Junto aos jovens, a Igreja quer ser um meio através do qual eles se percebam como filhos amados de Deus (CNBB/Doc. 85)

Desde 2007, quando a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou o documento 85, “Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais”, a Igreja tem reafirmado sua opção afetiva e efetiva pelos jovens. A prova disso é que de lá para cá dois papas já estiveram no Brasil e houve nesse espaço de tempo uma Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em nosso país.

Diversas ações e atitudes da Igreja no Brasil têm dado passos no sentido de se encontrar com a juventude, e nas Igrejas Particulares não têm sido diferente. As dioceses devem se empenhar com o objetivo de propor um processo evangelizador para a juventude que nasça do encontro pessoal com Jesus Cristo. “Precisamos criar um itinerário cujas etapas contribuam para que o jovem escute o chamado de Cristo, saia do individualismo e sirva ao próximo, participe da comunidade e da pastoral orgânica, se comprometa com a realidade social e com a missão da Igreja”, pontua o coordenador do Setor Juventude da Arquidiocese de Goiânia, diácono Max Costa.

Esses apelos estão recebendo a atenção devida por meio de vários projetos de evangelização da juventude que acontecem simultaneamente na Arquidiocese de Goiânia.

Jovens em Missão

Esse projeto visa a oferecer um método que auxilie o jovem no encontro com a pessoa de Jesus Cristo, na comunidade-Igreja, para que, por meio da escuta da Palavra, partilha de vida, doutrina da Igreja e vivência dos sacramentos, ele possa testemunhar sua fé de maneira concreta.

Nightfever

Noite de oração e adoração eucarística organizada pelos jovens com o desejo de passar adiante o amor de Deus que eles mesmos vivenciaram. As pessoas são convidadas a entrar na igreja, acender uma vela, ouvir a música, viver a experiência fraterna e estar na presença do Senhor.

Lectio Divina

Leitura orante da Bíblia orientada pelo bispo auxiliar de Goiânia, Dom Waldemar Passini. Acontece nos sábados da Quaresma, na Paróquia Universitária São João Evangelista. Momento propício para a meditação e escuta da Palavra de Deus. Itinerário de preparação da juventude rumo à Páscoa.

Outras ações

Há ainda as catequeses para jovens orientadas por Dom Waldemar, no estilo daquelas realizadas na JMJ, com temas que se referem à formação humana; à Semana Missionária, que acontecerá em outubro por ocasião da celebração do Dia Nacional da Juventude; ao voluntariado jovem, projeto que atua em duas frentes de missão: nos hospitais, com o grupo Semeadores da Alegria e com os moradores em situação de rua, com o grupo Anjos das Ruas e, por fim, o Comunica Setor Juventude, que trata da presença jovem nas redes sociais (Facebook, Instagram, Youtube e Twitter), através de mensagens evangelizadoras, frases de santos, mensagens do papa.

A Igreja busca entender os jovens

Para Dom Waldemar Passini, as diversas ações representaram os braços abertos da Igreja para acolher os jovens. Ele comenta que as catequeses na Arquidiocese continuam e no próximo dia 22 de setembro haverá outra na Paróquia Universitária. “É um encontro no qual os jovens católicos podem, de forma alegre e celebrativa, ouvir e dialogar sobre temas da doutrina cristã”. A Igreja de Goiânia através das várias ações desenvolvidas, segundo o bispo, busca superar distâncias que afastaram os jovens ao longo do tempo por questões culturais. “Mais do que usar os mesmos termos que os jovens e adolescentes, buscamos entender os anseios que estão no coração da juventude e geram formas de comunicação”. O desejo da Igreja em relação aos jovens? “Numa sociedade marcada pelo individualismo, seria encantador ver os jovens propondo um estilo de vida mais comunitário, quer nas redes sociais, quer ‘ao vivo’ entre irmãos de comunidade”, responde.

