Publicada em 2007, pelo sumo pontífice Bento XVI, aos bispos, presbíteros, às pessoas consagradas e a todo o Povo de Deus, a Carta Encíclica Sobre a Esperança Cristã (SPE SALVI) esclarece importantes pontos sobre a fé cristã. Dividido em sete capítulos e 81 páginas, a publicação é introduzida com a passagem da Carta de São Paulo aos Romanos (8, 24) “É na esperança que fomos salvos”.

Carregada de reflexões filosóficas e teológicas, o texto não perde a simplicidade e pode ser entendido por qualquer leigo. Segundo Bento XVI, com o dom da fé as pessoas estão munidas de uma importante arma para enfrentar o tempo presente, “ainda que custoso”. O pontífice salienta que a redenção é oferecida a todos porque nos foi dada a esperança.

Ao longo de todo o texto, fé e esperança se entrelaçam a ponto de o papa escrever que “esperança equivale à fé” e esclarece que o elemento distintivo do cristianismo é o fato de os cristãos terem um futuro, ou seja, a sua vida não acaba no vazio. O encontro com Cristo é a essência, o sentido e o fundamento da esperança. Porém, ultrapassa o entendimento humano. “A fé é a substância das coisas que se esperam; a prova das coisas que não se veem” (Santo Tomás de Aquino). O papa relata que o fato de existir um futuro além da vida na terra para os cristãos muda tudo, de modo que “o presente é tocado pela realidade futura, e assim as coisas futuras derramam-se naquelas presentes e as presentes, nas futuras”.

O texto explica também o conceito de esperança baseada sobre a fé no Novo Testamento e na Igreja primitiva; faz o questionamento “a esperança cristã é individualista?” e responde que “Feliz é o povo cujo Deus é o Senhor”, que a esperança cristã só se realiza a partir do momento que nos preocupamos com o “nós”. Para isso, orienta o Santo Padre, é importante promover a caridade, que procede de um coração puro, de uma consciência reta e de uma fé sincera (1Tm 1,5).

A vida eterna, caminho que nem todos buscam, conforme o papa afirma, por ser pensado por alguns como infinita que se tornaria fastidioso e insuportável, justamente por não ter fim, não deve ser interpretado como a vida terrena em que é calculada pelo nosso tempo cronológico, nos dias do calendário. Ele exorta que devemos pensar que é um incessante mergulhar na vastidão do ser e no amor infinito ou o instante repleto de satisfação.

Bento XVI ainda reflete sobre o sofrimento humano, ponto que ele afirma que pode ser enfrentado, mas jamais eliminado do mundo. Isso porque o sofrimento é intrínseco à vida. O motivo: a capacidade de aceitar a tribulação e nela amadurecer, cura o homem, diferente do seu evitar ou a fuga diante da dor. “Precisamente os homens, na tentativa de evitar qualquer sofrimento, procuram esquivar-se de tudo o que poderia significar padecimento, onde querem evitar a canseira e o sofrimento por causa da verdade, do amor, do bem, descambam numa vida vazia, na qual provavelmente já quase não existe dor, mas experimenta-se muito mais a obscura sensação da falta de sentido e da solidão”.

Spe Salvi é uma carta que merece ser lida por todos os cristãos, para o indispensável entender da vida cristã, da fé e da esperança. Esperança essa que nos revigora de maneira performativa (muda a vida) e não apenas informativa (comunicação de realidades). Mesmo para aqueles que fazem o seu protesto contra Deus, por causa das injustiças (pág. 68), a leitura se faz necessária para pensar sobre a verdade cristã de que, um mundo sem Deus, é um mundo sem esperança. Para entender que Deus é justiça e também graça, orienta Bento XVI, “isto podemos sabê-la fixando o olhar em Cristo crucificado e ressuscitado”.


Após quatro edições sobre o Sacramento do Batismo e uma que introduziu ao Ritual da Iniciação Cristã de Adultos (RICA), apresentamos uma proposta da Igreja que colabora diretamente para as crianças “batizadas serem sal da terra e luz do mundo” (edição 47), testemunhas do Cristo ressuscitado a partir da vivência do Evangelho.

Trata-se da Infância e Adolescência Missionária (IAM), que tem em comum com as outras três Pontifícias Obras Missionárias (POM), “o objetivo de promover o espírito missionário universal, no seio do Povo de Deus”, conforme exorta São João Paulo II, na Carta Encíclica Redemptoris Missio, sobre a validade permanente do mandato missionário.

A Infância Missionária, como é mais conhecida, hoje presente em 127 países, celebra em 2015, 172 anos de fundação. Foi criada pelo bispo francês Dom Carlos Forbin-Janson em 19 de maio de 1843, na cidade de Nancy, França, a partir do olhar sensível do bispo para com as crianças chinesas da época, que viviam em situação de miséria e sofrimento. Este, portanto, sempre foi o carisma da IAM, o cuidado e a atenção às necessidades além-fronteiras, observadas nas cores dos cinco continentes.

