Batismo: mergulhar para renascer em Cristo

/
domingo, 5 de abril de 2015

No Rito do Batismo são gerados os novos filhos da Igreja. Neste domingo em que Cristo venceu a morte e morte de cruz, em que a Igreja celebra a Páscoa do Senhor, coração da liturgia e da vida da comunidade católica, apresentamos o rito do Batismo. Mas por que no dia de hoje? Porque o Batismo e a Páscoa têm uma relação profunda que remonta ao início do Cristianismo. Nos primeiros séculos, as comunidades aguardavam a chegada da Páscoa para serem batizadas, mas, com o crescimento da Igreja, eles passaram a ser feitos nos domingos, páscoas semanais.

Que o Batismo é porta de entrada para os outros sacramentos, já sabemos (edição 45), mas é no rito que essa dimensão se torna clara. Nos ritos iniciais do Batismo, pais e padrinhos são recebidos em procissão pela comunidade, símbolo da sua entrada para a vida cristã. O ministro chama o batizando pelo nome e em seguida o acolhe perguntando aos pais e padrinhos o que eles pedem à Igreja de Deus ao seu filho; e a resposta deve ser “o Sacramento do Batismo”.

Segundo o monsenhor Luiz Lôbo, professor de teologia e mestre em Sacramentos, esse momento carregado de simbologia precisa ser entendido. “É na procissão de entrada que será acolhido um novo filho da Igreja e os pais e padrinhos precisam saber que o rito fala por si mesmo”. É no momento em que o ministro coloca água na cabeça do batizando que o novo cristão é gerado. “Batismo significa encharcado, para nós cristãos, é mergulhar no mistério pascal de Cristo, morrer para o pecado e ressuscitar para a vida nova”, explica.

O aspecto mais importante da liturgia do Batismo, porém, está na forma e na matéria desse Sacramento. “O símbolo principal do Batismo são as palavras pronunciadas pelo ministro da Igreja, ‘eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo’, que é a forma; sem estas palavras não existe sacramento e a água vira uma matéria qualquer”, pontua o monsenhor Lôbo.

A pia batismal é o útero onde a mãe gera os seus filhos, por isso, o monsenhor alerta para o respeito que dever ser conferido ao ambiente do batistério. “Deve ser um lugar conservado, bem cuidado, bonito e de destaque na Igreja porque é um espaço sagrado onde renascemos em Cristo”. A simbologia de mergulhar na água aparece também na epiclese, quando o ministro invoca o Espírito Santo para santificar a água. “Neste momento o Círio Pascal é mergulhado e o ministro pede a força do Espírito Santo para que a água seja portadora da força de Cristo ressuscitado na pessoa que é batizada”.

A presença do Círio Pascal na cerimônia de Batismo lembra que este é um Sacramento que nos coloca em comunhão com o mistério pascal de Cristo. Esse ritual aparece também na liturgia da água, na Vigília Pascal, dia em que, nos primeiros idos da Igreja, os cristãos eram batizados, crismados e recebiam a primeira eucaristia.

Renúncia e profissão de fé

Aos pais e padrinhos, no caso do Batismo de crianças, cabe renovar as promessas batismais, renunciar a todas as forças do mal, aceitar Jesus como único salvador e assumir o compromisso de ajudar a criança a seguir Jesus Cristo, por isso, não faz sentido escolher padrinhos que não têm vivência cristã (edição 46). “Como os padrinhos vão ajudar a criança a seguir Jesus se ele não tem vivência? Isso tem que estar muito claro na Pastoral Batismal”, exorta monsenhor Luiz Lôbo. E na profissão de fé, pais e padrinhos e/ou o batizando, no caso de adulto, professam publicamente perante a Igreja a sua fé em Deus.

Perguntado sobre a importância que deve ser dado ao rito do Batismo, o monsenhor declarou que qualquer cobrança da Igreja, sem a devida formação dos pais e padrinhos é vã, já que só se descobre o valor do Sacramento a partir do conhecimento. “Nós só vamos valorizar o Batismo quando nós, adultos, pais e padrinhos, o padre, tivermos uma vivência cristã mais profunda; quando entendermos que os símbolos foram feitos para falarem por si mesmos como gestos do Cristo ressuscitado e quando for valorizado o Rito de Iniciação Cristã de Adultos (Rica), este que irá fortificar também a iniciação cristã dos adultos no Batismo, Eucaristia e Crisma”, sintetizou.

Símbolos do Batismo

Vela acesa – simboliza a atenção do cristão à espera do Senhor e que o batizado se torna luz para o mundo com o seu testemunho, sua vida, e sua maneira de viver a fé.
Sal – Se relaciona com a vela acesa e está ligado à passagem bíblica, “Vós sois o sal da terra (Mt 5,13). O cristão está no mundo para dar gosto, sentido e esperança.
Veste branca – vida nova do cristão batizado que é chamado conservá-la pura sem a mancha do pecado até a vida eterna. Os primeiros cristãos permaneciam com as vestes até o domingo seguinte com a missão de não deixá-la sujar para mostrar que conservavam a graça que receberam no Batismo.
Unção com óleo – A unção com o óleo do Crisma simboliza o sinal da verdadeira consagração a Deus que torna os batizandos participantes da missão profética, sacerdotal e real de Cristo, o ungido.

Tira-dúvidas

Por que nossos padres “renovados carismáticos” estão pregando uma desvalorização dos nossos Sacramentos e valorizando este Batismo do Espírito Santo? Se eu sou “Templo do Espírito Santo”, não preciso gritar, dançar, pular, mas só zelar do Templo para ser digna dele (Leni Bueno de Freitas, Parque Amazônia – Paróquia Cristo Ressuscitado)

Resposta: Estimada irmã. Antes de responder sua pergunta, torna-se necessário esclarecer alguns termos. Vejamos:

A) É ambíguo dizer padres carismáticos, ou isso ou aquilo. Todos são padres que estão atuando na Igreja; são padres católicos, em comunhão com a Igreja, com o nosso Bispo. Professam um só Batismo para a remissão dos pecados como rezamos no credo niceno  constantinopolitano.

B) A palavra  Batizar significa mergulhar, entrar de cheio, participar totalmente da realidade. É certo dizer que nós recebemos o Espírito Santo no Batismo. Desde os primeiros anos do Cristianismo, Batismo e Espírito Santo aparecem profundamente ligados. No Novo Testamento encontramos a expressão Batizar no Espírito Santo (Mt 3,11; Mc1,8; Lc 3,16; Jo 1,33; At 1,5;11,16).

Os dois elementos constitutivos do Batismo são água e Espírito, portanto, a dimensão do Espírito é uma peça chave na Teologia do Batismo. Não existe um segundo Batismo, mas quando falam em Batismo no Espírito, os nossos carismáticos falam de um reavivamento, de um acordar, de um maior vigor e aceitação, pela  conversão autêntica dos dons do Espírito Santo que estão presentes em nós, porque, de fato, somos o Templo do Espírito Santo. (Monsenhor Luiz Lôbo)

Fotos: Edmário e Caio Cézar



Os comentários serão administrados pelo autor do blog. Conteúdos ofensivos ou afirmações sem provas contra terceiros serão excluídos desta página.

Comentários