Independe Day; O dia Depois de Amanhã. E agora: 2012, para não falar de outros clássicos. Três filmes, o mesmo diretor: Roland Remmerich. O novo longa-metragem parece dar continuidade às violentas cenas de fim dos tempos, iniciadas em 1996 [Indepence Day], com um salto em 2004 [O dia Depois de Amanhã] e agora, em 2009, Remmerich faz “talvez” o desfecho da trágica saga que destrói o planeta terra.

É interessante ressaltar, porém, que para cada filme sobre o mesmo tema, o diretor faz uma abordagem diferente. Para o primeiro longa, o planeta é devastado por extraterrestres, que invadem os Estados Unidos e depois vários países do mundo, como uma forma de render os humanos e tomá-los o seu bem mais precioso: o único planeta capaz de ser habitado. Já em O Dia Depois de Amanhã, o planeta perde todas as suas características como a conhecemos por causa da polêmica mudança climática, que modifica a vida da humanidade.

Seu novo trabalho, 2012, segue a linha das mudanças climáticas e traz para as grandes telas, dois anos antes da catástrofe, cenas fortes sobre o fim da humanidade. A justificativa: os Maias, considerados os povos mais antigos da face da terra, descobriram, por meio de estudos astrológicos, que o planeta teria um fim no dia 27 de dezembro de 2012. É daí que parte toda a ideia do filme, que começa em 2008. Depois dos primeiros 30 minutos, o longa salta para o ano do fim onde começam as cenas fortes de catástrofes, queda de meteoros, pessoas fugindo e a raça humana sendo extinta.

Alguns poucos países do planeta são lembrados nas cenas mais catastróficas de 2012, entre eles, o Brasil, com uma imagem sem definição visual do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, que rende um belo merchandising à Globo News, a emissora geradora das imagens enviadas à CNN Internacional.

O texto de 2012 também reserva bastante espaço para o humor, detalhe do momento em que a família protagonista do filme está fugindo e uma rosca gigante donuts rola na frente do carro, como também o casal de idosos que foge numa velocidade de 60 Km (aproximadamente) na maior tranquilidade enquanto o planeta está indo pelos ares e em sua frente, uma placa de asfalto se solta, transformar-se em parede e os velhinhos encerram sua participação em 2012.

Outro destaque para a sátira em torno de Bill Gates, considerado um dos poucos que tem dinheiro para se salvar comprando uma taxa de embarque na arca gigante que garante a continuidade das espécies humanas e animais. Essas são sem dúvida, as mais importantes mensagens deixadas pelo filme, dono de efeitos especiais muito bem feitos. Não aprovei a abordagem do filme, nem seu desfecho. Se você tiver num fim de semana em casa sem nada para fazer, vale a pena assistir. Mas garanto que você não sentirá nenhuma grande emoção no filme.




O segundo filme da franquia Tropa de Elite, de José Padilha, é uma ficção recheada com muitos dados da realidade. De modo especial, envolvem o longa a corrupção da polícia, tema abordado no primeiro filme e a corrupção dos políticos brasileiros. Logo nos primeiros minutos, Capitão Nascimento (Wagner Moura), deixa claro o que vai se passar em 1h56 de filme: “O inimigo é outro”. De fato, o tráfico não é o maior inimigo da Tropa de Elite do Rio de Janeiro, segundo o filme. O inimigo agora é o próprio sistema dominado por policiais e políticos corruptos.

O longa se passa 15 anos após o primeiro filme. As cenas são do próprio cotidiano das comunidades (favelas) do Rio de Janeiro. Filho crescido, divorciado da mulher, uma vida cercada de inimigos, Nascimento agora é coronel e até o fim do filme ele passa a ser subsecretário de segurança pública do Rio de Janeiro. É aí que ele descobre que ao invés de estar ao lado da sociedade está na verdade dentro do berço da corrupção.

O filme é uma aula para se entender alguns motivos de a segurança pública não favorecer a população brasileira. É uma forma de entender por que muitos assassinatos, sequestros não são explicados. Tropa de Elite 2 denuncia uma polícia que na verdade é o inimigo público número 1 da sociedade. Denuncia também um sistema falido que colabora com interesses de poucos grupos dentro da própria corporação polícia e de grupos políticos.

Tropa de Elite 2 merece ser assistido por todos os cidadãos brasileiros. É uma forma de entender o complexo sistema de segurança do país e conhecer os motivos que fazem o Brasil ser conhecido internacionalmente como o país da impunidade para os ricos. Com uma fotografia perfeita, atuação espetacular de Wagner Moura e André Ramiro (Capitão André Matias), o longa de Padilha, com roteiro de Bráulio Mantovani e Rodrigo Pimentel, mais uma vez supera as expectativas, e por que não dizer que o segundo está melhor do que o primeiro?

