Na primeira edição (50) sobre o Sacramento da Confirmação ou Crisma ficou claro que as comunidades e paróquias precisam se esforçar para fazer da catequese um aprendizado constante na alegria do Evangelho em que somos convidados a renovar o nosso “encontro pessoal com Jesus Cristo”, conforme a Exortação apostólica Evangelii Gaudium (A alegria do Evangelho) do papa Francisco.

A vivência do Evangelho na catequese, ao contrário da doutrinação, possibilita também aos crismandos o entendimento do rito deste Sacramento que, como o Batismo (edição 46), é rico em simbologia e significado.

Ao Encontro Semanal, o arcebispo emérito da Arquidiocese de Goiânia, Dom Antonio Ribeiro, explicou os diversos aspectos que permeiam a liturgia da Crisma que, segundo ele, “devem refletir na vida do cristão”. Dois momentos são os mais importantes no rito da Crisma: a imposição das mãos do bispo e a marca do sinal da cruz, que são a forma;  e a unção com o óleo de oliveira, que é a matéria. “Como na celebração da Santa Missa, a imposição das mãos que está presente em toda a liturgia da Igreja tem o sentido de invocar a efusão do Divino Espírito Santo”, explica. Após esse gesto, alguns bispos ainda dão um tapinha leve no rosto dos crismados, indicando que eles deverão suportar as adversidades da vida e defender a fé em nome de Jesus.

De acordo com o Catecismo da Igreja Católica (CIC), é no momento da imposição das mãos que o ministro pede ao Senhor os dons do Espírito Santo aos crismandos: Sabedoria, Inteligência, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus. Já a unção com o óleo perfumado, consagrado pelo bispo na Quinta-feira Santa, diz Dom Antonio, “significa a eleição, escolha da pessoa, por Deus, para participar da vida cristã”; por isso, a unção é feita na fronte; em outras palavras, “a partir desse momento o cristão deve exalar o perfume espiritual das virtudes”. O rito confere ao candidato o selo da responsabilidade que deverá assumir perante a Igreja e a sociedade.

Bispo, ministro da Crisma

O ministro ordinário do Sacramento da Confirmação é o bispo que exprime a unidade apostólica da Igreja. Ele também pode delegar um sacerdote para realizar o rito, mas só quando houver necessidade. Como foi explicado na edição 51, Batismo e Crisma são os mesmos Sacramentos.

Enquanto o primeiro (infantil) confere a inserção da pessoa na comunidade cristã, o segundo (adulto) confia-lhe a responsabilidade de assumir a missão da Igreja. “O bispo ministra este Sacramento para demonstrar que aquele cristão tem um dever não só na Igreja universal, mas na Igreja particular onde o bispo é o pastor; por isso, a administração desse Sacramento tem como efeito unir aqueles que o receberam mais intimamente à comunidade”, completa Dom Antonio.

Renovação das promessas batismais e profissão de fé

No Batismo de crianças, pais e padrinhos renovam as promessas batismais, renunciam às forças do mal e aceitam Jesus como único salvador, no sentido de ajudar a criança a seguir Jesus Cristo (edição 46). Na Crisma, é o próprio crismando quem renova as promessas, ou seja, o compromisso assumido com a Igreja, e professa a sua fé em um único Deus todo-poderoso para poder, então, assumir a função de discípulo e de testemunha de Cristo.

Para encerrar o rito, o bispo e os crismados se cumprimentam com o ósculo da paz. Sobre esse momento, Dom Antonio relembra. “Eu gostava de desejar a paz e pedir que o crismado também me desejasse no sentido de estarmos comprometidos, o bispo e todo o povo cristão nesse trabalho de construir um mundo de justiça, de amor e de paz; conforme o cardeal Leo-Jozef Suenens, da Bélgica, ‘a paz começa em cada coração e se estende à família e daí à comunidade e ao mundo’; esse gesto é que nos lembra que nós cristãos somos construtores da paz”.

