Por que informações falsas se tornam verdadeiras na Rede

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quinta-feira, 22 de março de 2012
Não precisa muito para que uma informação falsa se torne verdadeira, basta que trate de um assunto relevante, contenha informações lógicas e possíveis e uma fotografia que comprove. Pronto, o falso torna-se verdadeiro. Na internet esse mal tem se tornado ainda mais evidente, de modo especial através das Redes Sociais. Para constatar isso, basta relembrar algumas mentiras que se tornaram verdadeiras, mesmo que em poucos dias ou minutos.

A notícia de que o promoter, Amin Khader, havia morrido em novembro do ano passado, foi divulgada na imprensa brasileira. No mesmo dia, descobriu-se que não passava de uma mentira.
Em fevereiro deste ano, foi divulgada no Facebook uma foto de que uma mãe indiana deu a luz a 11 filhos de uma só vez. A foto era real, mas a história, falsa.

Outra foto bastante divulgada foi a do ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, lendo o Livro Aleph ,de Paulo Coelho, de ponta cabeça. Outra mentira.

Informações falsas se tornam verdadeiras por uma série de questões: no caso de notícias, por que os jornalistas são pressionados a buscar o furo e nem sempre esgotam a apuração das informações. Já as Redes Sociais são o espaço propício para esse tipo de brincadeiras. Divulga-se uma informação, o público gosta, e espalha-se pela web como verdade.

Geralmente as informações trazem nomes de pessoas, organizações ou empresas conhecidas; o próximo passo: o assunto abordado interessa a muitas pessoas; citam nomes de pessoas para ganhar credibilidade, mas há um problema: nunca trazem o autor da informação.

A última história com essas características foi divulgada nesta quarta-feira, 21 de março. “Os brasileiros estão estragando o Facebook”, diz fundador. Esse foi o título da matéria divulgada por vários meios de comunicação que caíram na pegadinha; entre eles, o portal da TV Transamérica, o site Alagoas 24h, o portal Stylo, de Palmas (TO), entre outros. Além de milhares de usuários no próprio Facebook.


Como se pode observar:

A matéria é lógica;
Faz todo o sentido, no que diz à forma como os brasileiros usam a rede social;
Cita o nome de figuras e empresas importantes: fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, e o canal CNN.

Mas há algumas falhas:
O Facebook cresce 300% no Brasil;
No fim de
2011 o país registrava 35 milhões de usuários;
O Brasil é o quarto em número de usuários no mundo.

Claro que o criador do Facebook não ia dizer que os “brasileiros estragam a rede social”, que “qualquer serviço na Internet que tenha usuários brasileiros, em grandes proporções, vira um problema” e que “o canal de notícias CNN disse que Mark Zuckerberg está triste com o comportamento dos brasileiros na rede social Facebook”, apesar de muitos concordarem que o Facebook segue alguns comportamentos que destruíram o seu principal concorrente no Brasil, o Orkut.

A notícia foi publicada no site G17, um portal de humor que deixa claro aos leitores sobre o teor do seu conteúdo. “G17 é um site de humor e as notícias aqui publicadas não podem ser levadas a sério ou, servir de fonte de informação, pois se tratam de sátiras e ficção”. Porém, mesmo sabendo disso, informações continuarão saindo na rede, sendo divulgadas como verdadeiras, porque as pessoas não vão atrás da fonte de informação, não estão acostumadas a isso. E, se há lógica, nomes de pessoas importantes envolvidas, continuarão sendo verdadeiras. No caso da notícia do Facebook, prevaleceu o famoso Control C x Control V. O resto, a web fez.




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