Protagonismo 

Mas como crianças podem desde cedo olhar para a vastidão do mundo com tamanha maturidade? Dom Carlos propôs a Paulina Jaricot, responsável pelo início da Propagação da Fé, outra Obra Missionária, a ideia de incentivar as crianças da França a recitar uma Ave-Maria por dia e doar uma moeda por mês para auxiliar crianças necessitadas de todo o mundo. Era a primeira vez na história que a Igreja confiava às crianças um papel missionário específico: salvar inocentes, para fazer delas pequenos discípulos missionários. O trabalho continua. No ano passado, as POM do Brasil arrecadaram com os cofrinhos missionários, espalhado por todo o país, mais de 10 mil reais, enviados para ajudar as crianças mais necessitadas em todo o mundo.

O Encontro Semanal entrevistou o secretário nacional da IAM, padre André Luiz de Negreiros, que destacou a importância da Obra para a dimensão missionária. “É a menina dos olhos, pois essas crianças e adolescentes assumirão futuramente a sua vocação missionária nas comunidades e além-fronteiras”.

Na Arquidiocese de Goiânia, a Infância Missionária está presente há 22 anos e atua hoje, em 15 paróquias, com 35 grupos e conta com 350 crianças e adolescentes missionários. “Nosso maior desafio é conseguir pessoas que se comprometam com esse importante trabalho”, diz a coordenadora arquidiocesana, Edna Moreira de Carvalho. Ao comentar sobre a identidade da criança missionária, ela não economiza palavras. “Você conhece de cara a criança da Infância e Adolescência Missionária porque é um ser especial, diferente, comprometida com o próximo, atenta aos problemas do mundo, estudiosa e educada, que respeita os colegas, os mais velhos e a natureza”. São João Paulo II também via o potencial da IAM. “É o fruto novo no coração da Igreja. Já no presente as crianças e adolescentes dão sinais de que podem também construir um mundo melhor”.


Testemunhos

Mariana Faleiro, 10 anos, da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, da Vila Nova, participa da IAM há três anos. Apesar da pouca idade, ela demonstra maturidade e revela o seu amor pelas missões e pelas crianças do mundo inteiro. “Eu amo a Infância Missionária porque se preocupa com as crianças abandonadas, fora da escola e nas ruas; se eu pudesse, todas participavam dessa Obra maravilhosa e todas as paróquias teriam grupos”. Quando adulta, ela já sabe o que vai ser. “Estilista e missionária; quero poder ir a outros países, conviver com pessoas que sofrem e ajudá-las”.

Com 14 anos, Mariana Souza, já tem mais de quatro anos na Infância e Adolescência Missionária, caminhada que ela vê como fundamental para a sua vida cristã. “Eu aprendi a me comunicar, a respeitar o próximo e a me dedicar mais aos estudos”, conta. Os sofrimentos do mundo também a preocupam “É muito triste ver tantas crianças sofrendo no mundo, por isso eu ajudo com o cofrinho, partilhando o que eu tenho com os mais necessitados”.

Padre André acredita no protagonismo missionário a partir dos primeiros anos de vida, mas ele ressalta que a Igreja precisa conhecer mais a Infância e Adolescência Missionária. “A Igreja precisa conhecer a IAM e os demais trabalhos infantis, pois as crianças carregam uma responsabilidade muito grande também na evangelização; infelizmente as crianças e adolescentes são vistos como ‘enfeites’ de missas, procissões ou eventos e não como missionários que atuam nas bases”. No Brasil, a Obra está presente em todos os estados, com 30 mil grupos e 700 mil crianças e adolescentes envolvidos.

Programa de Vida

1 – Tornar Jesus conhecido e amado
2 – Colocar-se à disposição de todos com alegria
3 – Repartir os nossos bens com os que não têm, mesmo à custa de sacrifícios
4 – Rezar todos os dias pelas crianças e adolescentes do mundo inteiro
5 – Louvar a agradecer a Deus pelos dons recebidos
6 – Manter-se bem informado sobre os acontecimentos que envolvem as pessoas em todos os continentes
7 – Reconhecer o que é bom na vida e cultura dos outros povos, respeitando-os e valorizando-os
8 – Ser bem comportado e responsável em casa, na escola, na comunidade, evangelizando com o exemplo da própria vida
9 – Nunca desanimar diante das dificuldades
10 – Tornar Nossa Senhora, mãe de todos os povos, conhecida e amada


“Valorizar e promover a pessoa idosa, dando-lhe a oportunidade para melhorar sua qualidade de vida, respeitando seus direitos por um processo educativo integrado à sua família e à comunidade”. Essa é a missão da Pastoral da Pessoa Idosa (PPI), que no ano passado celebrou 10 anos de fundação.

“Na prática, quer dizer fazer visitas domiciliares, para dar atenção às pessoas que vivem à margem da sociedade, com orientações espirituais, de saúde, prevenção de acidentes, cuidados com a prevenção de doenças, e orientações quanto ao exercício dos direitos constitucionais de cidadania, além de fornecer dados sobre a situação dos idosos no Brasil ao Ministério da Saúde”, explica o coordenador arquidiocesano da pastoral Elesio Dino Fonseca.

