Os segredos e singularidades do jornalismo de revista

/
domingo, 8 de abril de 2012

Resenha do livro Jornalismo de Revista, de Marília Scalzo

Jornalismo de Revista é um livro da jornalista Marília Scalzo; experiente editora de revistas, trabalhou principalmente em publicações da Editora Abril. Com 112 páginas e nove capítulos, o seu livro ensina que jornalismo é feito das mais variadas formas, tendo como base o veículo para o qual o profissional escreve. Logo no primeiro capítulo Scalzo questiona: O que mantém uma revista viva? O que causa sua morte? Afinal, o que é uma revista? Questões fundamentais para quem deseja trilhar esse caminho.

Muitas questões, todas esclarecidas em Jornalismo de Revista. Uma revista, responde a autora, “é um veículo de comunicação, um produto, um negócio, uma marca, um objeto, um conjunto de serviços, uma mistura de jornalismo e entretenimento”. Ela também fala sobre o diferencial do jornalismo de revista para outros veículos. “É como uma história de amor com o leitor”, responde a autora citando o editor espanhol Juan Caño. Em outras palavras o jornalismo de revista constrói essa história de amor porque tem foco no público, diferente de outros veículos de comunicação. É criada ao longo do tempo uma relação de amizade entre a revista e o seu leitor, pois é desenvolvida uma relação de confiança e credibilidade.

“Revista é também um encontro entre um editor e um leitor, um contato que se estabelece, um fio invisível que une um grupo de pessoas e, nesse sentido, ajuda a construir identidade, ou seja, cria identificações, dá sensação de pertencer a um determinado grupo”, complementa Scalzo. É justamente por conta dessa relação quase que amorosa que a autora afirma que “quem define o que é uma revista, antes de tudo, é o seu leitor”.

A revista está situada num espaço privilegiada na comunicação social. Está entre o livro e jornal, ou seja, de acordo com Marília Scalzo, revistas não são nem tão profundas quanto os livros e nem tem vocação para notícia diária, “quente”, como o jornal. Segundo ela, a revista “cobre funções culturais mais complexas que a simples transmissão de notícias. Entretêm, trazem análise, reflexão, concentração e experiência de leitura”. A educação e o entretenimento são dois caminhos trilhados pela revista.

O que faz da revista um veículo mais próximo do leitor é a sua definição de público, como dito anteriormente, por isso, a segmentação por assunto faz parte de sua essência. Scalzo vai dizer que “revista tem foco no leitor, conhece seu rosto, fala com ele diretamente. Trata-o por você”.

“Jornalismo de Revista” trata ainda de outras questões fundamentais do veículo que o jornalista precisa conhecer, tais como “capa”, “design”, “pauta”, “relações com a publicidade”, “fotografia”, “linguagem”, entre outros. Todos esses pontos são singulares no veículo revista. São temas que podemos pensar que devem ser tratados igualmente em qualquer veículo de comunicação, ledo engano.

O jornalista de revista precisa entender os pontos citados acima para que ele possa se tornar próximo do leitor. Para cativá-lo, o jornalista precisa entender que escrever em revista não é só levar a informação ao público, mas levá-la com prazer. Em revista, segundo a autora, o bom texto é aquele que deixa o leitor feliz, além de suprir suas necessidades de informação, cultura e entretenimento. Para conseguir esses feitos, antes, o jornalista de revista precisa saber para quem escreve. “Texto de revista, já dissemos, tem endereço certo. Conhecendo o leitor, sabe-se exatamente o tom com que se dirigir a ele”. A luta do jornalista de revista é jamais permitir desvios de leitura. Para isso ele deve evitar lugares-comuns em seu texto, principalmente em reportagens longas. E lembrar sempre: no jornalismo de revista cabe cheiros, cores, descrições, apresentações de personagens, humanização de histórias, dar o máximo de detalhes sobre elas.




Os comentários serão administrados pelo autor do blog. Conteúdos ofensivos ou afirmações sem provas contra terceiros serão excluídos desta página.

Comentários