Num radicalismo vindo do interior de si mesmo, Arnaldo Antunes, mais conhecido no mundo musical por sua integração na banda de roque Titãs de 1978 até 1992, desligou-se do grupo para seguir carreira solo. Foi a partir daí que começou a surgir sua discografia que hoje se soma um total de oito trabalhos.

Qualquer foi o último disco, lançado em 2006, sob o árduo desejo do cantor e compositor de dar uma nova dimensão à sua voz. Sem um objetivo programado para dar consistência à sua nova carreira, essa busca partiu do álbum, Saiba, de 2004, quando ele experimentou um pouco de sua voz numa colocação mais tranqüila, diferentemente do que ele experimentara até então. Mas o que realmente floresceria sua decisão de como realizar o próximo trabalho surgiu quando ele musicou o poema Hotel Fraternité de Hans Magnus Enzenberger para o longa metragem Achados e Perdidos de José Joffily como canção-tema.

Todo o trabalho construído em décadas no gênero roque ficaria apenas no passado de Arnaldo Antunes, pois em Qualquer ele expressou o seu desejo que era compor um trabalho que explorasse os tons graves de sua voz, o que seria uma experiência radicalmente nova para ele e para seu público que o admirara até então acompanhado de um ritmo pesado embalado por sua voz berrante e estridente.


Sem bateria nem percussão, Qualquer é uma mistura de leveza e acústico, sem necessariamente usar apenas esses instrumentos para produzir tal som. É sem dúvida seu disco menos ligado ao mundo do rock’n roll, porém identificado pela sonoridade de banda.
As letras de Qualquer expressam a procura do compositor (Qualquer), trazem também repetição de palavras (Hotel Fraternité), diferença em relação ao outro que pode ser quem passa pela rua (Eu não sou da sua rua).

Esse álbum, novidade para os tradicionais fãs de Arnaldo Antunes, é também um convite para aqueles que são cativados pela boa música de som leve com letras inovadoras. O melhor de Qualquer está no novo tom de voz, que foge do experimental e se alicerça num ambiente silencioso.