A pastoral atua na Arquidiocese de Goiânia desde 2005. Já esteve presente em 22 paróquias, mas foi reduzida a três. Elesio diz que são inúmeros os desafios para manter a PPI. “Devido a dificuldades financeiras e também pela falta de voluntários, o trabalho foi praticamente interrompido, permanecendo apenas em três paróquias”.

Frutos

Atualmente a pastoral conta com um representante no Conselho Municipal da Pessoa Idosa de Goiânia e de Trindade. A PPI também se orgulha de ter participado dos esforços que culminaram com a criação da Delegacia de Proteção ao Idoso de Goiânia e ter colaborado, em anos passados, com a Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) na distribuição de cobertores aos necessitados.

Recentemente a pastoral participou de um dia de palestras para pessoas idosas, realizado no Céu das Artes em Trindade, em que esteve presente representante da Administração Municipal, uma pedagoga, um fisioterapeuta, entre outros, motivando a realização de exercícios físicos, a prevenção de acidentes domésticos e a leitura.

Os voluntários são os chamados líderes comunitários, que são enviados em missão e têm como ponto central visitas às pessoas idosas, com 60 anos de idade ou mais, em especial àquelas em condição de fragilidade e situação de pobreza e abandono. O lema da pastoral baseia-se no versículo 12 do Salmo 90 (89), “Ensinai-nos a bem contar os nossos anos, e dai ao nosso coração sabedoria!”, em que o salmista apresenta uma visão realista e questiona: “O que é a vida humana perante a eternidade de Deus?”. Surge, então, a súplica para que o Senhor preencha essa vida breve com alegria, júbilo e sabedoria.

Reestruturação 

De acordo com Elesio, a nova agenda de trabalho e de formação de novos líderes está sendo elaborada. A coordenação irá realizar uma reciclagem para os voluntários já treinados no segundo semestre deste ano. Em dezembro do ano passado, já houve uma assembleia da pastoral, no Centro Pastoral Dom Fernando (CPDF). A PPI estuda também a possibilidade de convidar outras pastorais e grupos de leigos ou ministérios que já fazem visitas domiciliares para se juntarem aos trabalhos.

Números

A pastoral atendeu no ano passado 171.515 pessoas no Brasil e 3.165 no Estado de Goiás. Na Arquidiocese de Goiânia foram 276.
Mais informações no site www.pastoraldapessoaidosa.org.br. A PPI em Goiânia está presente na seguinte página: www.facebook.com/ppigoiania

Natural de Cumari (GO), monsenhor João Dias Netto, 86 anos, era o primogênito da família de 16 irmãos, hoje nove vivos. Funcionário público da Empresa de Correios e Telégrafos, até 1992, o seu sonho sempre foi “servir ao Senhor como padre”, como bem revelou em entrevista sua irmã mais nova, Maria das Graças Araújo, 66 anos, com quem morava no centro de Goiânia.

Monsenhor João Dias nasceu com a vocação sacerdotal, conforme declarou a irmã, mas seu pai, João Dias Araújo, não deixava o filho ingressar no seminário. “De tanto o meu irmão insistir, papai deu de presente a ele a permissão para realizar o seu sonho em 1950”. Mas o pai veio a falecer no ano seguinte, em maio de 1951. Agora, arrimo da família, o sonho sacerdotal teve que ser novamente adiado. Daí em diante ele seria pai e irmão.

Em 1988 falece a mãe, Maria Luzia de Araújo, de quem sempre cuidou. Depois disso, ele começou um curso intensivo devido à idade, em busca do sacerdócio. O arcebispo emérito, Dom Antonio Ribeiro, disse que ia ordená-lo diácono permanente, mas o monsenhor queria ser padre. “Ele continuou o curso e eu o ordenei em 24 de março de 1994”, comenta o arcebispo. “Monsenhor João Dias era um sacerdote muito zeloso, dedicado e fiel à Igreja”, elogia Dom Antonio.

Na última quinta-feira (16) encerrou-se na terra a peregrinação e a bela história vocacional desse padre da Igreja de Goiânia que por último foi vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora (Catedral) e também prestava serviços pastorais nas Paróquias São Pedro e São Paulo, da Vila Finsocial e Nossa Senhora da Libertação, do Jardim Liberdade. Monsenhor João faleceu em decorrência de uma parada cardíaca, no Hospital Santa Helena. A missa de corpo presente foi celebrada na Catedral por Dom Antonio e o sepultamento aconteceu logo depois, no Cemitério Santana, na capital. Monsenhor João Dias tinha 21 anos de sacerdócio. No fim da entrevista, Maria das Graças, a irmã, confessou: “Agora, sim, eu fiquei órfã e sinto muito”. É que o pai faleceu no ano seguinte ao seu nascimento e o padre era, de fato, o pai dela.


Os cidadãos de quaisquer sociedades são portadores de garantias e privilégios do direito internacional e das constituições nacionais: liberdade individual, livre pensamento e fé, liberdade de ir e vir, liberdade de palavra, direito à justiça e à propriedade, direito ao trabalho, à educação e à saúde.