Mesmo com a diversidade de frentes de trabalho, o diácono Max lembra que os desafios estão sempre presentes, no sentido de cativar e fazer a juventude perseverar. “Nosso maior desafio é oferecer um método que possibilite aos jovens terem um encontro real e verdadeiro com a pessoa de Jesus, em meio a tantas possibilidades que o nosso mundo moderno oferece”.

A JMJ, realizada no Brasil em 2013, colaborou para que as atividades realizadas hoje na Arquidiocese de Goiânia tenham ganhado força. “O evento renovou a fé dos jovens católicos, deu uma revigorada e os enviou em missão. As palavras do papa, no encerramento da jornada, ‘Ide, sem medo, para servir’, ainda ecoam”.

Ana Flávia Araújo Lima, 26, membro do Setor Juventude, testemunha como foi participar pela primeira vez da JMJ. “Me fez amadurecer na minha relação com a minha família, amigos e comigo mesma, amadurecendo a minha fé principalmente. Percebi que o papa está muito próximo de nós e que a Igreja também nos quer próximos”.

A juventude já começa a se organizar para a próxima jornada que acontecerá em 2016, em Cracóvia, na Polônia. Devem ir ao evento cerca de 500 jovens da Arquidiocese de Goiânia que também passarão pelas cidades polonesas de Wadovice, terra de São João Paulo II; Czestochowa, onde se venera a Virgem Negra e Varsóvia, capital daquele país.


Na última sexta-feira, 18, quando morreu João Ubaldo Ribeiro, ele foi entrevistado para falar do grande escritor e jornalista que nos deixava. Logo que eu o vi na tela, me veio à mente: nosso querido Ariano Suassuna será o próximo. Não foi ele, mas foi outro gênio: Rubem Alves. E hoje, infelizmente, foi a vez desse grande mestre que me fez enxergar pela primeira vez, ainda na graduação em jornalismo, os fundamentos da estética e que a beleza é uma ideia universal da razão. Adeus, gênio, autor de um dos livros mais fantásticos da literatura brasileira: Auto da Compadecida.

FRASES

"Não troco meu oxente pelo ok de ninguém.”

- "Terceira idade é para fruta: verde, madura e podre."

- "O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso."

- "Tenho duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza e até a morte: o riso a cavalo e o galope do sonho. É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver."

-  “Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa.”

- "Só o tempo determina se o que foi escrito fica."

- "A humanidade se divide em dois grupos, os que concordam comigo e os equivocados."

- "Que eu não perca a vontade de ter grandes amigos, mesmo sabendo que, com as voltas do mundo, eles acabam indo embora de nossas vidas."

- "Eu digo sempre que das três virtudes teologais , sou fraco na fé e fraco na qualidade, só me resta a esperança. Eu sou o homem da esperança."

- "Dizem que tudo passa e o tempo duro tudo esfarela."

- "A massificação procura baixar a qualidade artística para a altura do gosto médio. Em arte, o gosto médio é mais prejudicial do que o mau gosto... Nunca vi um gênio com gosto médio."

- "Tudo que é vivo, morre."



Em um ano em que a Campanha da Fraternidade aborda o tráfico humano e reitera a luta pela dignidade das pessoas, a doação de órgãos vem ao encontro desse “sim” à vida. Enquanto o tráfico faz vítimas em todo o mundo, as doações de órgãos salvam milhares de pessoas. Em nota, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) afirma o apoio a esse gesto e salienta: “A doação de órgãos não contraria a fé cristã na ressurreição final, pois “Deus dá vida aos mortos e chama à existência o que antes não existia” (Rm 4, 17). Todos aqueles que se dispõem a doar órgãos aos irmãos, tenham a certeza de que o amor e tudo o que se faz por amor permanecerão para sempre: “o amor jamais acabará” (1Cor 13, 8)”.

A doação de órgãos faz parte das grandes questões bioéticas enfrentadas nos dias de hoje. O padre Luiz Henrique, doutor em Teologia Moral pela Accademia Alfonsiana –Pontificia Università Lateranense, explica que “para que seja um ato de amor autêntico, a doação de órgãos deve respeitar critérios éticos objetivos que levam em consideração a vida do doador e a do receptor. Desde que tais critérios sejam respeitados, ou seja, que tal ato corresponda ao bem de quem doa e de quem recebe, a Igreja se mostra favorável à doação de órgãos”. E relembra as palavras de Bento XVI, em um Congresso Internacional a respeito do tema, em 2008: “A doação de órgãos é uma forma peculiar de testemunho de caridade”.

