"Jornalismo econômico", um livro de introdução ao assunto

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segunda-feira, 19 de março de 2012

Dividido em cinco grandes capítulos, a obra da experiente jornalista Suely Caldas é um passeio pelo jornalismo econômico. Em 136 páginas, Suely fala da imprensa a partir de vários ângulos: época da ditadura militar no Brasil; estereótipo do jornalista econômico; linguagem de TV; sua experiência em grandes jornais, e uma pitada do jornalismo econômico.

A autora fala de economia nas páginas de jornais por um ângulo bastante singular, com base em sua longa experiência na área. Apuração, contato com fontes, desconfiança, são pontos bem tratados no decorrer da obra. O Estado Novo de Getúlio Vargas é citado como um dos tempos mais difíceis para se escrever sobre economia no país. Segundo Suely, foi um tempo de impulso à economia, mas também foi um momento de grande censura a números oficiais do Governo.

A década de 1950 foi uma data que o jornalismo econômico prosperou, pois a economia brasileira crescia de forma intensa. Mas a censura continuaria a atrapalhar. “Foi principalmente a partir do Ato Institucional Número 5 (AI-5), em 1968, que os militares decidiram intervir diretamente na imprensa e controlar as notícias, proibindo a publicação de assuntos que eles elegiam de acordo com seus interesses específicos” (CALDAS, Suely. 2008)

Jornalismo Econômico é uma obra para se aprender através da experiência de nomes renomados do jornalismo brasileiro. Suely afirma de forma categórica que há necessidade sim de formação jornalística para ser um bom profissional. “A formação do jornalista não deveria ser imprevisível nem improvisada, mas às vezes, é” (Suely. P. 32). A autora critica as faculdades que só querem o dinheiro, mas não oferecem uma estrutura mínima para a formação do futuro profissional. Sobre a especialização, ela diz que uma das melhores opções para se aprofundar na área é freqüentar cursos oferecidos por empresas da área: Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), Bovespa, IBGE e entidades empresariais. “Em geral gratuitos, esses cursos interessam ao jovem jornalista e também ao organizador, preocupado em se relacionar com profissionais qualificados, que conheçam economia e aquele setor específico” (Suely. P. 33).

Outro dado importante mostrado na obra é a questão salarial do jornalista econômico. Segundo a autora, os salários variam muito no país; mas, nas grandes empresas de jornais: Valor, Estadão, Folha, O Globo e revistas especializadas, o salário médio é próximo de 16 mínimos. Em Brasília varia entre 32 e 40 salários, aproximadamente.

Sobre termos diretamente ligados à Macroeconomia, Suely explica alguns ao mesmo tempo em que afirma ser imprescindível conhecer esse sistema que está impregnado à economia brasileira. O alimentador do jornalismo econômico brasileiro é a Macroeconomia, segundo ela. Suely diz que muitas pessoas acham chato ler no jornal sobre Macroeconomia. Ela até faz a sugestão de se escrever sobre microeconomia, mas ressalta dizendo que é impossível, no Brasil, por ser o primeiro sistema aquele que rege a economia nacional. Tem um impacto maior sobre os brasileiros.

Entre os termos explicados por Suely, está: “Inflação [média dos preços que sobem mais do que caem]; deflação [contrário de inflação. Os preços caem mais do que sobem e o índice fica abaixo de zero]; câmbio [expressão em reais do valor das moedas estrangeiras no Brasil. Devido à influência da economia dos EUA no Brasil e no mundo, a taxa mais usada no Brasil é expressa em dólar norte-americano]; Produto Interno Bruto (PIB) [Soma de riquezas produzidas pelo país. É dividido em quatro áreas: indústria, comércio, agricultura, e serviços]”. (Suely. P.62). Além desses dados, Suely explica o significado de renda per capita; taxa de juros; déficit fiscal nominal; superávit primário; balanço de pagamentos; saldo ou déficit da balança comercial e risco Brasil.

“O jornalismo econômico não é feito só de déficit público, inflação, taxa de juros ou risco Brasil. Mas é essencial o domínio desses indicadores e do funcionamento dos mecanismos da economia para lidar com fatos que, aparentemente, nada têm a ver com eles” (Suely. P. 63)
A autora dedica um capítulo ao jornalismo econômico on-line, o qual ela acrescenta que tem crescido bastante nos últimos anos. Como exemplo de sucesso na área, Caldas apresenta o jornalismo econômico garantido pela Agência Estado (AE), no mercado com um trabalho diferenciado, conforme explicado no livro pelo diretor-editorial da AE, Eloi Gertel. “Não havia informações em tempo real produzidos no Brasil e dirigidas a brasileiros. O primeiro efeito foi acabar com os boatos das quintas e sextas-feiras, que infernizavam a economia, derrubavam mercados, destruíam poupanças. Os boatos desapareceram porque a informação estava presente em todas as mesas de operação, nos ministérios, nos governos, acessível a todos que lidam com ela. Boatos hoje são imediatamente confirmados, desmentidos, esclarecidos”.
Relevância da obra

O livro alcança o objetivo de mostrar o caminho do jornalismo econômico aos futuros jornalistas. Dá pistas e aponta onde começa e onde termina essa editoria. Explica sobre aspectos intrínsecos da profissão e os degraus necessários para alcançar a excelência na redação de jornalismo econômico, seja ela em qualquer veículo. O livro de Suely é importante por ser uma obra que não está cercada de teorias, mas da vida prática da autora e de experiências de colegas e de grandes matérias do ramo, vencedoras dos melhores prêmios do país.



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