A sessão da Câmara de Vereadores que ouvimos no rádio não é a mesma que assistimos em plenário

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sexta-feira, 28 de junho de 2013


Certamente você já ouviu a expressão “uma imagem diz mais que mil palavras”. As sessões plenárias da Câmara Municipal de Vereadores lembram muito bem o ditado. Quando eu morava em Brasília, ouvia as sessões e, mesmo em Grajaú, as ouço pelo rádio, quando não estou cobrindo in loco. As discussões, como é normal no cenário legislativo, podem chegar ao extremo de forçar opositores a usar da violência, seja através de palavras ou de punho.

Comecei a acompanhar os trabalhos desenvolvidos nas terças e quartas-feiras, no Palácio João Viana Guará, no último mês de abril e me deparei com imagens que me provocaram a convidar os ouvintes do rádio a assistir as mesmas sessões em plenário para testemunharem que aquilo que ouvem não se trata das mesmas imagens.

As inflamações que os nobres ouvintes recebem em sinais de ondas de rádio e que podem ser até motivo de ironia para a população, na verdade trata-se apenas de emoções vazias dispensadas por alguns parlamentares. Ânimos exaltados, trocas de palavrões, e olhares que denunciam inimizade entre os vereadores: tudo isso é ouvido pelo rádio. O que não é visto, porém, é o abraço que alguns parlamentares dão entre si após os momentos de desarmonia. Quem está no plenário não acredita nas imagens que vê. Quem ouve o rádio entende que os vereadores não podem lançar olhar uns ao outros que a confusão poderá recomeçar. Pura ilusão formulada pelo inconsciente dos ouvintes.

Pode parecer pequeno ou insignificante abordar em artigo o comportamento dos guardiões do poder legislativo do município em plena atuação, mas tal ponto de vista vislumbrado aqui denuncia o (des) compromisso dos nossos parlamentares com a coisa pública e com a população. Quem eles defendem? Na Câmara de Grajaú, o voto, é o bem mais importante. Sempre que aprovam alguma lei, eles lembram que vereador A ou B tem um curral eleitoral neste ou naquele bairro. Aprovação de leis, portanto, depende dos votos que o parlamentar x angaria em um local em detrimento de outro? Em Grajaú, sim.

Quando entram em desacordo, oposição e situação, e depois se entendem em instantes através de abraços e piscar de olhos, o que na verdade tais atitudes denunciam? Os autores dos comportamentos mencionados deveriam saber se posicionar de maneira moral e discreta, sob pena de estarem levando abaixo suas reputações junto à população, mas eles não têm dimensão daquilo que pronunciam semanalmente.

Nas redes sociais, quando começam as sessões de terça-feira, ou seja, aquelas transmitidas ao vivo via rádio para a população, temos o feedback do que as pessoas pensam. É comum publicações como: A palhaçada começou; comédia da vida real...via rádio; quer rir? Ligue o rádio. Diante disso voltamos à questão: A quem nossos parlamentares falam e a quem interessa as sessões? Até que ponto essas sessões são tratadas com o respeito que deveriam? E a culpa é de quem?
Sessões transmitidas ao vivo x sessões interpretadas pela imprensa

O papel da imprensa não é transmitir, mas interpretar. Logo, ouvir apenas o foco das atenções, no caso os vereadores nas terças-feiras, não quer dizer que a imprensa esteja fazendo o seu papel. Pode ser chamado de imprensa os veículos de comunicação que exercem o jornalismo como função primordial. Se assim não fosse, poderíamos chamar de imprensa quaisquer meios entre o público e os interlocutores. O que o rádio hoje faz em Grajaú não é jornalismo e sim publicidade e propaganda das sessões da Câmara. Mais um motivo que torna as sessões de terças-feiras publicidade e não jornalismo é que as transmissões são vendidas.

Explicado e deixado claro a diferença de papéis, outro ponto que chama atenção e curiosidade é a atuação dos vereadores nas sessões de terças-feiras (transmitidas ao vivo) e nas quartas-feiras, que contam apenas com a interpretação da imprensa, de modo especial, através da internet nos sites e blogs.

Nas terças observamos a atuação mais forte e defensiva dos vereadores para as situações e posições que defendem. Neste momento a população pode conhecer quem é o parlamentar, como ele discursa, o que defende e suas ações a favor da coletividade. Na tribuna, de modo geral, eles atacam e defendem, mas, sobretudo, não se esquecem de que em tal localidade está o seu eleitorado que aguarda a sua atuação e a sua voz, quem sabe até um alô para o senhor Bené, via rádio. A tribuna é usada em defesa dos votos da eleição passada em vista da próxima.

Nas quartas, por sua vez, não vemos a mesma atuação, nem troca de farpas. Tudo leva a crer que é por tratar-se de sessão sem transmissão ao vivo. Ora, se não há público não tem porque o nobre parlamentar se esgoelar na tribuna. Não é como o padre que usa o ambão mesmo sem uma igreja lotada. Sem os eleitores ouvindo, resta apenas aprovar projetos apresentados nas terças. É contraditório esse modelo usado pela Câmara e acatado pela população, pois nos dias (terças) em que as indicações de projetos são apresentados e o uso da tribuna é certo, a casa recebe número significativo de cidadãos, mas, nas quartas, em que projetos são aprovados, a casa é vazia e as sessões, sem transmissões ao vivo. Seria o uso da tribuna, as discussões exaltadas e até a troca de palavrões e ofensas, as principais atrações das sessões plenárias da Câmara Municipal Poeta João Viana Guará, em Grajaú? E as posições dos parlamentares, seriam movidas a audiência?



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