Os transplantes em Goiás

A Santa Casa de Misericórdia é referência em transplantes renais. Já foram realizados mais de 730 procedimentos, desde o primeiro, em 1990; só este ano foram 11. Em breve será o primeiro hospital a realizar o transplante de coração na região. A Dra. Sílvia Marçal, uma das responsáveis pelo setor de nefrologia, fala da importância do transplante: “A doação de órgãos é antes de tudo um ato de amor. Amor à criação suprema de Deus, o ser humano. Quando ocorre uma doação de órgãos, exercemos a capacidade de amar, de compartilhar e de multiplicar VIDA! Ganha o doador pelo seu altruísmo e bondade. Ganha o receptor, pois tem novamente pela mão amorosa de outrem a incrível oportunidade de “renascer”.”

Atualmente, no Estado de Goiás, são realizados transplantes de rim, pâncreas e córnea, sendo este último o mais efetuado. O Hospital das Clínicas está credenciado para o transplante de fígado e a Santa Casa está se estruturando para realizar o transplante cardíaco. A doação de órgãos no Brasil é coordenada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), do Ministério da Saúde, que é formado pelas Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos para Transplante Estaduais ou Regionais (CNCDO) e demais instituições hospitalares.

Dr. Luciano Leão, gerente da CNCDO Goiás, explica que a lista de espera é nacional, mas existe a priorização da lista estadual, que hoje tem mais de 1.550 pessoas. Ainda salienta a importância de conscientizar as famílias, uma vez que a negativa ainda é grande, mesmo quando a pessoa expressa em vida sua vontade de doar.

“Fiz o transplante de rim no ano passado. Já vivia uma vida com alimentação muito restrita e caminhava para hemodiálise, mas minha família é grande e foi muito generosa. Todos se disponibilizaram a fazer o teste de compatibilidade. Recebi o rim do meu irmão mais novo, quando já estava no limite. Hoje me sinto com uma vida nova, mesmo com o risco da rejeição (no meu caso muito pequeno). Graças ao gesto do meu irmão em me doar um rim, hoje estou bem, e estando apta, quero poder sim doar meus órgãos e retribuir aquilo que recebi!”
Dona Evangelina Mendes Alcanfor, 61 anos

Quem pode doar?

Qualquer pessoa pode doar órgãos, desde que não tenha doença infecciosa incurável ou transmissível (como a Aids) ou tenha alguma doença que prejudique o funcionamento do mesmo.

Como a doação é autorizada?

Pela legislação atual todos nós podemos ser doadores, desde que a família autorize. Por isso é muito importante que o doador fale do seu desejo aos familiares.

Posso doar órgãos em vida?

Fígado, pâncreas, rim, pulmão e medula óssea podem ser doados em vida. Todos os outros órgãos, para serem doados, precisam que o doador tenha sido diagnosticado com morte encefálica. Fora do Brasil também são feitos transplantes de estômago e intestino.

É importante saber...

A comercialização de órgão é ilegal. A pena pode chegar até 8 anos de prisão.

Reportagem: Talita Salgado


Com a morte de João Ubaldo Ribeiro, 73, na madrugada desta sexta-feira, 18 de julho, causada por uma embolia pulmonar, o jornalismo brasileiro perdeu um grande nome. Autor de diversas obras como O Albatroz Azul, O Feitiço da Ilha do Pavão, O Rei da Noite, Viva o Povo Brasileiro, entre outros, o escritor ganhou seu último prêmio (Camões) em 2008. No meu blog eu escrevi em 2012 uma resenha de um dos seus livros que eu mais gosto pela profundidade e poder de esclarecimento: "Política – Quem manda, por que manda, como manda". Em ano de eleições é indispensável tal leitura.

