Batizados: sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13)

/
domingo, 12 de abril de 2015


Segundo São João Paulo II, “a liturgia e a vida são realidades indissociáveis. Uma liturgia que não tivesse reflexo na vida se tornaria vazia e certamente não agradável a Deus”. Com o rito do Batismo são gerados os novos filhos da Igreja (edição 46) e o cristão dá início a uma vida nova em Cristo Ressuscitado.

A partir do Batismo começa a missão do batizado. Se criança, cabe aos pais e padrinhos se comprometerem a educá-la na fé da Igreja. Se adulto, o único caminho é seguir Jesus (Jo 14,6) – independente se sacerdote, religiosa ou leigo. O dilema da Igreja é formar os fiéis para que eles entendam que abraçar o Sacramento implica assumir uma missão. O rito em si mesmo, portanto, sem reflexo na vida, de nada serve. “O fim último não é a celebração dos Sacramentos, mas a inserção da criança e da família na vida da comunidade. Com a consciência formada e apoiada pelos pais e padrinhos, essa criança continuará dando passos importantes em sua vivência cristã, na vida da comunidade”, explica o padre Paulo Afrânio, CP, administrador paroquial na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Balneário Meia Ponte.

Ao batizado cabe a missão de ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13), ou seja, o diferencial necessário para dar sabor à vida a partir do testemunho, da vivência do Evangelho e do seguimento de Cristo. De acordo com o padre Paulo Afrânio, “a primeira comunicação do cristão com o mundo é o seu testemunho de vida”, por isso, “devemos assimilar os mesmos sentimentos de Cristo, seus critérios de vida, para espelharmos, apesar dos nossos limites, as suas atitudes”. O padre ressalta, no entanto, que o seguimento a Cristo não sugere “imitá-lo”, como numa representação teatral, “mas Cristo deve tornar-se a nossa vida, para podermos dizer como São Paulo: ‘já não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim’” (Gl 2,20).

A missão do batizado é complexa. O horizonte é vasto e cabe ao novo filho da Igreja assumir a marca que o tornou membro do corpo de Cristo. O desafio da Igreja, conforme o padre Paulo Afrânio, é colocar as pessoas em contato com Jesus Cristo, por isso é urgente desenvolver nas comunidades um processo de iniciação à vida cristã, que envolva as famílias e desperte nos católicos a vocação missionária. “O batizado é chamado a anunciar o amor do Pai que nos criou, denunciar as injustiças, a opressão, superando toda forma de egoísmo, violência e desrespeito à dignidade da pessoa humana”, enumera o padre. Isso só é possível, segundo ele, se o batizado (pais, padrinhos, adultos e crianças) assumir a vivência dos Sacramentos e da vida da comunidade.

Ainda segundo o padre, é importante lembrar que o Batismo dá todo um sentido e direção à nossa vida. “Agora depende de nós, de cada batizado, seguir o Caminho, aceitar a Verdade, viver a Vida: Jesus”.

Atividade Missionária

Segundo o Decreto Ad Gentes, a Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária. Enviada por Cristo a fazer discípulos em todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto ele ordenou. O mandato de Cristo é uma prioridade para a Igreja, mas os missionários ainda são poucos, se comparados à quantidade de pessoas no mundo, mais de 7 bilhões, das quais, 70% ainda não foi evangelizada. Dados das Pontifícias Obras Missionárias (POM) dão conta de que os missionários brasileiros no exterior são cerca de 1.200. Não há informações sobre missionários estrangeiros no Brasil, mas se sabe que eles são mais do que os brasileiros além-fronteiras.

Ide vós também para a minha vinha (Mt 20,3-4) 

A parábola do Evangelho alerta para a vastidão da vinha do Senhor e a multidão de pessoas que existe nela. Os novos filhos da Igreja são convidados a anunciar o Evangelho pelo mundo inteiro e a transformá-lo segundo os planos salvíficos de Deus. E como saber se já somos operários da vinha do Senhor? São Gregório Magno, ao pregar ao povo, comentava assim a parábola dos trabalhadores da vinha: “Considerais o vosso modo de viver, caríssimos irmãos, e vede se já sois trabalhadores do Senhor. Cada qual avalie o que faz e veja se trabalha na vinha do Senhor”.

Tira Dúvidas

O Batismo perde a validade caso o batizado não assuma sua identidade e missão de cristão?

O Batismo, bem como a Crisma e a Ordem, são ministrados uma só vez na vida, de acordo com o Cânon 845, Inciso 1, do Código de Direito Canônico, porque revestem o ser humano de Cristo (Gl 3,27), tornando-o membro de seu Corpo (1Cor 12,12-13), constituindo-o Povo de Deus. Esses Sacramentos imprimem na pessoa o que nós chamamos de “caráter sacramental”, isto é, uma “marca” para a vida toda, e para a eternidade. Por isso, só podem ser recebidos uma única vez. Sendo assim o batizado é um “marcado” por Cristo, em Cristo e para Cristo, e isso para toda a vida.  Quanto aos padrinhos, enquanto testemunhas do ato e enquanto corresponsáveis em tutelar a fé da criança batizada, a resposta da Igreja é: nem o Batismo válido pode ser excluído, nem os padrinhos.
(Padre Paulo Afrânio)



Os comentários serão administrados pelo autor do blog. Conteúdos ofensivos ou afirmações sem provas contra terceiros serão excluídos desta página.

Comentários