O Voo (2012) protagonizado por Denzel Washington (Whip Whitaker), e dirigido por Robert Zemeckis, o mesmo de Os Fantasmas de Scrooge, de 2009, é um longa, longo mesmo, de 2h18 minutos que mescla muito bem um roteiro de ação, suspense e drama. Os primeiros 40 minutos são uma viagem de tirar o fôlego com cenas que levam quem assiste ao interior do voo 227 da South Jet Air, dos Estados Unidos.

A história gira em torno de Whip, piloto de voos comerciais que enfrenta problemas com o uso de drogas e bebida alcoólica, além de estar separado da família. No voo SouthJet 227 de Orlando para Atlanta, nos EUA, tudo isso irá contribuir para a mal sucedida viagem.

O Voo é um filme que faz pensar sobre os limites do homem, sobre ética profissional, compromisso. Um conjunto de pontos negativos levaram ao ocorrido, mas até que ponto o piloto é o vilão ou herói? Ultimamente temos visto inúmeros acidentes aéreos com causas pouco ou nada divulgadas. Milhões de vidas são colocadas nas mãos de companhias aéreas e seus pilotos diariamente. Elas estão sendo valorizadas como merecem? As perguntas são inúmeras.

O Voo 227 termina com uma história que poderia ter continuidade: além da tragédia e seu desdobramento no tribunal, a redenção de um homem que reconhece as suas falhas e decide dar um basta nas atitudes que o levam a pôr em risco tantas vidas. A atuação de Denzel, principalmente nos momentos de pânico no voo e de êxtase com as drogas são pontos a serem considerados e elogiados. Recomendo o filme, desde que seja assistido num dia tranquilo sem ninguém para perturbar. Pois, afinal, não é todos os dias que gastamos mais de 2h com um único filme.

Seguindo o exemplo de vários países na Europa, o ensino da Ideologia de Gênero nas escolas brasileiras, para crianças a partir dos três anos de idade, está prestes a mudar como nunca antes, o rumo da educação.  Tema amplo, complexo e de relevante interesse social, mas de pouco ou nenhum conhecimento de grande parcela da sociedade.

Ideologia de Gênero: afirma que homem e mulher não diferem pelo sexo, mas pelo gênero. A teoria diz que este não possui base biológica, mas é construído socialmente através da família, da educação e da sociedade. Segundo os defensores da ideologia, gênero não deveria ser uma imposição, mas livremente escolhido e facilmente modificado pelo próprio ser humano. Em outras palavras, quer dizer que as pessoas não nascem homens ou mulheres, mas são condicionadas a identificarem-se como homens, como mulheres, ou como um ou mais dos diversos gêneros que podem ser criados pelo indivíduo ou pela sociedade.

O tema foi introduzido na década de 1950 nas clínicas universitárias dos Estados Unidos em que pessoas, principalmente homens, eram submetidas a cirurgias experimentais de mudança de sexo. O projeto foi levado adiante por três pesquisadores: Dr. Alfred Kinsey, Dr. Harry Benjamin e o psicólogo John Money, pioneiros da Ideologia de Gênero, com a premissa de que as pessoas poderiam assumir o sexo oposto bastando para isso educar as crianças a assumirem a nova identidade após os procedimentos. A história provou que os pesquisadores estavam errados e inúmeros suicídios aconteceram em decorrência desse projeto.

A Ideologia de Gênero deveria ter sido acrescentada no Plano Nacional de Educação (PNE) através da Lei 13.005, de 25 de junho de 2014, mas entidades da sociedade civil organizada, incluindo aí a Igreja Católica, se manifestaram contra, por meio de notas oficiais, ligações, e-mails e presença em sessões do Congresso Nacional. A pressão fez com que o tema fosse removido do texto do PNE. Com o fracasso, promotores da Ideologia de Gênero têm buscado alternativas. Agora, tenta-se inserir o tema nos Planos Estaduais e Municipais de Educação com diretrizes e metas a serem alcançadas até 2024; os referidos planos devem ser aprovados até o próximo dia 24 de junho.

A Igreja

O papa Francisco afirmou, recentemente, que a Ideologia de Gênero “é contrária ao plano de Deus; um erro da mente humana que provoca muita confusão e ataca a família”. Anos atrás, o papa emérito Bento XVI havia dito que a tema “contesta o fato de o homem possuir uma natureza corpórea pré-constituída (...), nega a sua própria natureza, decidindo que esta não lhe é dada como um fato pré-constituído, mas é ele próprio quem a cria. Homem e mulher como realidade da criação, como natureza da pessoa humana, já não existem” (...). O Documento de Aparecida (DAp) em seu número 40, explica. “Entre os pressupostos que enfraquecem e menosprezam a vida familiar, encontramos a ideologia de gênero, segundo a qual cada um pode escolher sua orientação sexual, sem levar em consideração as diferenças dadas pela natureza humana. Isso tem provocado modificações legais que ferem gravemente a dignidade do matrimônio, o respeito ao direito à vida e a identidade da família”.

Os bispos do Regional Norte 2 (Tocantins) da CNBB em nota explicativa sobre os planos de educação, destacaram que “o ponto que mais nos preocupa é a estratégia de número 12.6, que reza o seguinte: garantir condições institucionais para o debate e a promoção da diversidade étnico-racial, de gênero, de diversidade sexual e religiosa, por meio de políticas pedagógicas e de gestão específicas para esse fim”.

Dom Orani João Tempesta, cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, foi incisivo a respeito da implantação dessa ideologia no Brasil. “Ela oferece às pessoas a ilusão de que serão plenamente livres em matéria sexual, contudo, uma vez que essas pessoas tenham tomado a mentira por verdade, são aqueles que detêm o poder real que escolherão, a seu beneplácito, o modo como o povo deverá – padronizadamente – exercer a sua sexualidade sob o olhar forte do Estado que tutelaria para que cada um fizesse o que bem entendesse”.

Um vídeo de 2 minutos publicado pelo site do Observatório Interamericano de Biopolítica, organização de cidadãos livres, conscientes e ativos dedicada à defesa da dignidade e dos direitos da pessoa humana, explica de maneira clara e objetiva o que é a Ideologia de Gênero. “A desigualdade entre meninos e meninas se converterá mais tarde em desigualdade entre homens e mulheres. E como resolver esse problema? Eliminando desde cedo nas escolas, na família e na sociedade a diferença de gênero das crianças, ensinando a elas que não são diferentes, mas iguais. Como muitos são contrários, a ideia é trabalhar o assunto nas escolas, longe das famílias. Com o desaparecimento das diferenças, o problema estaria resolvido, de maneira que ninguém saberia mais se é homem ou mulher. O questionamento é: o problema da igualdade foi solucionado? Pergunta irônica. Não, porque foi criado outro problema: não teríamos mais identidade. O papel das escolas é formar cidadãos críticos através da cultura, que saibam ler, escrever, calcular. Meninos devem ser meninos, e meninas devem ser meninas”.

Artigo publicado originalmente no Jornal Encontro Semanal, da Arquidiocese de Goiânia