A cidadania é salvaguardada por três direitos: civis, políticos e sociais. Analisando esses três tipos e, considerando que a cidadania consiste na sua conquista, o grajauense, infelizmente, é um cidadão incompleto, principalmente do ponto de vista dos direitos sociais. São eles: direito à saúde, à educação básica, a programas habitacionais, transporte coletivo, previdência, acesso ao sistema judiciário, previdência, lazer.

Mesmo que reconhecidos como direitos dos cidadãos apenas no século passado, em Grajaú vemos a usurpação da maioria deles. Na saúde temos o exemplo da maternidade do Hospital São Francisco de Assis, fechada desde 12 de janeiro por falta de organização política e diálogo. É um direito básico negado às classes pobres que representa a grande fatia da população de Grajaú e Região. O jurista e ex-ministro da Fazenda no Governo Itamar Franco, Rubens Ricupero diz que “qualquer sociedade será julgada pela maneira como trata os mais pobres, os mais frágeis, os mais vulneráveis. Esse é o sentido principal da ação política”.

Na educação, algumas escolas da rede pública municipal na zona rural ainda não deram início ao ano letivo. Até o básico nos falta. O transporte coletivo funcionou quatro meses no município em 2014 e, mesmo com 66 mil habitantes, Grajaú continua refém apenas dos serviços de mototaxi, com valores de viagens sem nenhuma regulação.

Direito ao lazer. Começamos a aproveitá-lo com o Estádio Municipal. Obra que levou décadas para ser concluída e só agora tem as portas abertas à população. Temos também o campo soçaite da Cidade Alta. Mas esse direito fica apenas no futebol. Fora isso, não temos uma praça digna que ofereça lazer: aparelhos para exercícios, quadras poliesportivas, parquinhos para crianças.

Na prática, temos menos direitos ainda...

A reflexão torna-se ainda mais “injusta” para nós grajauenses quando analisamos que, mesmo sendo detentores de poucos direitos, ou seja, cidadãos incompletos, a cidadania é dividida ainda em formal e real. A formal refere-se àquela garantida constitucionalmente, mas, mesmo prevista em lei, para usá-las, os indivíduos têm de lutar por elas.

A cidadania real é aquela usufruída no dia a dia. É a partir dela que podemos dizer que temos uma sociedade igual. Mas na prática não é assim em quase nenhum lugar. Basta comparar a educação que o Poder Público nos oferece com a particular desfrutada pelas classes mais abastadas. Será que os alunos de uma e outra têm condições de competir em igualdade? Este é um exemplo de cidadania formal conquistada (direito à educação), mas na prática, a cidadania real é injusta, pois possibilita a estruturação desigual da sociedade. Claro que o aluno da escola particular se dará melhor.

Por tudo isso é que o grajauese, nos 204 anos de Grajaú, ainda é um cidadão incompleto. Segundo o sociólogo e historiador mineiro, José Murilo de Carvalho, o cidadão pleno é titular dos três direitos; o incompleto possui apenas alguns direitos e os não-cidadãos não gozam de nenhum direito.


Nas últimas quatro edições pudemos acompanhar explanações acerca do sacramento do Batismo, porta de entrada pela qual os homens se tornam parte do corpo místico de Cristo, membros da Igreja. Nesse período, foi possível compreender o real sentido do sacramento, tudo que envolve a sua preparação e a posterior missão do batizado.  Nesta edição vamos falar a respeito do Ritual da Iniciação Cristã de Adultos (RICA), que é descrito, logo nas preliminares do documento, no que refere diretamente à iniciação cristã para adultos, como destinado “àqueles adultos que, depois de terem escutado o anúncio do mistério de Cristo, movidos pelo Espírito Santo que lhes abre o coração, consciente e livremente, buscam o Deus vivo e tomam o caminho da fé e da conversão mediante os ritos que o integram, vão sendo espiritualmente ajudados na sua preparação para, na devida altura, receberem com fruto os próprios sacramentos”. Porém, é importante ressaltar que por adulto se entende a pessoa na fase em que já tem a capacidade de fazer o uso da razão. Segundo o Código do Direito Canônico, uma criança por volta dos sete anos já se enquadra nesse perfil. Padre Arthur Freitas, administrador das paróquias São Pio X e São Pedro Apóstolo, diz que o ritual compreende o processo pelo qual se forma o cristão para, entre outras coisas, receber os sacramentos de iniciação: Batismo, Crisma e Eucaristia. E ressalta que é diferente do processo em preparação para batismo de crianças que não fazem o uso da razão, pelo tradicional curso de pais e padrinhos.