FRASES

O sujeito vai lá, tapa o nariz e vota

Já estou chegando, ou já cheguei, à altura da vida em que tudo de bom era no meu tempo.

Em tese, somos capazes de nos apaixonar por tantas pessoas quantas sejamos capazes de lembrar, o limite é este, não um ou dois, ou três, ou quatro, ou cinco, ou dezessete, todos esses números são arbitrários, tirânicos e opressores.

Faço tudo que me dá na cabeça, não quero saber de limitações. Eu não pequei contra a luxúria. Quem peca é aquele que não faz o que foi criado para fazer.



Em atividade desde 1986, a Associação Servos de Deus é a primeira obra social da capital com atuação gratuita e integral junto aos dependentes químicos. O trabalho é desenvolvido por membros da Renovação Carismática Católica (RCC) da Arquidiocese de Goiânia com a colaboração de 50 voluntários.

O lema da Associação, segundo o monitor Nilson José Barbosa Alves, é “servir a pessoa, restaurando a sua dignidade de filhos de Deus, com vista à sua promoção, formando-o e integrando-o dignamente na sociedade”, papel esse que tem como base o livro bíblico de Tiago, que diz: “A fé sem obras é morta (2, 17)”.

Os dependentes, com idade a partir de 18 anos, do sexo masculino, que não tenham transtorno mental e desejam se recuperar do vício e recomeçar a vida têm essa opção, através da Associação Servos de Deus, a qual dispõe de uma chácara para a realização do trabalho social.

A casa está preparada para acolher 42 pessoas, por nove meses, de maneira totalmente gratuita. Nilson explica que, para o tratamento ter êxito, os internos desenvolvem atividades diárias. “Eles mesmos limpam a casa, cuidam das hortas, passam por tratamento psicológico e celebram conosco todos os dias ao redor da Palavra de Deus”. Além da capacidade de acolhida da comunidade terapêutica, a Associação também assiste cerca de 150 pessoas semanalmente através de um grupo de autoajuda.

Projeto Luz que liberta

Outra ação também com bastante tempo de caminhada na capital é desenvolvida pelo Projeto Luz que Liberta. Essa foi a primeira obra social da Comunidade Luz da Vida, que, além desse trabalho, acolhe pessoas em situação de rua.

O projeto também funciona de forma semelhante à ação da Associação Servos de Deus, com formação humana, religiosa e ressocialização. “Nós trabalhamos com 12 passos que vão desde a prevenção de recaídas, catequese e vida em comunidade, à palestras educativas, socializando a nossa história de vida com a Palavra de Deus”, explica o coordenador do Projeto, Wellington Custódio da Silva Oliveira.

A chácara terapêutica possui uma equipe formada por cinco pessoas também ligadas à RCC. Há o acompanhamento de um psicólogo para os recuperandos, que também são recebidos a partir dos 18 anos. Todos do sexo masculino. Triagens são feitas semanalmente na Paróquia Sagrada Família do bairro Vila Canaã; na Casa de Missão em Aparecida de Goiânia. A capacidade de acolhida é de 44 pessoas que permanecem internadas de sete a nove meses.

Amor Exigente

A Associação Movimento Amor-Exigente, por sua vez, atua como apoio e orientação aos familiares de dependentes químicos. Diferente dos demais, trabalha também junto a pessoas com comportamentos inadequados. O Programa propõe o desestímulo à experimentação, o uso ou abuso de tabaco, do álcool e de outras drogas, assim como luta contra tudo o que torna os jovens vulneráveis, expostos à violência, ao crime, aos acidentes de trânsito e à corrupção em todas as suas formas.

