente a Deus e a vida cristã nas comunidades rurais se faz diferente, principalmente pela falta de tantas ofertas do mundo que só existem nas cidades”.

A Paróquia Nosso Senhor do Bonfim de Silvânia tem 28 comunidades, das quais 19 são rurais. As mais distantes estão a 82 km da sede. A Paróquia São João Paulo II do município de Gameleira (GO) possui oito comunidades, sendo apenas a matriz na cidade. As duas paróquias são atendidas pelo padre Jovandir Batista da Silva que mora em Silvânia. As comunidades também são visitadas uma vez ao mês. Diferente de Bela Vista de Goiás, em Gameleira todas contam com capelas e as mudanças nos últimos anos têm aparecido. “As capelas são bem cuidadas, o povo tem procurado aprender a partir dos documentos da Igreja e há forte movimentação dos casais”, comemora.

As perspectivas são positivas nesse universo de comunidades atendidas pelo padre Jovandir e outros três sacerdotes. “O povo é sempre alegre, amigo e na comunidade procuramos organizar as pastorais e movimentos no sentido de buscar o futuro sempre com otimismo”. Mas ele ressalta que a disponibilidade de padres para o serviço nas comunidades rurais tem sido um apelo que merece mais atenção. “Dos três padres que atendem essas comunidades, apenas mais um é liberado para esse serviço. A Paróquia São João Paulo II clama com urgência por um padre exclusivo para ela”.

Fé e vida

Sirlene Maria de Sousa Cordeiro, 39 anos, sempre morou em Madeira do Mocambo, município de Gameleira. Ela explica que a comunidade está viva e forte; mesmo que a presença do padre se dê uma vez ao mês, a as pessoas se reúnem semanalmente. Na visão dela, a diferença da vida cristã no meio rural para zona urbana é que as pessoas estão mais comprometidas e unidas. “Temos os círculos bíblico todas as quintas-feiras e as pessoas não faltam. Há um compromisso muito grande e quando alguém precisa de ajuda, todos estão dispostos. Vejo que nas cidades muitas pessoas praticamente não conhecem o próprio vizinho”.

Valdomiro Hermes Vitor, 54 anos, atua na comunidade Divino Pai Eterno, da Região de fazendas do João de Deus, a 20 km de Silvânia, desde a sua juventude. A maioria das pessoas ali trabalha com a produção de leite e soja para a venda e consumo próprio. As celebrações da Palavra são frequentes e o povo faz a leitura orante da Bíblia semanalmente, em encontros que reúnem cerca de 30 pessoas. Entrevistado, ele relatou a importância das pequenas comunidades rurais para a Igreja. “São como as raízes das árvores; se você cortar ela vai cair e não irá mais dar frutos. Mas se zelamos, elas vão manter toda a árvore de pé”.


O que a Igreja tem feito para confortar as pessoas que perdem seus entes queridos? Nesse momento de dor e fragilidade, mais do que apenas os sentimentos de pesar, é indispensável abraçar, viver junto, compartilhar a dor e a esperança. A Igreja precisa começar a despertar para o drama das pessoas em situação de luto 

Com fé, no amor infinito e misericordioso do Senhor, roguemos pelo descanso eterno dos que partiram para a eternidade (Dom Washington Cruz, CP)

Todos nós, em um determinado momento, vamos nos deparar com a morte. Seja de um conhecido, de um amigo, de um familiar. A perda de alguém quase sempre acontece de forma inesperada; a dor é o primeiro sentimento que bate à porta e nos envolve; o luto pode durar dias, semanas, meses, anos e mudar as nossas vidas para sempre. Mas erguer a cabeça e reerguer o próprio sentido de viver é necessário, pois todos aqueles que estão ao nosso redor contam conosco, e a esperança em Jesus Cristo tem o poder de nos levantar para dar o próximo passo.

É neste momento, sempre difícil e amargo, que precisamos de apoio, ajuda, motivação e orações para seguir. Para compartilhar o sofrimento e ajudar a enxergar a luz da ressurreição, é que existe, na Arquidiocese de Goiânia, desde 2013, a Pastoral da Esperança. E é com ela que três famílias estão conseguindo superar a dor da perda de seus entes queridos.

Patrícia Paula Araújo, 31 anos, perdeu o sobrinho Rafael Araújo Rezende, 9 anos, em março. A criança teve uma parada cardiorrespiratória e não resistiu. Logo depois foi constatado que ele estava com dengue. Essa foi a primeira família assistida pela Pastoral da Esperança. “Nós sofremos muito; minha irmã, mãe do Rafael, não aceitava, mas o apoio e a presença da Pastoral nos fortaleceu”, relembra Patrícia. O trabalho foi tão envolvente e confortante que ela decidiu participar do grupo. “Resolvi participar porque eu senti como dói perder alguém querido, e as palavras que foram levadas à minha família me incentivaram”.