Conhecer a Cristo

O RICA foi reestabelecido pela Igreja a partir do Concílio Vaticano II, pela necessidade de uma mudança no processo catecumenal – iniciação cristã. Atualmente, diante de uma realidade muito próxima à da época apostólica, um mundo paganizado, em que as pessoas se afastaram muito de Deus e da Igreja, faz-se a retomada do RICA. Padre Arthur destaca que apesar de muitos se declararem cristãos, não conseguem relacionar a fé ao cotidiano da própria vida.  A nova evangelização precisa abarcar o grande número de pessoas que muitas vezes só procuram a Igreja já na fase adulta da vida. A transmissão da fé pela família encontra dificuldade nos dias atuais, por motivos diversos. O RICA apresenta um método e um itinerário de formação e vivência cristãs que visa, sobretudo, à formação de Cristo na pessoa, por meio de diversas etapas e ritos ao longo processo. O ritual não se restringe apenas aos não batizados, mas diz respeito a batizados que não viveram a experiência com a fé ou que precisam completar a iniciação cristã, sendo que os não batizados são chamados catecúmenos e os já batizados, catequizandos.

Estar no caminho

O Ritual de Iniciação Cristã tem a grande preocupação de não dissociar os sacramentos de iniciação e sim mostrar a unidade que existe entre eles. No processo do RICA os sacramentos são recebidos juntos na noite da Vigília Pascal. Por motivos pastorais, pela importante presença do bispo na ministração do sacramento da Crisma, é indicado que ele seja recebido durante o período pascal que se finda na Celebração de Pentecostes. Durante a formação, cada pessoa é acompanhada individualmente e existe uma participação mais efetiva da comunidade, não só os catequistas são agentes do processo catacumenal, mas toda a paróquia: ministros, padre, agentes de pastorais e a assembleia. Isso é possível porque ao longo da formação todos terão participação nos ritos de passagem, ritos de entregas e dos diversos momentos que marcam essa passagem de uma etapa para outra no caminho da vida cristã.

A Experiência da Fé

Por meio do processo catecumenal, a pessoa é colocada no “caminho”, caminho esse que padre
Arthur ressalta que não acaba nessa vida, por isso mesmo a catequese não deve ser entendida como todo, mas sim como parte desse caminhar rumo ao Pai. Segundo o padre, essa é grande diferença entre o processo hoje adotado ainda pela maioria das paróquias e o que propõe o RICA. “A catequese passa a ser parte do processo, e não o processo em si. Ela é importantíssima, porém não é tudo.

Quantas pessoas chegam à catequese sem serem evangelizadas? Sem terem recebido o Querigma – o primeiro anúncio? A catequese é o ensino progressivo da fé, mas como vou ensinar a fé para quem não tem a fé?”. O padre ainda ressalta que talvez isso seja o motivo de tantos esforços com poucos frutos, pois a fé não vem pelo conhecimento, mas pela experiência. Depois da experiência pessoal é que vem o desejo e a paixão para conhecer mais. Quanto mais se ama mais se conhece, e quanto mais se conhece mais se ama. Na atualidade não se pode pressupor que o Querigma foi apresentado em casa à criança, não se pode mais pressupor que a criança já chega à catequese com os rudimentos da fé, porque essa não é a realidade. Papa Francisco na missa que presidiu na capela da Casa de Santa Marta, no ano de 2014, destacou que “a fé confessada é vida vivida”. Espera-se que o RICA aos poucos venha substituir o processo hoje adotado nas catequeses.

Reportagem: Talita Salgado. Fotos: Caio Cézar



Em um futuro não muito distante, homens convivem com clones de humanos e de animais. O avanço da ciência possibilitou que grandes laboratórios pudessem desenvolver em questão de duas horas uma cópia idêntica, física e psicologicamente de pessoas. Já não se sabe mais quem é quem e a criação divina é ameaçada pela ambição de cientistas que buscam a vida eterna aqui na terra.

Mesmo sendo proibida, a clonagem humana acontece de maneira ilegal nos Estados Unidos. A história de ficção científica é contada pelo filme O 6º Dia, dirigido por Roger Spottiswoode, estrelado por Arnold Schwarzenegger, que interpreta o personagem Adam Gibson, que é clonado de maneira acidental. Quando ele percebe o que está acontecendo, já perdeu sua família e sua identidade para si mesmo.

A mensagem do filme é objetiva e entra diretamente na polêmica dos limites do homem diante da liberdade dada por Deus. “Estou apenas dando continuidade à evolução de onde Deus parou”, diz Michael Drucker (Tony Goldwin), proprietário de um laboratório de clonagem humana. Ele também já é um clone. Gibson (Schwarzenegger) trava a seguinte discussão com o cientista. “Você não pode me salvar. Não se salva nem a si mesmo. Todos temos de morrer um dia”. Drucker responde: “Não temos de morrer; ofereço-lhe a chance de viver para sempre sem envelhecer, perfeito, em todos os aspectos”, mas ao se deparar com a própria imagem, uma nova clonagem que não foi completada, vê um monstro no espelho. A imperfeição.

O tema polêmico é motivo de embate direto entre as religiões e a ciência. No filme, o homem é confrontado com sua liberdade e a sua fragilidade. O livre arbítrio tem por objetivo a busca do conhecimento para o bem da humanidade e esse fim é negado nos avanços da clonagem humana mostrados em O 6º Dia, já que o mundo estava se transformando em um caos.