Já para a recuperação de dependentes alcoólicos, a Arquidiocese conta com a Casa de Acolhida Santo
Tomás de Vila Nova, que fica na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no Setor Aeroporto de Goiânia.
Combate às drogas no estado de Goiás

O Governo de Goiás, em parceria com a sociedade organizada – igrejas, associações, sindicatos, meios de comunicação, entre outros –, realiza em todo o estado, ações por meio da Jornada Goiana de Prevenção ao Uso de Drogas, lançada em fevereiro deste ano. Para o conselheiro estadual de política sobre drogas, Símaro Jordão, seu objetivo é único: “Contribuir para a superação da grave realidade social relativa ao uso e aos abusos de drogas no estado, que tem resultado nos elevados índices estatísticos sobre violência, homicídios, perdas irreparáveis às pessoas, à família e à sociedade goiana”. As jornadas, que seguem até o mês de outubro, devem acontecer no maior número possível de municípios a fim de conscientizar sobre as drogas, bem como capacitar os municípios para receberem recursos previstos em lei para a concretização dos objetivos.

Aguarda a sanção do governador um projeto de lei aprovado em 2013 pela Assembleia Legislativa de Goiás, o qual dispõe sobre a utilização de cães farejadores pelo Governo do Estado em atividades repreensivas de combate ao tráfico e consumo de drogas ilícitas, localização de objetos e seres humanos. Para o conselheiro Jordão, que participou ativamente da elaboração do projeto, a ação é indispensável para inibir e diminuir o tráfico de drogas no estado. “Os cães farejadores têm uma capacidade oito vezes maior do que a polícia para encontrar drogas. Sabemos que o estado de Goiás é uma rota de tráfico de drogas para todo o Brasil, por conta da sua localização geográfica. Com os cães, a entrada de drogas ilícitas irá diminuir consideravelmente, já que o projeto prevê um cão farejador em cada unidade da Polícia Militar Rodoviária Estadual”, explicou.

Casas de recuperação

Associação Servos de Deus
Av. Francisco Veiga Jardim, Setor Industrial Santo Antônio
Aparecida de Goiânia. Fone: 3518-5555

Comunidade Luz da Vida
Alameda dos Álamos, Quadra 08, Lote 10
Setor Recreio dos Bandeirantes
Goiânia, saída para Inhumas. Fone: 3298-3020

Federação de Amor Exigente – Regional Goiânia
Rua 04, nº 515 – Sala 1715 – Setor Central
Goiânia. Fone: 3223-7418

Casa de Acolhida Santo Tomás de Vila Nova
(Paróquia Nossa Senhora de Fátima)
Recuperação de dependentes alcoólicos
Rua Francisca Costa Cunha (Rua 26-A), n° 390 – St. Aeroporto
Goiânia. Fone: 3225-9146



Ainda não se descobriu como medir a dor. Ao seu modo, cada um a expõe de uma forma. Ela é individual, mas em algumas situações se torna coletiva. A sentimos juntos com a morte de um familiar ou amigo, quando nosso grupo é ameaçado, em tempos de guerra e eleições e no esporte também.

Este dia 8 de julho de 2014 é um exemplo da manifestação da tristeza profunda do Brasil nos últimos tempos. O futebol, uma de nossas maiores expressões, nos proporcionou esse sentimento que nos cala até a alma. Uns mais, outros menos, estão engasgados até agora com a humilhação imposta pela seleção da Alemanha naquele Mineirão lotado.

Qual brasileiro nunca ouviu falar da derrota mais marcante da seleção brasileira numa Copa do Mundo? Aquela de 1950 para o Uruguai por 2x1? O Brasil, naquela final, precisava apenas evitar a derrota para levantar a taça, mas não pode impedir a tragédia lembrada até hoje como “Maracanazzo”. Pois ontem descobrimos que a tragédia sempre pode um final mais profundo.

A derrota numa competição esportiva é previsível e um placar desfavorável pode acontecer, mas quando ela é humilhante nos deixa atordoados. Diferentemente de 1950, a derrota para a Alemanha parece não ter explicação nem dono. Visível a todos, ninguém tem a resposta para o que ocorreu naquele belo estádio “iluminado” de verde e amarelo.

Depois de ver vaias tomarem conta do estádio e das telas em todo o Brasil, agora entendo a famosa frase do maior cronista esportivo brasileiro, Nelson Rodrigues, que diz sabiamente: “as vaias são os aplausos dos desanimados”, mas ontem foi mais do que isso. Ao som de olé, olé, vimos uma seleção apática, engolida pelas próprias emoções e pela falta de pernas e talentos.