Um mês depois, Goiacy Ribeiro Coelho dos Santos, 60 anos, perdeu o esposo Adalto Pereira dos Santos, 61 anos. Ele sofria de cálculo renal e, após uma cirurgia, teve um infarto. Adalto era pai de três filhas. “Foi desesperador porque estávamos em casa esperando ele voltar depois de uma cirurgia que ocorreu bem, mas o pior aconteceu”, conta a viúva. A Pastoral da Esperança foi também o apoio dessa família. “Os membros da pastoral nos passaram segurança, paz, tranquilidade, forças. É um trabalho muito especial que precisa crescer porque ajuda muitas famílias”.

Patrícia Ribeiro e Goiacy
A filha Patrícia Ribeiro dos Santos Araújo, 34 anos, se arrepia quando fala na pastoral. “São pessoas como nós, mas que se doam e em qualquer momento que precisamos, estão disponíveis. Foi uma experiência única que continua a nos ajudar, pois os encontros e orações ainda acontecem e eles estão sempre perguntando como nós estamos”, diz emocionada.

Para a família de Lânia Machado Alcântara, 49 anos, a perda do neto Victor Hugo Alcântara, que morreu de câncer no cérebro, em maio deste ano, foi ainda mais dura. Isso porque a mãe do garoto, Francislaine Alcântara, além de não aceitar, quis cometer suicídio. “A melhor coisa que nos aconteceu foi a Pastoral aparecer em nossas vidas; nos primeiros dias, minha filha não quis aceitar, ficou revoltada, mas depois ela até participou dos encontros e orações. Isso foi muito bonito”. Lânia criou amizade com os membros da Pastoral que estão sempre em contato com ela. “É muito bom saber que existem pessoas que se importam com a nossa perda. Eu vejo um trabalho muito bonito que precisa continuar”.

A pastoral está aberta a quem quiser participar, segundo Fabiana Pires Guimarães de Morais, membro do grupo na Paróquia Santa Luzia do bairro Novo Horizonte, em Goiânia. De acordo com ela, o trabalho é simples, mas importante e está intimamente ligado ao fundamento do Cristianismo. “Nós, cristãos, cremos que a morte não é o fim e, sim, o começo de uma vida plena e definitiva junto de Deus; portanto, a Pastoral da Esperança vem, pela oração e por testemunhos, confortar e orientar os enlutados”.

Atuação

A Pastoral da Esperança arquidiocesana se reúne para formação humana, psicológica e espiritual com o coordenador, padre Elenivaldo Manoel dos Santos. O trabalho consiste em acompanhar as famílias enlutadas, desde o velório até a missa de sétimo dia. De janeiro até agora, 12 famílias já foram assistidas e, em todas elas, o trabalho tem tido continuidade com encontros frequentes para orações e leitura da Bíblia.

Um subsídio chamado “Na Casa do Pai” ajuda nos encontros para exéquias, velório, sepultamento e missa. Ele contém o roteiro para sete encontros, além de orações diversas, passagens bíblicas, cantos e ladainhas.

Missão Esperança



Acontece anualmente nos cemitérios da capital e região metropolitana, onde os membros da Pastoral organizam a assistência religiosa nas salas de velório e dinamizam os trabalhos no dia 2 de novembro, Dia de Finados. Para este ano, já começaram as inscrições dos missionários que irão participar. “Com essa ação, a Igreja se faz presente nos cemitérios organizando celebrações, acolhimento e momentos de oração”, explica padre Elenivaldo. Ano passado, cerca de 350 pessoas se envolveram e este ano a expectativa é que 500 participem. As formações para os missionários começam no dia 24 de setembro. “A Pastoral da Esperança é a porta que as pessoas em situação de luto devem encontrar aberta. A Igreja é aquela ‘hospedeira’ à qual o Bom Samaritano, que é Jesus, confia os que Ele encontra caídos e feridos”, destaca o coordenador sobre a importância do serviço.
As inscrições dos missionários podem ser feitas a partir do dia 8 de setembro na Secretaria de Pastoral Arquidiocesana. Mais informações: 3223-0758.

