As crises que nos perseguem

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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A Crise Econômica pela qual passamos é de conhecimento de todos, afinal a sentimos nos bolso. O dólar a pouco mais de R$ 4, um recorde desde a criação do Plano Real (cotação do dólar comercial no dia 23 de setembro de 2015), eleva o preço de diversos produtos, começando pelo pãozinho francês até os industrializados porque mais do que nunca, para obter lucros, as empresas precisam ganhar mais reais para vender o seu produto; os importados também ficam mais caros, a inflação aumenta e o poder aquisitivo cai. Nesse barco, os pobres são os mais afetados. Se o nível de preços ultrapassar a meta do Governo Federal, poderemos até passar por um racionamento de água e energia.

Junto com a Crise Econômica, o país passa por uma Crise Política. É bem difícil dizer se é a crise econômica que produz a crise política ou se é esta que constrói a crise econômica. O certo é que ela afeta a todos também, uma vez que o Governo e a oposição não conseguem se acertar – chegar a um consenso – em prol dos cidadãos. Um exemplo é a análise pelo Congresso Nacional dos 32 vetos da presidente Dilma Rousseff, novela longe de acabar. Os embates tem tudo a ver com a economia, já que os projetos podem reequilibrar ou descontrolar as contas públicas.

A Crise Moral é outra bastante presente no dia a dia de todos nós. Essa é grave e muito antiga e está relacionada com o extinto de se dar bem, ser esperto, levar vantagem em tudo e cultuar muito mais o ter do que o ser. A preocupação aqui é o material, é ganhar tempo, furar fila porque o meu tempo é mais precioso do que o do próximo. É grave porque não nos damos conta dela. Apontamos apenas o nosso dedo acusador aos políticos, aos “bandidos de colarinho branco”, sem olhar para nós mesmos e as pequenas corrupções que praticamos quase que (senão) diariamente.

Crise de inteligência

Mas, diante das três crises descritas acima, a Crise de Inteligência parece ser o mal maior dos nossos dias e pode afetar ou estar relacionada com todas as outras. Argumentar hoje em dia é tão difícil quanto desenvolver uma fórmula matemática. Estamos cada vez mais despreparados para debater qualquer assunto ou analisar algum tema da atualidade. As redações do Enem que o digam. O filósofo francês Gilles Lipovetsky diz que, atualmente, “mais do que uma crise de valores, vivemos um problema de inteligência”.

A Crise de Inteligência é fruto da precarização da nossa educação; as pessoas se apossam de fórmulas prontas e simplistas e a repetição de certezas incontestes (que não resistiriam a um simples debate). Outros partem para agressão mesmo e a negação do interlocutor e suas ideias. Contribui para a supervalorização da ignorância dos nossos dias, a famosa internet e as redes sociais, ambiente em que as pessoas postam verdades absolutas, se pronunciam com certezas e não estão nem um pouco preocupadas e abertas ao diálogo e debate. Preferem se fechar em um mundo virtual criado paralelamente ao real. Ambos se confundem e transformam a pessoa em um ser cada vez mais sem sentido, menos crítico e mais conformado com a realidade que a engole todos os dias.


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