Da derrota na Copa do Mundo, a lição de vida dos alemães

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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Ainda não se descobriu como medir a dor. Ao seu modo, cada um a expõe de uma forma. Ela é individual, mas em algumas situações se torna coletiva. A sentimos juntos com a morte de um familiar ou amigo, quando nosso grupo é ameaçado, em tempos de guerra e eleições e no esporte também.

Este dia 8 de julho de 2014 é um exemplo da manifestação da tristeza profunda do Brasil nos últimos tempos. O futebol, uma de nossas maiores expressões, nos proporcionou esse sentimento que nos cala até a alma. Uns mais, outros menos, estão engasgados até agora com a humilhação imposta pela seleção da Alemanha naquele Mineirão lotado.

Qual brasileiro nunca ouviu falar da derrota mais marcante da seleção brasileira numa Copa do Mundo? Aquela de 1950 para o Uruguai por 2x1? O Brasil, naquela final, precisava apenas evitar a derrota para levantar a taça, mas não pode impedir a tragédia lembrada até hoje como “Maracanazzo”. Pois ontem descobrimos que a tragédia sempre pode um final mais profundo.

A derrota numa competição esportiva é previsível e um placar desfavorável pode acontecer, mas quando ela é humilhante nos deixa atordoados. Diferentemente de 1950, a derrota para a Alemanha parece não ter explicação nem dono. Visível a todos, ninguém tem a resposta para o que ocorreu naquele belo estádio “iluminado” de verde e amarelo.

Depois de ver vaias tomarem conta do estádio e das telas em todo o Brasil, agora entendo a famosa frase do maior cronista esportivo brasileiro, Nelson Rodrigues, que diz sabiamente: “as vaias são os aplausos dos desanimados”, mas ontem foi mais do que isso. Ao som de olé, olé, vimos uma seleção apática, engolida pelas próprias emoções e pela falta de pernas e talentos.

A imprensa nacional e internacional declara: depois dessa derrota o futebol nunca mais será o mesmo. Esse
é o sentimento que poderá nos levar a dias gloriosos. E ontem foi um daqueles para ser lembrado eternamente. Dele devemos colher frutos para a vida em todas as suas esferas. Da derrota em casa, com a torcida a favor, por um placar de 7x1 difícil de engolir, devemos tirar interpretações diversas, principalmente positivas.

Se Nelson Rodrigues estava certo de que “o que procuramos no futebol é o drama, é a tragédia, é o horror, é a compaixão”, ontem a encontramos, através de uma torcida aos prantos, uma seleção indiferente, um técnico sem rumo e uma Alemanha que claramente poderia ter nos deixado mais tristes se assim o quisesse. Esse 8 de julho desce amargo, mas nos faz repensar que mais importante do que o peso da camisa como tanto proclama a imprensa nacional, é a competência e o esforço para se chegar a um objetivo. A lição que eu levo dessa final antecipada de Copa do Mundo é aquela deixada após o jogo pelo técnico da seleção alemã, Joachim Löw. “Nunca podemos achar que somos invencíveis”.





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