Fotos: Caio Cézar


A missão da Igreja e consequentemente dos discípulos e missionários se faz presente e necessária na realidade em que vivemos. O Documento de Aparecida (DAp) é enfático sobre esse ponto e destaca que, como discípulos de Jesus Cristo, “sentimo-nos desafiados a discernir os sinais dos tempos à luz do Espírito Santo (nº33)”, tendo como base uma visão plural da complexa realidade social.
Para responder à vocação missionária da Igreja, o Setor Juventude da Arquidiocese de Goiânia irá realizar nos próximos dias 13 a 19 de outubro, a Missão nas Escolas, que acontece dentro da Semana Missionária celebrada em todo o Brasil. O evento tem o objetivo de atingir alunos do ensino fundamental e médio da rede pública e particular, com idade entre 15 e 22 anos.

Neste momento acontecem as inscrições dos jovens que desejam participar da Missão, pela página do Setor Juventude na internet (www.facebook.com/juventudegyn). Nos dias 6, 13, 20 e 27 de setembro, das 14h às 16h30, na Paróquia Universitária São João Evangelista, acontecem as formações dos jovens que vão atuar na Missão nas Escolas.

Segundo o coordenador do Setor Juventude, diácono Max Costa, o objetivo do evento é tornar os jovens protagonistas na missão de evangelizar, com a responsabilidade de levar e testemunhar valores para os jovens nas escolas. “Queremos levar a mensagem cristã através de valores como a felicidade, o respeito, a amizade e a solidariedade”. A missão, de acordo com o diácono, é fruto de observações e embasamento teórico. “O Documento de Aparecida nos exorta que hoje ‘concebem a educação preponderantemente em função da produção, da competitividade e do mercado (DAp nº 328)’. De maneira geral nossos adolescentes e jovens não estão sendo formados para levar uma vida sóbria”.
Até o fechamento desta matéria, sete escolas já tinham aderido ao projeto. Ao longo da semana missionária, haverá jogos da juventude, a missão, cenáculo vocacional e catequese para os jovens ministrada pelo bispo auxiliar Dom Waldemar Passini Dalbello, com o tema “chamados à vida: aborto e eutanásia”.

“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura (Mc 16, 15-16)”

Para o arcebispo de Goiânia, Dom Washington Cruz, essa é a resposta que os jovens são impelidos a dar. “As escolas devem ser espaço de missão, a primeira grande importância da Missão nas Escolas situa-se na dimensão da evangelização e devemos responder ao mandamento de Jesus a todos os lugares geográficos e todos os ambientes sociais”.

Dom Washington ainda aponta as escolas como “autênticos campos de missão” e  afirma que o fundamento da Missão está bem presente logo na abertura da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (nº 1) em que o papa Francisco ensina que “a alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria”.

Setembro, mês da Bíblia

É tradição a Igreja no Brasil lembrar setembro como o “Mês da Bíblia”. A escolha foi feita pelos bispos em razão da Festa de São Jerônimo, no dia 30, santo que viveu nos anos de 340 e 420. Ele foi secretário do papa Dâmaso e encarregado de revisar a tradução latina da Palavra de Deus. Sobre a primeira versão da Bíblia, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Dom Raymundo Damasceno Assis, escreveu. “Essa versão latina feita por São Jerônimo recebeu o nome de Vulgata, que, em latim, significa popular,  e o seu trabalho é referência nas traduções da Bíblia até os nossos dias”.

O Mês da Bíblia foi criado para tocar todos os cristãos e seu significado vai muito além de apenas lembrar que a Sagrada Escritura tem um lugar no calendário. Com essa celebração, a Igreja faz uma convocação para conhecermos mais a fundo a Palavra de Deus, a amá-la, e praticar a Leitura Orante, conforme o Jornal Encontro Semanal traz com a proposta de leitura meditada e rezada do bispo auxiliar Dom Waldemar Passini Dalbello.

O Documento de Aparecida exorta que para ser cristão e missionário, necessariamente, precisamos ler a Palavra de Deus. “Desconhecer a Escritura é desconhecer Jesus Cristo e renunciar a anunciá-lo. Se queremos ser discípulos e missionários de Jesus Cristo  é indispensável o conhecimento profundo e vivencial da Palavra de Deus. É preciso fundamentar nosso compromisso missionário e toda a nossa vida cristã na rocha da Palavra de Deus” (DAp 247).


Hão de ser parte ativa e criativa na elaboração e execução de projetos pastorais a favor da comunidade. Isso exige, da parte dos pastores, maior abertura de mentalidade para que entendam e acolham o ‘ser’ e o ‘fazer’ do leigo na Igreja (Documento de Aparecida, nº 112)

A vocação dos leigos é certamente uma das mais belas e desafiadoras. É também aquela que a Igreja precisa para levar adiante a missão salvífica de Jesus Cristo. Em Exortação Apostólica pós-sinodal aos “Fiéis Leigos”, o então papa João Paulo II apontou as direções sobre a vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo. O texto destaca a participação ativa dos leigos “na liturgia, no anúncio da Palavra de Deus e na catequese”.