A imprensa nacional e internacional declara: depois dessa derrota o futebol nunca mais será o mesmo. Esse
é o sentimento que poderá nos levar a dias gloriosos. E ontem foi um daqueles para ser lembrado eternamente. Dele devemos colher frutos para a vida em todas as suas esferas. Da derrota em casa, com a torcida a favor, por um placar de 7x1 difícil de engolir, devemos tirar interpretações diversas, principalmente positivas.

Se Nelson Rodrigues estava certo de que “o que procuramos no futebol é o drama, é a tragédia, é o horror, é a compaixão”, ontem a encontramos, através de uma torcida aos prantos, uma seleção indiferente, um técnico sem rumo e uma Alemanha que claramente poderia ter nos deixado mais tristes se assim o quisesse. Esse 8 de julho desce amargo, mas nos faz repensar que mais importante do que o peso da camisa como tanto proclama a imprensa nacional, é a competência e o esforço para se chegar a um objetivo. A lição que eu levo dessa final antecipada de Copa do Mundo é aquela deixada após o jogo pelo técnico da seleção alemã, Joachim Löw. “Nunca podemos achar que somos invencíveis”.





O Brasil conta com cerca de 550 mil detentos e um déficit de 200 mil vagas, segundo dados do Alto Comissariado de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas. No mundo, somos um dos principais países que mais desrespeita os direitos humanos. As prisões estão superlotadas, não há higiene, e milhares de pessoas estão esquecidas à própria sorte, pela sociedade e pelas autoridades. Esses são alguns dados que fazem da Pastoral Carcerária (PCr) uma missão indispensável que deve ser abraçada por toda a Igreja.

Nascida em 1986 através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) com o objetivo de ver um mundo sem cárceres, a Pastoral Carcerária é organizada através de grupos presentes em 24 estados e no Distrito Federal (menos no Piauí e em Rondônia), em 2/3 das dioceses do país. A luz do seu trabalho está no Evangelho de Mateus (25, 36) que diz: “Estive preso e vieste me visitar” e a sua missão se desenvolve com o anúncio do Evangelho, passando pela promoção da dignidade humana e da escuta às pessoas presas.

Na Arquidiocese de Goiânia a atuação da Pastoral se dá desde 1997, quando a CNBB desenvolveu a Campanha da Fraternidade daquele ano que teve como lema “Cristo liberta de todas as prisões”. O então Arcebispo, Dom Antônio Ribeiro de Oliveira, teria começado a organizar a PCr dois anos antes, em 1995, com a formação de uma equipe cujo objetivo era “favorecer a assistência religiosa e humana aos presidiários e seus familiares” no antigo Cepaigo, hoje Penitenciária Odenir Guimarães (POG), na Casa de Prisão Provisória (CPP) e em delegacias.

Faz parte dessa história, o padre Francisco Nisoli, pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no Bairro Solange Park I, em Goiânia. Ele trabalhou na Pastoral de outubro de 1998 até 2005. Na época, a PCr propunha a cooperação de todas as paróquias e comunidades, com ênfase na atenção aos direitos humanos e em relação aos familiares dos detentos.

“Os familiares precisam do apoio e da presença da Igreja, pois são deixados sozinhos pela sociedade e, na maioria dos casos, também pelos cristãos”, comenta o sacerdote. Na época foi proposto às comunidades esse “cuidado” através das pastorais já existentes (Vicentinos, Pastoral Familiar), mas o retorno foi ínfimo. “Muitos não entendem ou até criticam a ação da Pastoral Carcerária. Diante disso é necessário analisar bem qual é a fonte que gera um mundo violento; não é o crime, mas a violência profunda que está dentro da sociedade”, afirma.