O papa Bento XVI, em sua Carta Encíclica Spe Salvi, sobre “A esperança cristã”, exorta. “Quem prometesse o mundo melhor que duraria irrevogavelmente para sempre, faria uma promessa falsa; ignoraria a liberdade humana. A liberdade deve ser incessantemente conquistada para o bem”. O pensamento de Bento XVI sobre a ciência é positivo, mas ainda no documento ele explica que "a ciência pode contribuir muito para a humanização do mundo e dos povos. Mas pode também destruir o homem e o mundo, se não for orientada por forças  que se encontram fora dela".

"O 6º Dia", título tirado da Bíblia (Gn 1, 27), faz menção à criação perfeita de Deus que é o homem e do clone imperfeito do homem que pode trazer o caos para a humanidade.


A Vida é Bela (La Vita è Bella), filme italiano de 1997, dirigido e protagonizado por Roberto Benigni (Guido Orefice), do gênero comédia dramática, literalmente corresponde à proposta ousada do seu título. A história se passa a partir de 1939 na Itália de Mussolini que liderava os facistas. Era também o início da 2ª Guerra Mundial em que a Alemanha de Hitler comandava os nazistas e avançava sobre diversos países europeus.

Guido é um judeu solteiro que mora no campo. Ao se mudar para a cidade com o primo Eliseo Orefice (Giustino Durano), conhece a liberdade da cidade, aprende pequenas trapaças, encanta as mulheres com seu jeito brincalhão e inteligente de ser e conhece a perseguição que passaria a sofrer dali por diante os judeus pelos nazistas. Guido é a beleza da vida em pessoa; espécime raro que vive cada momento como se fosse o último e, para essa aventura da vida conquista para os seus braços,
Dora (Nicoletha Braschi) com quem tem um filho, Giosué Orefice (Giorgio Cantarini).

Levado para um campo de concentração com o filho, a esposa e demais familiares, Guido usa da esperteza das ruas para salvar sua família dos nazistas. Convence o pequeno Giosué, de apenas cinco anos, que estão ali participando de um jogo que tem como prêmio um tanque de guerra novinho. É o único trunfo que dispõe para preservar o filho dos horrores daquele lugar sombrio, sujo, desumano. Guido trabalha dia e noite, forçado pelos nazistas, mas não perde o humor para proteger o filho e sempre tem uma resposta para dar a Giosué, quando chega ao cativeiro no fim do dia.

Um clássico do cinema mundial, A Vida é Bela simboliza a vitória do bem sobre o mal, da fé sobre a dúvida, do amor sobre o ódio. O sacrifício de Guido foi válido, pois ele conseguiu a vitória prometida ao filho desde o início do “jogo”. Os mil pontos são alcançados e como que por um milagre, o pequeno Giosué sai ileso, fisicamente da guerra, mas com a memória marcada para sempre, sobretudo pelo amor, inteligência e coragem do pai. Raridade no cinema mundial, o clássico é um filme para rir e chorar ao mesmo tempo, feitos só alcançados graças às geniais atuações de Benigni e Cantarini, revestidas de um roteiro impecável: objetivo e ao mesmo tempo rico em detalhes de imagens e conteúdo.



Segundo São João Paulo II, “a liturgia e a vida são realidades indissociáveis. Uma liturgia que não tivesse reflexo na vida se tornaria vazia e certamente não agradável a Deus”. Com o rito do Batismo são gerados os novos filhos da Igreja (edição 46) e o cristão dá início a uma vida nova em Cristo Ressuscitado.

A partir do Batismo começa a missão do batizado. Se criança, cabe aos pais e padrinhos se comprometerem a educá-la na fé da Igreja. Se adulto, o único caminho é seguir Jesus (Jo 14,6) – independente se sacerdote, religiosa ou leigo. O dilema da Igreja é formar os fiéis para que eles entendam que abraçar o Sacramento implica assumir uma missão. O rito em si mesmo, portanto, sem reflexo na vida, de nada serve. “O fim último não é a celebração dos Sacramentos, mas a inserção da criança e da família na vida da comunidade. Com a consciência formada e apoiada pelos pais e padrinhos, essa criança continuará dando passos importantes em sua vivência cristã, na vida da comunidade”, explica o padre Paulo Afrânio, CP, administrador paroquial na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Balneário Meia Ponte.

Ao batizado cabe a missão de ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13), ou seja, o diferencial necessário para dar sabor à vida a partir do testemunho, da vivência do Evangelho e do seguimento de Cristo. De acordo com o padre Paulo Afrânio, “a primeira comunicação do cristão com o mundo é o seu testemunho de vida”, por isso, “devemos assimilar os mesmos sentimentos de Cristo, seus critérios de vida, para espelharmos, apesar dos nossos limites, as suas atitudes”. O padre ressalta, no entanto, que o seguimento a Cristo não sugere “imitá-lo”, como numa representação teatral, “mas Cristo deve tornar-se a nossa vida, para podermos dizer como São Paulo: ‘já não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim’” (Gl 2,20).