Crisma, o Sacramento de Pentecostes

O Sacramento da Confirmação tem uma relação profunda com a Festa de Pentecostes, que será celebrada no próximo dia 24 de maio. No episódio, o Espírito Santo desce em formato de línguas de fogo sobre Nossa Senhora e os apóstolos reunidos no cenáculo (At 2, 1-13). Conforme disse o padre Nilson Maróstica, na edição 50, o crismando que vai receber a Confirmação está apaixonado por Cristo, pronto para a missão. Da mesma forma que os apóstolos ficaram “cheios do Espírito Santo”, os crismandos também recebem na unção com óleo santo e a imposição das mãos do bispo, símbolo apostólico, os sete dons para pregar a palavra de Deus a toda criatura.

Publicado originalmente no Jornal Encontro Semanal, da Arquidiocese de Goiânia 


Nos dias de hoje está na moda falar de liderança. Palavra-chave para a saúde de uma empresa seja de qual ramo de atividade ela for oriunda, a liderança pode fazer a diferença e é fator indispensável para a motivação ou não dos colaboradores. Para adquirir resultados positivos nas relações pessoais, bem como no desenvolvimento das mais diversas atividades, está ficando no esquecimento a figura do chefe cuja forma de influência sobre os subordinados é feita pela coação, força, poder. “Faça isso ou eu o despedirei; faça isso, senão...”.

O Monge e o Executivo – Uma história sobre a essência da liderança (The Servant) de autoria do norte americano James C. Hunter, lançado no Brasil em 2004, pela Editora Sextante, com 128 páginas e dividido em sete capítulos, é leitura obrigatória para estudantes e executivos da área de administração de empresas, fundamental para quem lida todos os dias com pessoas.

Logo nas primeiras páginas, o autor explica o significado de liderança, poder e autoridade, caminho que conduz toda a história que se passa em um mosteiro da Ordem de São Bento. Um grupo de seis pessoas, de diversas profissões, passa uma semana no lugar aprendendo como se tornarem líderes servidores com um famoso ex-executivo de uma das maiores empresas dos Estados Unidos.

A história, porém, gira em torno de um gerente-geral de uma importante indústria de vidro plano com mais de 500 funcionários e mais de 100 milhões de dólares em vendas anuais. Ele tinha tudo para estar feliz, mas a família estava se desestruturando; no trabalho, enfrentava um desgaste com funcionários e sua liderança era contestada pelo seu chefe. O retiro no mosteiro foi sugerido pelo pastor da igreja que pouco frequentava, com o apoio total da esposa Rachel. Naquele período, ele se afastaria do trabalho para tentar por a vida em ordem.

Ler o Monge e o Executivo é mergulhar em uma história cheia de ensinamentos espirituais. As reflexões, também filosóficas, testam a forma como tratamos as pessoas e como fazemos a manutenção dos nossos relacionamentos. Valorizar as pessoas ou, em outras palavras, tratá-las exatamente como você gostaria que elas o tratassem é a palavra de ordem na obra. A recompensa desse "mandamento" vem em formato de trabalho de qualidade.

Uma coisa é certa na leitura desse best-seller da administração moderna: o leitor encerra suas páginas com a sensação de pode ser mais humano; se estudar cada capítulo, adquire uma capacidade de construir relacionamentos saudáveis e satisfazer as necessidades dos liderados com foco no cliente. Eu recomendo: você não irá querer desgrudar dessa bela história sobre a essência do compromisso com o outro. Afinal, como diz o próprio James Hunter, "no fim, a única questão importante será: que diferença as nossas vidas fizeram no mundo?".


Cobrança de taxa de disponibilidade para o médico fazer o trabalho de parto normal tem se tornado comum no país. Os valores variam entre R$ 2 e 3 mil que já deveriam estar embutidos na mensalidade dos convênios. Para as mães e órgãos de defesa do consumidor, a cobrança é abusiva; para o Conselho Federal de Medicina, “é ético”. 

Na contramão do mundo, por uma série de fatores históricos e culturais, o Brasil ocupa a primeira posição em realização de partos cesarianos (85%) enquanto os partos normais são apenas 15%. Na Inglaterra, por exemplo, os partos normais são 92%. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que as cesáreas não ultrapassem os 15% dos procedimentos em um país.

Para reverter o quadro brasileiro, o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicaram uma resolução que estabelece normas que estimulam o parto normal e baixe as desnecessárias cesarianas na saúde suplementar. Regras como ampliação da informação pelas consumidoras de planos de saúde sobre a porcentagem de procedimentos normais e cesáreos por estabelecimento, bem como a obrigação de as operadoras fornecerem o cartão da gestante, em que deverá constar o registro de todo o pré-natal, passará a valer a partir de julho.

