Resenha - Filme, Boa Noite, e Boa Sorte

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quarta-feira, 14 de março de 2012

Caracterizado pela originalidade, "Boa Noite, e Boa Sorte" foi produzido num ambiente de cinema estereotipado como é o caso da fábrica de sonhos, Hollywood. De cunho totalmente crítico, o filme designa a liberdade de imprensa e paralelamente a liberdade democrática. Os bastidores da redação de jornal estão presentes a todo o momento. Desde as reuniões de pauta à luta de vincular os patrocinadores e a verdade dos fatos.

O filme com ar de narrativa documentária inicia ao som do jazz dos anos 50. Ambiente de festa com trajes de gala. O cigarro dá o tom de charme à narrativa de todo o filme e o preto e branco, por opção, anunciam as cores tradicionais do jornal impresso que por sua vez será o caminho onde os idealizadores observarão o impacto causado pela programação.

O dever do jornalismo com a verdade está presente no desenrolar dos fatos que se centraliza na busca de Edward R. Murrow (David Strathairn) e sua equipe de jornalismo na corrida desenfreada de desmascarar as falcatruas, do que na década de 50, chamou-se de Marcathismo: perseguição a pessoas acusadas de simpatia ao comunismo e de realizar atividades anti-norte-americanas. Esse movimento ganhou tal identidade porque foi iniciado pelo então senador Joseph McCarthy que acreditava que os Estados Unidos, depois da guerra fria eram perseguidos pelos ideais comunistas da União Soviética.

“Boa Noite, e Boa Sorte” comete uma falha em não contextualizar esse fato histórico. Uma vez que essa decisão exige do espectador o conhecimento em outras fontes do que acontecera no cenário político de então para só assim entender o porquê daquela programação.

Outro ponto significativo para o jornalismo é a apresentação dos dois lados do fato em questão, pois o programa de aspecto contundente cede espaço ao senador Joseph McCarthy para defender-se das acusações de perseguição sem precedentes levantadas por Edward. Esse fato soa como um embate entre os dois lados de uma notícia. Onde apenas a verdade prevalecerá.

Numa sacada genial, o diretor Clooney não representa o senador McCarthy por meio de atores, mas resgata os seus depoimentos originais, dando mais veracidade e credibilidade à narração. O filme sugere um espaço para o espectador pensar a televisão dos dias atuais, pois o tema leva a um questionamento sobre a presente programação que temos e aquela à qual almejamos.

A saudação sempre ao término de cada programação (Boa noite, e boa sorte) remete a um questionamento do momento incerto e o discurso final de Edward R. Morrow, “a televisão está fadada a ser somente uma caixa preta e luminosa”, nos leva a exigirmos uma mediação mais presente nos anseios democráticos.



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