A missão do batizado é complexa. O horizonte é vasto e cabe ao novo filho da Igreja assumir a marca que o tornou membro do corpo de Cristo. O desafio da Igreja, conforme o padre Paulo Afrânio, é colocar as pessoas em contato com Jesus Cristo, por isso é urgente desenvolver nas comunidades um processo de iniciação à vida cristã, que envolva as famílias e desperte nos católicos a vocação missionária. “O batizado é chamado a anunciar o amor do Pai que nos criou, denunciar as injustiças, a opressão, superando toda forma de egoísmo, violência e desrespeito à dignidade da pessoa humana”, enumera o padre. Isso só é possível, segundo ele, se o batizado (pais, padrinhos, adultos e crianças) assumir a vivência dos Sacramentos e da vida da comunidade.

Ainda segundo o padre, é importante lembrar que o Batismo dá todo um sentido e direção à nossa vida. “Agora depende de nós, de cada batizado, seguir o Caminho, aceitar a Verdade, viver a Vida: Jesus”.

Atividade Missionária

Segundo o Decreto Ad Gentes, a Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária. Enviada por Cristo a fazer discípulos em todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto ele ordenou. O mandato de Cristo é uma prioridade para a Igreja, mas os missionários ainda são poucos, se comparados à quantidade de pessoas no mundo, mais de 7 bilhões, das quais, 70% ainda não foi evangelizada. Dados das Pontifícias Obras Missionárias (POM) dão conta de que os missionários brasileiros no exterior são cerca de 1.200. Não há informações sobre missionários estrangeiros no Brasil, mas se sabe que eles são mais do que os brasileiros além-fronteiras.

Ide vós também para a minha vinha (Mt 20,3-4) 

A parábola do Evangelho alerta para a vastidão da vinha do Senhor e a multidão de pessoas que existe nela. Os novos filhos da Igreja são convidados a anunciar o Evangelho pelo mundo inteiro e a transformá-lo segundo os planos salvíficos de Deus. E como saber se já somos operários da vinha do Senhor? São Gregório Magno, ao pregar ao povo, comentava assim a parábola dos trabalhadores da vinha: “Considerais o vosso modo de viver, caríssimos irmãos, e vede se já sois trabalhadores do Senhor. Cada qual avalie o que faz e veja se trabalha na vinha do Senhor”.

Tira Dúvidas

O Batismo perde a validade caso o batizado não assuma sua identidade e missão de cristão?

O Batismo, bem como a Crisma e a Ordem, são ministrados uma só vez na vida, de acordo com o Cânon 845, Inciso 1, do Código de Direito Canônico, porque revestem o ser humano de Cristo (Gl 3,27), tornando-o membro de seu Corpo (1Cor 12,12-13), constituindo-o Povo de Deus. Esses Sacramentos imprimem na pessoa o que nós chamamos de “caráter sacramental”, isto é, uma “marca” para a vida toda, e para a eternidade. Por isso, só podem ser recebidos uma única vez. Sendo assim o batizado é um “marcado” por Cristo, em Cristo e para Cristo, e isso para toda a vida.  Quanto aos padrinhos, enquanto testemunhas do ato e enquanto corresponsáveis em tutelar a fé da criança batizada, a resposta da Igreja é: nem o Batismo válido pode ser excluído, nem os padrinhos.
(Padre Paulo Afrânio)


No Rito do Batismo são gerados os novos filhos da Igreja. Neste domingo em que Cristo venceu a morte e morte de cruz, em que a Igreja celebra a Páscoa do Senhor, coração da liturgia e da vida da comunidade católica, apresentamos o rito do Batismo. Mas por que no dia de hoje? Porque o Batismo e a Páscoa têm uma relação profunda que remonta ao início do Cristianismo. Nos primeiros séculos, as comunidades aguardavam a chegada da Páscoa para serem batizadas, mas, com o crescimento da Igreja, eles passaram a ser feitos nos domingos, páscoas semanais.

Que o Batismo é porta de entrada para os outros sacramentos, já sabemos (edição 45), mas é no rito que essa dimensão se torna clara. Nos ritos iniciais do Batismo, pais e padrinhos são recebidos em procissão pela comunidade, símbolo da sua entrada para a vida cristã. O ministro chama o batizando pelo nome e em seguida o acolhe perguntando aos pais e padrinhos o que eles pedem à Igreja de Deus ao seu filho; e a resposta deve ser “o Sacramento do Batismo”.

Segundo o monsenhor Luiz Lôbo, professor de teologia e mestre em Sacramentos, esse momento carregado de simbologia precisa ser entendido. “É na procissão de entrada que será acolhido um novo filho da Igreja e os pais e padrinhos precisam saber que o rito fala por si mesmo”. É no momento em que o ministro coloca água na cabeça do batizando que o novo cristão é gerado. “Batismo significa encharcado, para nós cristãos, é mergulhar no mistério pascal de Cristo, morrer para o pecado e ressuscitar para a vida nova”, explica.

O aspecto mais importante da liturgia do Batismo, porém, está na forma e na matéria desse Sacramento. “O símbolo principal do Batismo são as palavras pronunciadas pelo ministro da Igreja, ‘eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo’, que é a forma; sem estas palavras não existe sacramento e a água vira uma matéria qualquer”, pontua o monsenhor Lôbo.