Depois de assistir ao filme ficam várias perguntas no ar: Será que a PM realmente deve acabar no Rio de Janeiro, como bem afirmou no longa o Capitão Nascimento? Como já deu para perceber, o filme não é apenas ficção, mas convida para um debate polêmico que está muito longe de ter um fim. Quem protege quem? A população está segura? Quem assegura isso? E nossos políticos, são coniventes? Até que ponto nós, simples mortais, estamos protegidos por um sistema de segurança tal qual está hoje? Quem sabe o Tropa de Elite 3 explique.
Livro revela os verdadeiros corredores da nossa política


Antes de qualquer coisa é preciso dizer que não há nada gratuito no mais novo livro do jornalista Palmério Dória. Estou falando do livro “Honoráveis Bandidos” – título que apresenta ao leitor o cenário político nacional a partir de uma visão cujo foco central vai de encontro ao presidente do Senado, José Sarney. A começar do título, “honoráveis bandidos”, como bem explica Dória, é uma expressão criada por Karl Marx. Segundo o socialista, esses honoráveis são figuras que, de tempos em tempos afrouxam as fibras do chamado tecido social. “Conseguem sentar nas cadeiras mais insuspeitas, dignas das pessoas mais honradas. Emprestam seus nomes a ruas, escolas, edifícios públicos, rodovias e até cidades. São aqueles que de tanto triunfar na ignomínia, Rui Barbosa inculpa de levar gente honesta a ter vergonha de ser honesta”.

Além de Sarney, Honoráveis Bandidos, fala também de Roseana Sarney, Fernando Sarney, Sarney Filho e outras figuras da política atual e do passado, com outros sobrenomes. Um passado próximo e um mais distante, como exemplo, da época em que Fernando Collor foi presidente da república, ou mais longe, quando Getúlio foi o presidente, também estão presentes na publicação, fresquinhos, para relembrar as mentes esquecidas.

Honoráveis Bandidos é um livro que não tem cerimônia de apresentar os verdadeiros corredores da política nacional. Cada página de Dória é reveladora, intensa e na maior parte dos capítulos destaca os pobres da nossa política. Mas o que seriam podres na política deste país? Aqui, alguns itens da lista apresentada por Palmério Dória: corrupção, formação de quadrilha, nepotismo, pagamento de propina, apropriação de bens públicos e tantos outros. Outro fato que chama atenção em Honoráveis é a coragem e a profecia de seu autor. Em tempos em que o jornalismo da grande imprensa é comprado para poder sobreviver, Palmério Dória surpreende por revelar bastidores da política que não cabem em páginas diárias de jornais. Ou pelo tamanho do texto ou pela linha editorial de nossos principais veículos de informação da atualidade.

Quem sabia que Roseana Sarney vai de vez em quando aos Estados Unidos jogar um pouco para esfriar a cabeça? Gastar alguns milhões no poker? Ou que José Sarney tem uma ilha só sua no Maranhão? E que Alexandra, a Grande, [esposa de José Reinaldo, ex-governador do Maranhão] já colocou Roseana para correr do Palácio dos Leões? Esses são alguns dos bastidores de Honoráveis Bandidos.

Para completar, o autor fecha a obra com um epílogo cronológico que começa em 1929 e termina em 2009, com o título “O Brasil e o mundo em 80 anos de José Sarney”. O livro de Palmério Dória vale a pena ser lido, mais ainda se o leitor tem a saudável curiosidade de conhecer um pouco mais da conjunta política brasileira.
A ideia de quem mora fora de Brasília é que os candangos só respiram política, politicagem, corrupção, mentiras. Engraçado, mas basta ir a algum interior do país para logo nos perguntarem se vemos o Lula por aqui – passeando, ou algum senador, deputado federal – como se a capital do país se resumisse a Eixo Monumental e Asas Sul e Norte.

O que poucos sabem, ou querem saber, talvez por ironia, talvez por ignorância, é que Brasília é muito mais do que o Avião de Lúcio Costa. Além das asas gigantes, dos Eixões e da sopa de letrinhas que são as longas avenidas de Brasília, há uma população mais significativa [lê numericamente falando] do que aquela que reside nos arredores do Congresso Nacional. Cidades satélites foram os nomes dados às regiões administrativas do Distrito Federal. Nesse céu de Brasília, há uma população que veio de todo o país: são cariocas, maranhenses, gaúchos, paraenses, acreanos; mas com predominância de três populações, que formam as características mais fortes de Brasília. São eles: mineiros, goianos e nordestinos. Os três traços pintam o povo candango.


Quando se fala de Brasília, portanto, fala-se também de uma mistura de povos, regiões, culturas que conseguiram viver em harmonia. E que, com o passar do tempo, já comemora os 50 anos da terra idealizada por Juscelino Kubitschek.

Nesses 50 anos de história, a criança Brasília tem a comemorar muito. Política, politicagem, corrupção e mentiras existem, sim. Não apenas no âmbito da política, mas também em outros setores da sociedade, como em qualquer cidade do Brasil e do mundo. É preciso que o brasileiro saiba que sua capital vai além do avião, além da política. Brasília é de um povo trabalhador, que representa todas as regiões desse imenso país continental. Esses 50 anos são para comemorar a vitória de uma cidade que nasceu do cerrado, ou melhor do nada. Surgiu, cresceu, e continua a acolher pessoas de todas as regiões. Parabéns, terra boa!