O documento aponta que as tarefas confiadas aos leigos são múltiplas de modo que quando assumem a sua missão, há o florescimento de grupos, associações e movimentos de espiritualidade e de empenhos laicais; a participação cada vez maior e significativa das mulheres na vida da Igreja e o progresso da sociedade.

Durante a visita à Coreia do Sul, que se deu de 15 a 18 de agosto, o papa Francisco se encontrou com líderes do apostolado laical e reiterou a importância dos leigos colocarem os seus dons à disposição da missão da Igreja. “Em virtude do Batismo recebido, os fiéis leigos são protagonistas na obra de evangelização e promoção humana”.

No Regional Centro-Oeste (Goiás e Distrito Federal) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o bispo referencial para os leigos é Dom Carmelo Scampa, da diocese de São Luís de Montes Belos (GO). Entrevistado pelo Encontro Semanal, ele explicou que as pessoas fazem interpretação errada do termo leigo. “O leigo não é aquele que não entende de nada, que está ‘por fora’ como costumam associar; a Igreja interpreta leigos, desde o Concílio Vaticano II, como Povo de Deus, no sentido de pertença; dessa forma, o leigo é membro do corpo da Igreja, protagonista na missão de servir”, afirmou.

A Igreja no Brasil tem aprofundado a sua visão sobre o papel do leigo. No fim de junho foi publicado o Texto de Estudos nº 107 da CNBB, “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade”, tema prioritário da 52ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil que aconteceu em maio deste ano. O texto traz uma visão crítica das escrituras sagradas e estudos teológicos sobre a Igreja. Traz, também, indicações de ações concretas a ser desenvolvidas pelo leigo, como agente de transformação e animação nas pastorais, nos serviços e na sociedade. O material tem contribuições das bases da Igreja, inclusive dos leigos.

Arquidiocese de Goiânia

O trabalho desenvolvimento pelos leigos estão nas mais diversas frentes, sejam em pastorais e movimentos, ou associações, comunidades e obras sociais. Francisco Plácido Borges Júnior, 50 anos, é advogado e membro do Movimento Político pela Unidade, dos Focolares, cujo objetivo é suscitar uma corrente de prática política pela construção do bem comum. “O movimento tem dado uma inestimável contribuição para o amadurecimento da vida política; levamos a mensagem de que a luta não é pela conquista do poder a fim de servir-se dele, mas um serviço à população”, explicou. Na capital o grupo se reúne com políticos na Assembleia Legislativa e em outros quatro locais.

A aliança fé e vida move a leiga Ana Amélia de Oliveira, 70 anos, membro da Pastoral da Criança. Ela declara seu amor incondicional ao trabalho que desempenha porque acredita nos benefícios que a pastoral desenvolve nas comunidades e no seio familiar, de modo especial junto aos mais carentes.
“Nós estamos presentes nas comunidades e acompanhamos gestantes e crianças de 0 a 6 anos de idade; formamos voluntários e realizamos ações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania”. Encontros mensais, chamados de Celebrações da Vida, são realizados pela Pastoral da Criança nas comunidades onde acontecem recreações, pesagem de crianças, rodas de conversas, momentos de espiritualidade. Aproximadamente 1.160 a 1.420 crianças são acompanhadas e pesadas por 183 voluntários em 30 paróquias na Arquidiocese, mensalmente.

Catequista há três anos e há dois coordenadora na Paróquia Nossa Senhora da Assunção do bairro Itatiaia I, em Goiânia, Luciana Gonçalves de Souza Damázio, 39 anos, comenta a importância da missão que recebeu das mãos de Deus. “Ser catequista é ser leigo e a catequese é uma prioridade para a Igreja porque forma os futuros cristãos e membros da sociedade, por isso somos responsáveis por levar as crianças, jovens e adultos a trilharem os caminhos do bem”.

Leigos

De grego laikós e do latim laicus. Na Idade Média era empregada a palavra laos que significa “multidão”. A partir do Concílio Vaticano II a Igreja pretendeu superar essa compreensão e a distância entre o povo e o clero, mencionando, na Constituição Dogmática Lumen Gentium, que leigos são o povo de Deus: “todos os cristãos, exceto os membros de Ordem sacra e do estado religioso aprovado na Igreja”.