Os trabalhos da Pastoral se dão às terças-feiras, no período vespertino, onde cerca de oito a dez voluntários se deslocam ao sistema prisional. A Arquidiocese fornece os meios necessários para o deslocamento. Os agentes da PCr percorrem celas e pátios onde estão recolhidas as pessoas presas. “Nós conversamos com elas, às vezes somente escutando desabafos, relatos de suas vidas, sofrimentos; falamos sobre o amor de Deus, fazemos orações, promovendo celebrações periódicas da Eucaristia e da Palavra”, explica o coordenador da Pastoral na Arquidiocese, o Diácono Ramon Curado.

Além disso, são feitas anotações dos nomes para verificação do andamento de processos na justiça, dando-lhes orientações e encaminhamentos, quando solicitado pelos detentos. Em casos mais graves, quando ocorrem denúncias de maus tratos ou de mortes de presos, os agentes da Pastoral procuram intervir junto às autoridades ou mesmo se deslocando até o local. É um trabalho totalmente gratuito que procura refletir as palavras do Evangelho.

A vice-coordenadora da Pastoral Carcerária Nacional, Irmã Petra Silvia Pfaller, Missionária de Cristo, atua em Goiânia e faz um apelo. “Não se esqueçam das pessoas presas. Infelizmente poucos da nossa Igreja aceitam o chamado de Deus para visitar os cárceres. É um trabalho gratuito e generoso que não tem como medir, mas vemos os resultados nos corações de cada uma das pessoas presas”.

Esse trabalho é conhecido, admirado e acompanhado pelo promotor de justiça, Dr. Haroldo Caetano da Silva, há pelo menos 20 anos. “É a mais brava e corajosa instituição brasileira na defesa dos Direitos Humanos no cárcere”, elogia. Nas palavras dele, trata-se de um trabalho que vai muito além da evangelização. “Os seus voluntários e missionários entram em lugares onde as autoridades temem chegar perto; conversam e conhecem as agruras da pessoa presa, de sua família; e veem de dentro do sistema prisional o resultado produzido pelos erros de uma política criminal nefasta e burra”.

O promotor acusa o sistema carcerário de ser o principal responsável pelos altos índices de reincidência: sete em cada dez presos que deixam o sistema penitenciário voltam ao mundo do crime, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). “Não há programas nem políticas públicas de acolhimento dos egressos do cárcere”, justifica.

Nivaldo Ribeiro Trindade esteve preso por 12 anos. Ele é um exemplo. Conquistou a liberdade condicional há cinco anos, mas por diversas vezes voltou à prisão. “Consegui trabalho formal em apenas uma oportunidade, mas quando descobriram que eu fui detento, me mandaram embora.

Depois disso só trabalhei de forma autônoma e mesmo assim sendo perseguido pela sociedade e pela própria polícia”, lamenta. Nivaldo tem hoje 48 anos, é casado e pai de cinco filhos. O mais velho tem 12 anos. O homem, negro, de corpo franzino, que aprendeu a ler e escrever quando esteve preso, conheceu a Pastoral Carcerária no presídio. Diz que a cada novo dia trava uma batalha contra si mesmo para não retornar ao cárcere. Sem trabalho, vivendo apenas das doações de cestas básicas da Pastoral Carcerária, nunca sabe como será o dia seguinte. Do presídio, herdou marcas por todo o corpo: cicatrizes, uma costela quebrada, desvio na coluna e osteoporose. “A vida na prisão é um inferno ao qual eu jamais quero voltar. Graças a Deus conhecei a Pastoral, pois sem ela aquele lugar seria muito pior. Eu mesmo não sei o que seria da minha vida sem conhecer esses irmãos”, agradece.
Saiba mais sobre a Pastoral Carcerária através do site http://carceraria.org.br/ ou na Cúria Arquidiocesana: Praça Dom Emanuel, s/n°, Centro de Goiânia.

Encarcerados em Goiás

Complexo de Aparecida de Goiânia – cinco unidades: 3.803 pessoas presas
Casa do Albergado de Goiânia – 119 pessoas presas
Pessoas presas nas 87 unidades do estado de Goiás – Total: 12.866

Fonte: Secretaria de Estado de Administração Penitenciária e Justiça (SAPEJUS)