Crismado: pronto para assumir a missão da Igreja

/
sábado, 23 de maio de 2015



Na primeira edição (50) sobre o Sacramento da Confirmação ou Crisma ficou claro que as comunidades e paróquias precisam se esforçar para fazer da catequese um aprendizado constante na alegria do Evangelho em que somos convidados a renovar o nosso “encontro pessoal com Jesus Cristo”, conforme a Exortação apostólica Evangelii Gaudium (A alegria do Evangelho) do papa Francisco.

A vivência do Evangelho na catequese, ao contrário da doutrinação, possibilita também aos crismandos o entendimento do rito deste Sacramento que, como o Batismo (edição 46), é rico em simbologia e significado.

Ao Encontro Semanal, o arcebispo emérito da Arquidiocese de Goiânia, Dom Antonio Ribeiro, explicou os diversos aspectos que permeiam a liturgia da Crisma que, segundo ele, “devem refletir na vida do cristão”. Dois momentos são os mais importantes no rito da Crisma: a imposição das mãos do bispo e a marca do sinal da cruz, que são a forma;  e a unção com o óleo de oliveira, que é a matéria. “Como na celebração da Santa Missa, a imposição das mãos que está presente em toda a liturgia da Igreja tem o sentido de invocar a efusão do Divino Espírito Santo”, explica. Após esse gesto, alguns bispos ainda dão um tapinha leve no rosto dos crismados, indicando que eles deverão suportar as adversidades da vida e defender a fé em nome de Jesus.

De acordo com o Catecismo da Igreja Católica (CIC), é no momento da imposição das mãos que o ministro pede ao Senhor os dons do Espírito Santo aos crismandos: Sabedoria, Inteligência, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus. Já a unção com o óleo perfumado, consagrado pelo bispo na Quinta-feira Santa, diz Dom Antonio, “significa a eleição, escolha da pessoa, por Deus, para participar da vida cristã”; por isso, a unção é feita na fronte; em outras palavras, “a partir desse momento o cristão deve exalar o perfume espiritual das virtudes”. O rito confere ao candidato o selo da responsabilidade que deverá assumir perante a Igreja e a sociedade.

Bispo, ministro da Crisma

O ministro ordinário do Sacramento da Confirmação é o bispo que exprime a unidade apostólica da Igreja. Ele também pode delegar um sacerdote para realizar o rito, mas só quando houver necessidade. Como foi explicado na edição 51, Batismo e Crisma são os mesmos Sacramentos.

Enquanto o primeiro (infantil) confere a inserção da pessoa na comunidade cristã, o segundo (adulto) confia-lhe a responsabilidade de assumir a missão da Igreja. “O bispo ministra este Sacramento para demonstrar que aquele cristão tem um dever não só na Igreja universal, mas na Igreja particular onde o bispo é o pastor; por isso, a administração desse Sacramento tem como efeito unir aqueles que o receberam mais intimamente à comunidade”, completa Dom Antonio.

Renovação das promessas batismais e profissão de fé

No Batismo de crianças, pais e padrinhos renovam as promessas batismais, renunciam às forças do mal e aceitam Jesus como único salvador, no sentido de ajudar a criança a seguir Jesus Cristo (edição 46). Na Crisma, é o próprio crismando quem renova as promessas, ou seja, o compromisso assumido com a Igreja, e professa a sua fé em um único Deus todo-poderoso para poder, então, assumir a função de discípulo e de testemunha de Cristo.

Para encerrar o rito, o bispo e os crismados se cumprimentam com o ósculo da paz. Sobre esse momento, Dom Antonio relembra. “Eu gostava de desejar a paz e pedir que o crismado também me desejasse no sentido de estarmos comprometidos, o bispo e todo o povo cristão nesse trabalho de construir um mundo de justiça, de amor e de paz; conforme o cardeal Leo-Jozef Suenens, da Bélgica, ‘a paz começa em cada coração e se estende à família e daí à comunidade e ao mundo’; esse gesto é que nos lembra que nós cristãos somos construtores da paz”.

Crisma, o Sacramento de Pentecostes

O Sacramento da Confirmação tem uma relação profunda com a Festa de Pentecostes, que será celebrada no próximo dia 24 de maio. No episódio, o Espírito Santo desce em formato de línguas de fogo sobre Nossa Senhora e os apóstolos reunidos no cenáculo (At 2, 1-13). Conforme disse o padre Nilson Maróstica, na edição 50, o crismando que vai receber a Confirmação está apaixonado por Cristo, pronto para a missão. Da mesma forma que os apóstolos ficaram “cheios do Espírito Santo”, os crismandos também recebem na unção com óleo santo e a imposição das mãos do bispo, símbolo apostólico, os sete dons para pregar a palavra de Deus a toda criatura.

Publicado originalmente no Jornal Encontro Semanal, da Arquidiocese de Goiânia 



Os comentários serão administrados pelo autor do blog. Conteúdos ofensivos ou afirmações sem provas contra terceiros serão excluídos desta página.

Comentários