A pia batismal é o útero onde a mãe gera os seus filhos, por isso, o monsenhor alerta para o respeito que dever ser conferido ao ambiente do batistério. “Deve ser um lugar conservado, bem cuidado, bonito e de destaque na Igreja porque é um espaço sagrado onde renascemos em Cristo”. A simbologia de mergulhar na água aparece também na epiclese, quando o ministro invoca o Espírito Santo para santificar a água. “Neste momento o Círio Pascal é mergulhado e o ministro pede a força do Espírito Santo para que a água seja portadora da força de Cristo ressuscitado na pessoa que é batizada”.

A presença do Círio Pascal na cerimônia de Batismo lembra que este é um Sacramento que nos coloca em comunhão com o mistério pascal de Cristo. Esse ritual aparece também na liturgia da água, na Vigília Pascal, dia em que, nos primeiros idos da Igreja, os cristãos eram batizados, crismados e recebiam a primeira eucaristia.

Renúncia e profissão de fé

Aos pais e padrinhos, no caso do Batismo de crianças, cabe renovar as promessas batismais, renunciar a todas as forças do mal, aceitar Jesus como único salvador e assumir o compromisso de ajudar a criança a seguir Jesus Cristo, por isso, não faz sentido escolher padrinhos que não têm vivência cristã (edição 46). “Como os padrinhos vão ajudar a criança a seguir Jesus se ele não tem vivência? Isso tem que estar muito claro na Pastoral Batismal”, exorta monsenhor Luiz Lôbo. E na profissão de fé, pais e padrinhos e/ou o batizando, no caso de adulto, professam publicamente perante a Igreja a sua fé em Deus.

Perguntado sobre a importância que deve ser dado ao rito do Batismo, o monsenhor declarou que qualquer cobrança da Igreja, sem a devida formação dos pais e padrinhos é vã, já que só se descobre o valor do Sacramento a partir do conhecimento. “Nós só vamos valorizar o Batismo quando nós, adultos, pais e padrinhos, o padre, tivermos uma vivência cristã mais profunda; quando entendermos que os símbolos foram feitos para falarem por si mesmos como gestos do Cristo ressuscitado e quando for valorizado o Rito de Iniciação Cristã de Adultos (Rica), este que irá fortificar também a iniciação cristã dos adultos no Batismo, Eucaristia e Crisma”, sintetizou.

Símbolos do Batismo

Vela acesa – simboliza a atenção do cristão à espera do Senhor e que o batizado se torna luz para o mundo com o seu testemunho, sua vida, e sua maneira de viver a fé.
Sal – Se relaciona com a vela acesa e está ligado à passagem bíblica, “Vós sois o sal da terra (Mt 5,13). O cristão está no mundo para dar gosto, sentido e esperança.
Veste branca – vida nova do cristão batizado que é chamado conservá-la pura sem a mancha do pecado até a vida eterna. Os primeiros cristãos permaneciam com as vestes até o domingo seguinte com a missão de não deixá-la sujar para mostrar que conservavam a graça que receberam no Batismo.
Unção com óleo – A unção com o óleo do Crisma simboliza o sinal da verdadeira consagração a Deus que torna os batizandos participantes da missão profética, sacerdotal e real de Cristo, o ungido.

Tira-dúvidas

Por que nossos padres “renovados carismáticos” estão pregando uma desvalorização dos nossos Sacramentos e valorizando este Batismo do Espírito Santo? Se eu sou “Templo do Espírito Santo”, não preciso gritar, dançar, pular, mas só zelar do Templo para ser digna dele (Leni Bueno de Freitas, Parque Amazônia – Paróquia Cristo Ressuscitado)

Resposta: Estimada irmã. Antes de responder sua pergunta, torna-se necessário esclarecer alguns termos. Vejamos:

A) É ambíguo dizer padres carismáticos, ou isso ou aquilo. Todos são padres que estão atuando na Igreja; são padres católicos, em comunhão com a Igreja, com o nosso Bispo. Professam um só Batismo para a remissão dos pecados como rezamos no credo niceno  constantinopolitano.

B) A palavra  Batizar significa mergulhar, entrar de cheio, participar totalmente da realidade. É certo dizer que nós recebemos o Espírito Santo no Batismo. Desde os primeiros anos do Cristianismo, Batismo e Espírito Santo aparecem profundamente ligados. No Novo Testamento encontramos a expressão Batizar no Espírito Santo (Mt 3,11; Mc1,8; Lc 3,16; Jo 1,33; At 1,5;11,16).

Os dois elementos constitutivos do Batismo são água e Espírito, portanto, a dimensão do Espírito é uma peça chave na Teologia do Batismo. Não existe um segundo Batismo, mas quando falam em Batismo no Espírito, os nossos carismáticos falam de um reavivamento, de um acordar, de um maior vigor e aceitação, pela  conversão autêntica dos dons do Espírito Santo que estão presentes em nós, porque, de fato, somos o Templo do Espírito Santo. (Monsenhor Luiz Lôbo)

Fotos: Edmário e Caio Cézar