Os números do Brasil refletem a opção da maioria das mulheres pela cesárea por temer as dores do parto normal, mas também não deixam de ser resultado de empecilhos por parte dos convênios. Não é difícil encontrar gestantes que contratam a saúde suplementar com o objetivo de garantir um pré-natal e um parto mais tranquilo, longe de filas e dificuldades encontradas na saúde pública. O primeiro desafio de ser mãe, para muitas mulheres, começa aí.

O Encontro Semanal entrevistou três gestantes que têm em comum o desejo de serem mães pelo procedimento do parto normal, por meio dos convênios médicos. Elas também têm em comum a situação nada agradável que encontraram pelo caminho ao se depararem com a notícia de que, além de pagar pelo convênio, tinham também de arcar com a chamada “taxa de disponibilidade”, que varia entre R$ 2 e 3 mil, para garantir que o mesmo médico que tenha realizado o pré-natal, seja também o profissional responsável pelo parto.

Diante disso, existe uma discussão longe do fim, porque não há lei que regulamente esse tipo de situação, embora a ANS e o Instituto de Defesa do Consumidor sejam contra a cobrança da taxa. A lei 9656/98 estabelece que a cobertura de despesas referentes a honorários médicos deve ser obrigatoriamente assumida pelas operadoras de planos privados de assistência à saúde referente ao pré-natal, assistência ao parto e ao puerpério (pós-parto).

Ouvido, o advogado Jhonatan Neiva explicou que a cobrança por parte dos médicos é abusiva. “Com base no Código de Defesa do Consumidor, o usuário do convênio tem o direito básico de ser informado, no ato da contratação, e não em momento posterior, acerca da cobrança de taxas extras”. Ele explica que caso ainda não tenha acontecido o parto, a pessoa que se sente lesada tem como pleitear na justiça a extinção da cobrança abusiva; posteriormente, também tem como recorrer à restituição em dobro dos valores pagos.

Gestantes contratam instituição e não o médico

Para o vice-presidente do Conselho de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) e obstetra Dr. Aldair Novato Silva, as mães que usam convênios médicos precisam entender que elas contratam a operadora e não o médico, por isso, não têm o direito de exigir que o médico do pré-natal faça o parto normal. “Engana-se a paciente que acha que é acompanhada exclusivamente por um médico e equivoca-se o médico que acha que a paciente é sua; precisamos mudar esse pensamento; médico nenhum consegue acompanhar uma gestante em seu pré-natal e ainda fazer o parto; pode acontecer, mas nem sempre é possível estabelecer que esse profissional faça o procedimento”. A saída, segundo o obstetra, é as gestantes entenderem que os médicos plantonistas podem fazer o mesmo trabalho.

Roberta dos Santos, 28 anos, está grávida de sete meses. Usuária de convênio, já passou por três médicos, na fase pré-natal até chegar ao atual profissional que irá realizar o seu parto. “Eu estava cansada e, mesmo sabendo que é abusivo, eu gostei do médico e tive que decidir”. Roberta irá pagar R$ 2 mil pelo procedimento.

A mesma situação é vivida por Raimunda de Araújo, 27 anos, que, no sexto mês de gestação, só conseguiu médicos que façam o parto normal com o pagamento da taxa. Ela pensa em recorrer aos plantonistas. Ana Paula da Silva, 29 anos, pagou pelo mesmo parto normal em janeiro. “Eu e meu esposo concordamos, já que a taxa estava dentro das nossas possibilidades, só para não ter que me submeter a uma cesariana sem real indicação”, justificou. “Diante de toda essa situação, eu torço para que os médicos brasileiros incentivem as mulheres ao parto normal e deixem de marcar hora e dia para o bebê nascer, com exceção dos casos que realmente precisam de uma cesariana para salvar vidas”, disse. Ana Paula e Raimunda afirmaram que os médicos tentam convencê-las de optar pelo parto cesáreo.

Um parecer do Conselho Federal de Medicina (CFM) diz que “é ético e não configura dupla cobrança o pagamento de honorários pela gestante referente ao acompanhamento presencial do trabalho de parto, desde que o obstetra não esteja de plantão e que este procedimento seja acordado com a gestante na primeira consulta”.

