Capa de Bravo sintetiza a grandeza e intensidade do pintor Mark Rothko

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sábado, 14 de abril de 2012

A Revista Bravo da Editora Abril trouxe neste mês de abril de 2012 uma de suas melhores capas desde que assino a publicação. O ator Antonio Fagundes foi fotografado por Daniel Klajmic. Na imagem, ele foi literamelmente banhado por tinta guache vermelha, na qual retrata o pintor expressionista abstrato, Mark Rothko (1903 – 1970), russo (Letônia) que se naturalizou estadunidense.

De acordo com Bravo, foram feitas pelo menos dez fotos até se chegar ao resultado final. “Com uma generosidade acima da média, Antonio Fagundes ofereceu a cara à tinta e nos permitiu errar a mira cerca de dez vezes durante o ensaio que originou a capa desta edição”, contou a publicação na seção Carta da Redação.

O resultado da capa da Bravo está à altura do pintor e suas particularidades: ele era diferente, se auto-identificava um fazedor de mitos, tinha o gênio difícil e não aceitava que sua arte fosse exposta com a de outros artistas que ele fazia questão de rejeitar. Mas por que tinta vermelha sobre o rosto de Fagundes? Essa foi a grande sacada da produção de Bravo.

A cor quente foi bastante usada pelo artista, representa também a intensidade emocional que seus quadros transpassam, mas também vai além e reflete o pensamento de Mark Rothko. É que Vermelho é o nome da peça de John Logan e dirigida por Jorge Takla em cartaz em São Paulo. “Você se orgulha disso, não? De ter pisoteado o cubismo até a morte”, indaga Ken, antevendo a resposta. “Todo filho deve banir o pai”, sentencia Rothko. “Respeitá-lo, mas matá-lo”. Ken é o auxiliar de Rothko que na peça adaptada para o Brasil é interpretada por Bruno Fagundes, filho de Antonio Fagundes. A afirmação de Rothko responde a Ken que havia visitado uma exposição de Pablo Picasso e se encantado com o que viu, mas para Rothko não passava de “arte trágica e supérflua” que fazia parte do passado e deveria ser banida.

A capa de Bravo sintetizou bem o que a jornalista Marília Scalzo, autora do livro Jornalismo de Revista, já explorado neste blog, chama de “resumo irresistível da edição”, ou seja, uma boa revista precisa de uma capa que ajude a conquistar leitores e os convença a levá-la para casa. Bravo explorou na edição de abril o primeiro elemento que pretende a atenção do leitor: uma boa imagem.



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