É possível conciliar abertura à vida e regulação da natalidade?

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sábado, 27 de setembro de 2014




Família cristã sem abrir mão de uma vida normal

Qual é o momento ideal para ter um filho? O que é necessário possuir, em termos de poder aquisitivo e formação, para enfim dar início à própria família? Quando de fato o casal está preparado para dar esse passo tão importante? As questões são inúmeras e requerem atenção aos projetos de Deus. Além disso, há também a cobrança da família, dos amigos e da sociedade.

Diante de tantas direções que o mundo nos impõe, temos assistido cada vez mais, na sociedade, a queda da taxa de natalidade. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 1960 e 2005, o número de filhos por mulher caiu de seis para dois no Brasil. No mundo, a regulação da taxa de natalidade é feita principalmente através dos métodos artificiais contraceptivos.
O primeiro e mais importante documento da Igreja Católica sobre a regulação da natalidade, Humanae Vitae (Da Vida Humana), escrito pelo papa Paulo VI, explica que o amor fecundo não se esgota na comunhão entre os cônjuges. “O matrimônio e o amor conjugal estão por si mesmos ordenados para a procriação e educação dos filhos”.

A Igreja se preocupa com os modelos de regulação da natalidade adotados pelas famílias e garante ‒ através dos autênticos valores humanos, ensinamentos naturais, morais e evangélicos ‒ os direito e deveres para com a vida. “Os filhos são um grande dom de Deus, e a fecundidade pertence à natureza da própria relação entre os cônjuges, de modo que o matrimônio comporta uma fecundidade natural e os filhos devem ser desejados e acolhidos”, explica o padre Luiz Henrique Brandão, professor de teologia moral e assessor do grupo paternidade e maternidade responsável, no Centro da Família Coração de Jesus, em Goiânia.

No que diz respeito ao elemento econômico na hora de decidir sobre a procriação, a Igreja defende tratar-se de um ponto importante, segundo o padre Luiz Henrique. “Este elemento não pode ser negligenciado, pois passa também pela paternidade e maternidade responsável”, mas ressalta que a sociedade criou um mito em torno das condições socioeconômicas na hora de ter os seus filhos.
“O nascimento de um filho é considerado oneroso e os pais temem concebê-los e não conseguir dar a eles a possibilidade de atingir o padrão ideal, por isso, os evitam. Um filho é um tesouro e a sua presença enriquece uma família, de tal modo que ele não pode ser comparado com posses materiais”, conclui padre Luiz Henrique.

Dra. Marli Virgínia - especialista em métodos naturais
A Igreja apoia e incentiva o planejamento natural da família, pelos métodos da temperatura basal, da ovulação ou Billings, da autoapalpação cervical. A médica ginecologista e assessora do Centro da Família, Dra. Marli Virgínia, explica o que são esses métodos. “São reguladores que se baseiam no ciclo de fertilidade feminina que refletem no corpo da mulher a cada 28 ou 30 dias. Como se baseiam esses métodos? O casal que deseja ter filho tem que ter relação sexual nesse período de fertilidade. E aqueles que não desejam devem ter relações nos períodos inférteis”.

São métodos que exigem, na visão da Igreja, “empenho sério e muitos esforços, individuais, familiares e sociais”. Dra. Marli Virgínia destaca que além de eficazes são saudáveis e têm custo zero, por isso pouco se ouve falar deles. “Nós vivemos em uma sociedade de consumo, portanto os métodos que se vendem e a sociedade usa são aqueles que têm um grande patrocínio por trás”. Ela também adverte para os riscos que correm as mulheres que usam os métodos artificiais de contracepção. "Quem usa esses métodos podem ter alterações muito pequenas como ganho e perda de peso, aumento de acne, oleosidade na pele, queda de cabelo. E as muito graves, câncer de mama, de fígado, trombose, AVC, principalmente isquêmico. Agora, porque tem tantas pessoas que usam se tem tantas complicações? Porque não são muitas pessoas que têm essas complicações, porém, as pessoas que têm, normalmente são complicações sérias. Eu já tive uma paciente com trombose de veia cava aos 22 anos de idade. Eu perdi uma amiga que teve um AVC isquêmico com a primeira cartela de pílula anticoncepcional que ela usou. Eu tenho um colega ginecologista, que um dia ele estava desesperado porque a esposa dele estava com câncer de fígado, e ele falou, eu dei o câncer de presente para a minha mulher. Isso nós não vemos todos os dias ou as pessoas não sabem o que levou àquela situação. Em países onde tem um controle maior, por exemplo na França, tem um monte de anticoncepcionais que são usados em larga escala no Brasil que foram proibidos naquele país por causa dessas alterações cardiovasculares".

Em Goiânia, já existem muitas famílias que aderiram ao planejamento familiar natural. O casal Leonardo Ferreira e Valmélia Rosa da Silva, da Paróquia São Paulo Apóstolo, são pais de seis filhos.

Eles fizeram uma experiência de um ano no Centro da Família onde reforçaram a opção de ser uma família numerosa e aberta à vida. “As técnicas de regulação da fertilidade nos permitiram ter mais intimidade e proximidade; com elas, a mulher pode viver com mais intensidade a vocação de mãe”, sublinha Leonardo. “Filho é sempre uma bênção de Deus. Pode dar trabalho, mas ele é muito mais que isso, é amor. Muitos falam que somos corajosos, mas essa coragem vem de Deus que nos dá forças para viver o seu plano em nossas vidas. Vale a pena”, completou Valmélia.

Sandrina Magalhães e Thiago Henrique têm dois filhos. Eles dizem estar “muito felizes com a opção de planejamento familiar natural”. Eles utilizam os métodos desde 2010, quando fizeram o curso no Centro da Família com a Dra. Marli. Conciliar a vida social com a cristã, no entanto, não é fácil. “Há muitas forças e correntes de pensamento contrários aos valores cristãos católicos, mas Deus nos chamou a servi-lo através do matrimônio, e eu e meu esposo estamos lutando para corresponder”.

Isis Fernandes, esposa de Alexandre Fideles, da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, também tem dois filhos; ela parou de usar os métodos contraceptivos artificiais em 2010. O casal também fez o curso no Centro da Família e explica o que mudou em suas vidas. “O custo é zero, não altera o funcionamento do corpo feminino nem o desejo sexual. Casais que adotam os métodos naturais têm mais relações sexuais do que aqueles que usam os artificiais e estamos abertos à ação de Deus em nossas vidas”.

Casados há três anos, Meima Graciella e Gustavo Franco, da Paróquia São João Evangelista, ainda não têm filhos. Eles também participaram de formações no Centro da Família. Sobre a proposta da Igreja, eles afirmam que está de acordo com a natureza humana. “A proposta da Igreja é uma opção pela vida e pelo amor. É para o bem do casal que sejam fecundos. Os filhos são dons de Deus e é este o funcionamento correto de uma família cristã”.

Conheça o Centro da Família Coração de Jesus
Rua 55, Qd. 117, Lote 40, n. 887, Setor Central. Goiânia. 2ª-feira a sábado, em horário comercial. Fone: 3087-7702.

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E-mail centrodafamiliacj@hotmail.com
Facebook: Centro da Família CJ

Fotos: Caio Cézar
Arte e diagramação do Jornal: Ana Paula Mota
Reportagem: Fúlvio Costa
Revisão: Jane Greco e Thais de Oliveira

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