Dilma Rousseff dá exemplo de como não administrar uma crise incipiente

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quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Como pinos de boliche, os ministros da presidente Dilma Rousseff vão caindo um a um em apenas nove meses de governo. Dos cinco exonerados, apenas Nelson Jobim (Defesa), que saiu em 5 de agosto, foi por insubordinação, os outros foram pela praga da corrupção: Wagner Rossi (Agricultura) saiu em 17 de agosto, por acusações de corrupção no ministério e seu envolvimento em alegadas irregularidades, Alfredo Nascimento (Transportes), em 6 de julho, após pressões pelas denúncias de corrupção e queda de altos funcionários, e o primeiro, aquele que voltou mas não ficou: Antonio Palocci (Casa Civil), que caiu no dia 7 de junho, sob fortes suspeitas de tráfico de influência em favor da sua empresa de consultoria e enriquecimento ilícito. Com tudo isso, Dilma dá exemplo de como não administrar uma crise que começa a arrancar no Governo Federal.

O que se quer saber é até quando essa série de quedas vai continuar. O fato já mexe fortemente com a opinião pública, os veículos de comunicação divulgam a todo o instante e a sequência dos fatos pode agravar e comprometer a sua gestão que mal começou, literalmente. O problema maior nessa história e o fato curioso é que todos, exceto Jobim, caíram com a marca da corrupção nas costas.

Não se trata aqui de colocar a culpa na presidente, longe disso, mas de lembrar que Dilma herda do presidente Lula uma crise que dormia e era questão de tempo até estourar o que vemos nas manchetes da imprensa nacional. Mais uma vez fica comprovada a ineficiência e inoperância do sistema de indicação de ministros no governo brasileiro. Não há democracia nesse falido sistema. Governo sem ministros e secretários não funciona. E se não funciona, o meu voto direto para colocar um corrupto indireto, não valeu nada.

O fato que rui hoje o Governo Dilma pode transformar-se num abalo de grandes proporções e num momento delicado para o país: crise financeira mundial, véspera de uma Copa do Mundo de Futebol e de Olimpíadas, eventos que merecem atenção total, hoje, amplamente prejudicados pelo desvio de foco causado pela crise. Diante desse cenário, cabe a Dilma administrar a situação pela raiz. Já é passada a hora de analisar a base do seu governo um a um, ministério a ministério e conduzir a situação antes da imprensa. Ela deve urgentemente saber com quem está lhe dando e que prejuízos poderá haver amanhã. Está em jogo hoje o futuro do governo e a capacidade da presidente de mediar a situação. A imprensa pressiona, a exposição já é grande, e em mais alguns dias os reflexos na produtividade do governo serão vistos.

Aguardemos mais um tempo. As pesquisas de opinião já estão sendo produzidas. Depois de vários pinos no chão, a oposição deverá ter feito alguns pontos no jogo das futuras eleições de 2014. Se continuar assim, poderemos assistir dia após dia um governo sendo mutilado pelos seus próprios aliados e por si mesmo. A última queda, de Pedro Novais (PMDB-MA), indicado de José Sarney, e a rápida sucessão pelo deputado federal Gastão Vieira (PMDB-MA), mostra que a condução da incipiente crise está longe de ter um fim. A troca de Novais por Vieira denuncia mais um erro de condução de crise. Assistamos, pois, as próximas partidas desse jogo de poder, pois toda crise tem um início, meio e fim.



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