A médica obstetra Dra. Selma Trad, diretora financeira da Unimed Goiânia, informou que a empresa não aceita cobrança de disponibilidade por parte dos médicos. Segundo ela, caso a gestante venha a pagar a taxa, a operadora garante o ressarcimento do valor e um processo será aberto contra o profissional que fez a cobrança. Para fugir dessa situação, ela faz a mesma orientação do Dr. Aldair. “Durante toda a semana temos quatro maternidades que estão sempre de plantão: Ela, Modelo, Hospital da Mulher e Hospital Jardim América; as gestantes em trabalho de parto podem ligar na Unimed e pedir informação de qual está em plantão que será bem atendida por uma equipe competente de profissionais; as gestantes não precisam temer pois não ficarão sem atendimento”, garante

Na rede municipal, as gestantes têm como opções a Maternidade Dona Íris; Maternidade Nascer Cidadão e a Santa Casa de Misericórdia. “O parto normal é uma prioridade para nós; a gestante é avaliada e caso não seja possível, é submetida ao parto cesariano”, disse o coordenador médico da Maternidade Nascer Cidadão, Dr. Jony Rodrigues Barbosa. Na rede municipal, os partos normais representam 40% dos procedimentos.

Atendem pela rede estadual o Hospital Materno Infantil e a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes. Segundo a gerente de saúde da mulher, criança e adolescente, Damiana Aparecia Andrade de Carvalho, o Estado tem trabalhado para ampliar e melhorar os atendimentos para os partos normais. “Temos investido para estimular os partos normais. Os profissionais também têm sido qualificados para estimular as mães a optarem por esse procedimento”, afirmou.

Reportagem publicada originalmente na edição 51 do Jornal Encontro Semanal, da Arquidiocese de Goiânia


 “Nos Sacramentos, encontramos a força para pensar e agir segundo o Evangelho”, escreveu em sua conta no Twitter @Pontifex_pt o papa Francisco no último dia 23 de abril. De fato, é pelos Sacramentos que encontramos a graça e entendemos o mistério da redenção de Cristo. Neste número, abrimos as edições sobre a Confirmação ou Crisma que, conforme o Catecismo da Igreja Católica (CIC), juntamente com o Batismo e Eucaristia, constitui o conjunto dos sacramentos da Iniciação Cristã, cuja unidade deve ser assegurada.

Nas edições sobre o Batismo, foi possível entender que esse Sacramento insere a pessoa, criança ou adulto na comunidade cristã. Pela água as pessoas se tornam membros do Corpo de Cristo, Povo de Deus que é a Igreja (edição 44). Já a Crisma tem o objetivo de confirmar o Batismo, ou seja, imprimir no cristão batizado o caráter de adulto na fé e na vivência em comunidade dos ensinamentos do Evangelho. “A pessoa que recebe a Crisma está em plena posse dos mistérios da fé; ele é um inserido pleno na Igreja”, explica o padre jesuíta Nilson Maróstica, pároco da Paróquia Santa Genoveva, em Goiânia.

Segundo o CIC, o cristão que vai receber a Confirmação deve estar em estado de graça. Nesse sentido, a Igreja tem muito a contribuir. Começando pela catequese; os catequistas, de modo especial, precisam distinguir vivência do Evangelho de doutrinação. “A melhor forma de preparar para a Crisma é tomar posse do modelo adotado pelos primeiros cristãos: colocar o catequisando em contato com Jesus Cristo, que é o principal conteúdo”, diz padre Nilson. Como fazer isso? “Apresentando a vida do Jesus que curou, que cuidou das pessoas, que se preocupou com a humanidade; vamos selecionar textos do Evangelho para ensinar os jovens; ler, reler, confeccionar cartazes e discutir; saborear a Palavra como se fosse uma Leitura Orante da Bíblia; esse é o sentido”, orienta.

A doutrinação, segundo Maróstica, não leva ao “apaixonar-se por Cristo” – objetivo principal da preparação para a Crisma. “A doutrinação cansa, entristece os jovens; ensinar virtudes, quais são os pecados, os 10 Mandamentos da Lei de Deus, de maneira decorada, não é bom; tudo isso se aprende lendo livros, na internet, com a família; a vivência, por outro lado, evangeliza”, aconselha. Nesse processo, de acordo com o padre, pequenos detalhes podem fazer a diferença. “Que tal os jovens passarem por dentro da Igreja, para chegarem às salas de catequese. Esse contato é muito importante”.

