A Vocação dos leigos requer a responsabilidade de ser sal da terra e luz do mundo

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sábado, 23 de agosto de 2014

Hão de ser parte ativa e criativa na elaboração e execução de projetos pastorais a favor da comunidade. Isso exige, da parte dos pastores, maior abertura de mentalidade para que entendam e acolham o ‘ser’ e o ‘fazer’ do leigo na Igreja (Documento de Aparecida, nº 112)

A vocação dos leigos é certamente uma das mais belas e desafiadoras. É também aquela que a Igreja precisa para levar adiante a missão salvífica de Jesus Cristo. Em Exortação Apostólica pós-sinodal aos “Fiéis Leigos”, o então papa João Paulo II apontou as direções sobre a vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo. O texto destaca a participação ativa dos leigos “na liturgia, no anúncio da Palavra de Deus e na catequese”.

O documento aponta que as tarefas confiadas aos leigos são múltiplas de modo que quando assumem a sua missão, há o florescimento de grupos, associações e movimentos de espiritualidade e de empenhos laicais; a participação cada vez maior e significativa das mulheres na vida da Igreja e o progresso da sociedade.

Durante a visita à Coreia do Sul, que se deu de 15 a 18 de agosto, o papa Francisco se encontrou com líderes do apostolado laical e reiterou a importância dos leigos colocarem os seus dons à disposição da missão da Igreja. “Em virtude do Batismo recebido, os fiéis leigos são protagonistas na obra de evangelização e promoção humana”.

No Regional Centro-Oeste (Goiás e Distrito Federal) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o bispo referencial para os leigos é Dom Carmelo Scampa, da diocese de São Luís de Montes Belos (GO). Entrevistado pelo Encontro Semanal, ele explicou que as pessoas fazem interpretação errada do termo leigo. “O leigo não é aquele que não entende de nada, que está ‘por fora’ como costumam associar; a Igreja interpreta leigos, desde o Concílio Vaticano II, como Povo de Deus, no sentido de pertença; dessa forma, o leigo é membro do corpo da Igreja, protagonista na missão de servir”, afirmou.

A Igreja no Brasil tem aprofundado a sua visão sobre o papel do leigo. No fim de junho foi publicado o Texto de Estudos nº 107 da CNBB, “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade”, tema prioritário da 52ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil que aconteceu em maio deste ano. O texto traz uma visão crítica das escrituras sagradas e estudos teológicos sobre a Igreja. Traz, também, indicações de ações concretas a ser desenvolvidas pelo leigo, como agente de transformação e animação nas pastorais, nos serviços e na sociedade. O material tem contribuições das bases da Igreja, inclusive dos leigos.

Arquidiocese de Goiânia

O trabalho desenvolvimento pelos leigos estão nas mais diversas frentes, sejam em pastorais e movimentos, ou associações, comunidades e obras sociais. Francisco Plácido Borges Júnior, 50 anos, é advogado e membro do Movimento Político pela Unidade, dos Focolares, cujo objetivo é suscitar uma corrente de prática política pela construção do bem comum. “O movimento tem dado uma inestimável contribuição para o amadurecimento da vida política; levamos a mensagem de que a luta não é pela conquista do poder a fim de servir-se dele, mas um serviço à população”, explicou. Na capital o grupo se reúne com políticos na Assembleia Legislativa e em outros quatro locais.

A aliança fé e vida move a leiga Ana Amélia de Oliveira, 70 anos, membro da Pastoral da Criança. Ela declara seu amor incondicional ao trabalho que desempenha porque acredita nos benefícios que a pastoral desenvolve nas comunidades e no seio familiar, de modo especial junto aos mais carentes.
“Nós estamos presentes nas comunidades e acompanhamos gestantes e crianças de 0 a 6 anos de idade; formamos voluntários e realizamos ações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania”. Encontros mensais, chamados de Celebrações da Vida, são realizados pela Pastoral da Criança nas comunidades onde acontecem recreações, pesagem de crianças, rodas de conversas, momentos de espiritualidade. Aproximadamente 1.160 a 1.420 crianças são acompanhadas e pesadas por 183 voluntários em 30 paróquias na Arquidiocese, mensalmente.

Catequista há três anos e há dois coordenadora na Paróquia Nossa Senhora da Assunção do bairro Itatiaia I, em Goiânia, Luciana Gonçalves de Souza Damázio, 39 anos, comenta a importância da missão que recebeu das mãos de Deus. “Ser catequista é ser leigo e a catequese é uma prioridade para a Igreja porque forma os futuros cristãos e membros da sociedade, por isso somos responsáveis por levar as crianças, jovens e adultos a trilharem os caminhos do bem”.

Leigos

De grego laikós e do latim laicus. Na Idade Média era empregada a palavra laos que significa “multidão”. A partir do Concílio Vaticano II a Igreja pretendeu superar essa compreensão e a distância entre o povo e o clero, mencionando, na Constituição Dogmática Lumen Gentium, que leigos são o povo de Deus: “todos os cristãos, exceto os membros de Ordem sacra e do estado religioso aprovado na Igreja”.




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