“Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”

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sábado, 28 de junho de 2014


Não é de hoje que a Igreja no Brasil se preocupa com o tema “Renovação Paroquial”. Em 1962 foi implantado o chamado Plano de Emergência com o objetivo de revitalizar as paróquias. Dois anos depois, o tema da Campanha da Fraternidade seria “Igreja em renovação”, uma abordagem sobre o mesmo assunto. Outras campanhas vieram trazendo o mesmo enfoque e desde então, refletir sobre as comunidades formadas nas paróquias tornou-se constante.

Este ano, após dois longos anos de estudo, discussões, revisões e alterações, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou o seu documento de número 100, “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”, aprovado para publicação durante a 52ª Assembleia Geral, que aconteceu em Aparecida (SP) de 30 de abril a 9 de maio.

O texto é um trabalho árduo dos bispos do Brasil, voltado para as paróquias, bases para a ampliação e formação de pequenas comunidades de discípulos missionários convertidos pela Palavra de Deus. A Igreja, através desse documento, tem em mãos uma proposta-base de pensar e levar a cabo a formação de modelos sempre atuais de evangelização. A paróquia, nesse âmbito, é via indispensável para a urgência da vivência cristã em estado permanente de missão.

Dom Waldemar Passini, bispo auxiliar da Arquidiocese de Goiânia, também acompanhou os estudos e o processo de elaboração do texto. O documento é importante, de acordo com ele, porque a paróquia é o ambiente onde se dá, de forma mais intensa, a vida da Igreja Católica.  “As pequenas comunidades oferecem um ambiente de acolhida calorosa aos membros, permitem que se estabeleçam novos processos de iniciação cristã, com maior conhecimento da doutrina cristã, valorizando a leitura orante da Palavra de Deus e outros momentos de oração, e abrindo-se ao serviço missionário mais articulado”, explicou.

Na visão do prelado, a Igreja sempre irá investir na paróquia, primeiro porque proporciona a proximidade dos membros das comunidades, conforme ele explicou e depois porque se trata de um modelo atual de evangelização. “O modelo paroquial é atual, desde que haja atenção aos apelos próprios de cada tempo. Onde há entusiasmo pelo Evangelho, disponibilidade para o serviço ao próximo, capacidade de acolhimento e de oferta da iniciação à vida cristã, podemos dizer que ali tempos paróquias atualizadas”.

Pároco em Cristianópolis e em São Miguel do Passa Quatro (GO), o padre Wenefredo Soares Filho, vê com bons olhos o novo documento sobre a renovação das paróquias lançado pelos bispos. Ele diz que é preciso observar a realidade de cada comunidade para a aplicação das propostas de conversão paroquial presentes no documento. A renovação paroquial se faz necessária através das “metodologias pastorais, da incitação à capacidade criativa dos presbíteros e dos leigos para encontrar novas respostas e soluções evangelizadoras”.

Concorda com o padre Wenefredo, o pároco da Paróquia Nossa Senhora Rosa Mística, do Setor Bueno, em Goiânia, o padre João de Bona. “Sem dúvida tornar a paróquia uma ‘comunidade de comunidades’ é o caminho exatamente para vencer o individualismo, o comodismo, e a falta de um engajamento maior dos próprios cristãos católicos na vida eclesial e também social e política”, disse.

O documento

Com 166 páginas, o documento 100 “Comunidade de Comunidades: uma nova paróquia” é composto de seis capítulos: sinais dos tempos e conversão pastoral; Palavra de Deus, vida e missão nas comunidades; surgimento da paróquia e sua evolução; comunidade paroquial; sujeitos e tarefas da conversão paroquial e proposições pastorais.

O capítulo 4, Comunidade Paroquial, explica a essência da comunidade cristã que, nascida no seio da paróquia e inspirada pelo Espírito Santo, tem significado particular. Essa singularidade faz dela, por exemplo, diferente de comunidades sociais ou políticas. Ressalta ainda que a paróquia é o espaço privilegiado da comunhão de pessoas.

Proposições pastorais é o último capítulo do documento. Apresenta pistas para a conversão paroquial, através de ações como acolhida e vida fraterna, iniciação à vida cristã, leitura orante da Palavra, liturgia e espiritualidade, incluindo  o funcionamento da paróquia, seus conselhos, organização e manutenção.

Visão do futuro padre

Seminarista do terceiro ano de teologia do Seminário Maior São João Maria Vianney, da Arquidiocese de Goiânia, Renato Eduardo da Silva, em breve também será pároco. Pelo caminho terá o desafio de trabalhar em comunidade e dar continuidade à missão de Jesus Cristo no núcleo paroquial. Sobre o documento, vê como uma proposta ousada de desenvolver “comunidades de fiéis católicos que vivem de Jesus, em torno da Palavra e da Eucaristia, numa dinâmica fundamentalmente fraterna e missionária”. Uma de suas preocupações é: “não cair no risco de implantar modelos próprios na paróquia”, já que “existem indicações para a organização paroquial, como o documento 100 da CNBB”.

A paróquia é feita de pessoas engajadas na sociedade

O modelo paroquial pensado para os desafios dos nossos dias, conforme Dom Waldemar, é aquele formado de “núcleos com maior presença junto às famílias nas ruas e nos hospitais, creches, além do comércio local”. Para dar certo, continuou explicando, “exige muita coordenação, mais contato pessoal, aproximação das situações particulares, levando a Boa Nova”. Sintetizando, isso quer dizer “uma paróquia orgânica, com a participação das pessoas com as devidas responsabilidades, mais orante, com a valorização da mística da unidade e da fraternidade”, sem deixar de lado os inseridos e engajados na Igreja, as pessoas afastadas por motivos diversos, e até mesmo aqueles que não acreditam em Deus.

O documento 100 pode ser adquirido em livrarias católicas presentes na Arquidiocese de Goiânia ou pela internet, no site das Edições CNBB www.edicoescnbb.com.br

Pontos fundamentais do documento

Análise da realidade paroquial
Reflexão histórica e teológica sobre a paróquia
Dimensão comunitária
Conversão paroquial e pastoral
Significado da paróquia




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