A comunidade paroquial, durante essa etapa de preparação, tem um papel muito importante a prestar envolvendo os catequizandos em suas atividades, movimentos, pastorais, liturgia das missas e celebrações. Deixá-los fora da vida pastoral leva ao “desaparecimento” de tantos crismados. “Se for uma comunidade que não se preocupa com os seus catequizandos, não vai crescer nunca, não vai ter vida. É como uma mãe que não cuida dos seus filhos”. Padre Nilson fala da própria experiência na Paróquia São Leopoldo Mandic, no Setor Jaó. “Os jovens crismados desapareceram da Igreja no ano passado e eu perguntei à catequista o que houve; ela disse que ligava para os jovens, mas nada acontecia. Começamos a envolvê-los em um grupo de jovens e até hoje eles estão lá unidos e atuantes. Esse é o objetivo: o envolvimento leva à participação”. Ele diz ainda que a Igreja precisa motivar os jovens apresentando uma evangelização “apaixonada, garantindo que ali eles encontrarão a verdadeira alegria e que o encontro com o Senhor vai ser proveitoso, gostoso e salutar”.

Vanessa Cristina de Oliveira, 36 anos, da Paróquia São Judas Tadeu, se prepara para a Crisma que irá receber no fim deste ano. Sempre foi incentivada pelos pais quando ainda criança, mas afastou-se da Igreja por muito tempo. “Uma amiga que foi crismada no ano passado me incentivou e, após eu participar de um retiro, me apaixonei por Jesus e decidi crismar, porque tenho certeza de que será bom para mim e para minha família. Quero continuar e assumir a missão que Jesus me mostrar”, disse em entrevista ao Encontro Semanal. Lara Maria da Silva Pires, 14 anos, sempre participou da Igreja com o apoio da família. Ouvida, ela revelou o que a motiva a querer receber o Sacramento. “Quero crismar porque é um caminho para eu aprender mais sobre a Igreja e porque acredito que Deus tem um propósito para cada um e a Crisma ajuda a descobrirmos essa missão. Pretendo, após crismar, ajudar os novos crismandos de alguma forma”.


Crisma, extensão do Batismo

Batismo e Crisma são os mesmos Sacramentos, divididos, na Iniciação Cristã, em duas idades: infantil e adulta. Entender a diferença de um e outro é muito simples, mas é necessário voltar à história. Por que a Igreja batiza crianças? No período da Cristandade, a partir do século IV, que se estabeleceu por 16 séculos, todos eram cristãos na Europa. Batizava-se a família inteira e as criancinhas, pois era certo que todos seriam educados no Cristianismo. Quando esse período acabou, as famílias deixaram de ser preparadas para educar os filhos na fé e o sentido de batizar crianças foi se perdendo. Por isso hoje a Igreja quer inserir em todas as comunidades o Rito da Iniciação Cristã de Adultos (RICA). “Hoje batizar está se perdendo e virando apenas uma obrigação mais social que religiosa. Por isso, quando uma pessoa adulta se aproxima da Igreja e fala que gostaria de ser batizada é diferente: ela irá começar toda uma vivência dentro da comunidade, na fé, irá se abrir à evangelização e de fato irá assumir o seu Batismo”, explica. Para essa pessoa, segundo o padre, “o Batismo é assumido e, na Crisma, esse cristão assumido e apaixonado por Cristo nem precisará de catequese, pois ele já está inserido na comunidade. É um adulto na fé”.

Voltemos ao estado de graça, citado no início da reportagem. Depois de passar por uma catequese que apresenta Jesus Cristo por meio do Evangelho, que insere os crismandos nas atividades pastorais da Igreja, a pessoa estará preparada para receber a Crisma, pois ela estará apaixonada pelo Senhor. “Por si só vai dizer: ‘Eu quero ser crismado’, sem que ninguém o force, nem o obrigue. Ele não irá se crismar porque chegou a hora, mas porque ele passou por todo um processo de evangelização. O jovem terá confessado os seus pecados e estará em estado de graça para receber pela unção com o óleo do crisma, o selo do Espírito Santo”, conclui padre Nilson.