Padrinhos: decisivos no processo de formação cristã

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domingo, 29 de março de 2015

Os primeiros passos da criança batizada são conduzidos por pais e padrinhos que têm a responsabilidade de ensiná-la a viver o Evangelho nas diversas esferas da sociedade. O bom êxito desse processo depende de pessoas amadurecidas na fé. 

Na edição passada o Encontro Semanal abriu a série de reportagens sobre os Sacramentos, esclarecendo as principais dúvidas sobre o Batismo de crianças. Nesta, apresentamos a responsabilidade dos pais e padrinhos. O tempo é oportuno para abordar o assunto, pois estamos na última semana da Quaresma que, segundo o papa Francisco “é um tempo para nos aproximarmos de Cristo, por meio da Palavra de Deus e dos Sacramentos”.

A responsabilidade de pais e padrinhos, sem dúvida, é um dos principais aspectos a serem observados na Iniciação Cristã. Trata-se de um ponto decisivo na formação cristã. A Igreja exige cuidados e bastante atenção, sobretudo porque a criança, ao receber o Batismo, ainda não tem consciência formada e precisa de pessoas maduras na fé para garantir o bom êxito da sua caminhada cristã.
Por carregar a responsabilidade maior de educar os filhos na fé, os pais precisam ter consciência de requisitos indispensáveis antes de escolherem os padrinhos dos batizandos. Não é critério escolher somente pela amizade, ou por ser uma pessoa de posses, ou ainda aquele que poderá dar muitos presentes ao afilhado.

Segundo o padre Aurélio Vinhadele de Siqueira, administrador paroquial da Paróquia Cristo Rei em Aparecida de Goiânia, os pais escolhem padrinhos por critérios muito pequenos. Ele comenta as orientações da Igreja nesse processo. “É necessário escolher pessoas que tenham uma vida cristã; que participem da Santa Missa; se casadas, que tenham o Sacramento do Matrimônio; que deem testemunho da fé não só na Igreja, mas na sociedade”. Pais que não levam a sério essas exigências correm o sério risco de pôr a perder o processo de formação cristã das crianças. “Como padrinhos podem dar algo que não têm, aquilo que não cultivam?”, questiona. É uma questão de coerência.

Perfil dos padrinhos

Todos os dias nos preparamos para um novo desafio, uma nova experiência, momentos especiais, para seguir os caminhos necessários a fim de alcançar determinado objetivo. Na vida cristã é a mesma coisa. As limitações e o pecado impedem que sejamos perfeitos, mas é possível aprender a ser padrinho ou madrinha zeloso com o decorrer do tempo. Por isso a Igreja faz algumas exigências fundamentais para que o padrinho ou madrinha possam auxiliar o batizando que será iniciado na fé.

Orientações na escolha de padrinhos

Que sejam batizados, crismados e tenham feito a Primeira Comunhão
Que participem ativamente da vida da comunidade
Que tenham retidão na vida social, profissional e familiar e sejam coerentes com o Evangelho
Se casados, que seja pelo Sacramento do Matrimônio

As exigências feitas pela própria Igreja levam alguns pais a questionarem os padres nas paróquias. De acordo com o padre Aurélio, as pessoas falam que o papa descarta burocracias, que prega uma Igreja mais aberta. Ele explica, no entanto, que é preciso interpretar com discernimento as palavras de Francisco. “Precisamos discernir à luz do Espírito Santo o que o Santo Padre fala, independente das nossas conveniências pessoais; como eu disse, escolher padrinhos sem caminhada de Igreja é comprometer a formação cristã”.

Tira Dúvidas 

Padrinhos de Consagração

É de pouco ou vago conhecimento a figura dos padrinhos de consagração para os batizados. Muitas pessoas falam de padrinhos de segundo grau, de menos importância. Mas a verdade é que eles podem ser tão importantes quanto os padrinhos de Sacramento. Depende dos critérios adotados para a sua escolha. “Os padrinhos de consagração são pessoas que têm a fé mariana, que cultivam o mínimo de intimidade com Nossa Senhora; ao escolher esses padrinhos, os pais estão entregando o filho aos cuidados de Maria”, explica padre Aurélio.

Pastoral do Batismo


A reportagem do Encontro Semanal participou de um momento formativo para pais e padrinhos, promovido pela Pastoral do Batismo da Paróquia Sagrada Família, na Vila Canaã. Na ocasião, cerca de 160 pessoas, participaram do curso que tem duração de três horas. No encontro, dividido em dois momentos, a Pastoral trata dos seguintes temas: Querigma (primeiro anúncio); amor de Deus; história da salvação; redenção através de Jesus; inserção na comunidade; importância da figura dos pais e padrinhos para o batizado e, no segundo momento, os Sacramentos, de modo especial o Batismo. “Explicamos que os primeiros cristãos eram adultos e a primeira condição para serem batizados era ter fé; no caso da criança, ela não tem fé ainda, por isso os pais e padrinhos precisam ter uma experiência viva com Deus que os possibilitem conduzir os afilhados no mesmo caminho”, explicou o coordenador da Pastoral, Rodrigo Goes.

Fausto Pinto Magalhães, também membro da Pastoral, enfatizou que o curso a princípio, seria somente para os pais, mas a formação acabou se estendendo aos padrinhos também. “Os pais sempre escolhem os padrinhos com bastante antecedência; é um erro, pois muitos são escolhidos a partir de critérios pessoais pautados na amizade; quando fazem o curso, se dão conta de que aquele padrinho não é a melhor opção, já que a Igreja tem critérios bem definidos; no fim cabe aos pais decidirem se aquele padrinho ou madrinha tem condições de dar sequência à caminhada cristã dos filhos”, esclarece. A Igreja vê com bons olhos os afilhados que têm os mesmos padrinhos no Batismo e na Crisma. Mas isso é assunto para outra reportagem.

Instruções do Código de Direito Canônico sobre a escolha de padrinhos

Cabe aos padrinhos ajudar o batizado a levar uma vida de acordo com o Batismo e a cumprir as obrigações inerentes a ele.

Conforme o Cânon 873, admite-se apenas um padrinho ou uma só madrinha, ou também um padrinho e uma madrinha. O Cânon 874 e seus cinco artigos são muito importantes para entender as exigências da Igreja. Para assumir o encargo de padrinho é necessário ser designado pelo próprio batizando ou por seus pais; tenha completado 16 anos de idade; seja católico, crismado, já tenha recebido o santíssimo Sacramento da Eucaristia e leve uma vida de acordo com a fé; não seja pai ou mãe do batizando; quem é batizado e pertence a uma comunidade eclesial não católica só seja admitido junto com um padrinho católico, e apenas como testemunha do Batismo.

Fotos: Caio Cézar



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